Fevereiro 05, 2025
Arimatea

Arimatea

O Brasil deve registrar quase 60 mil novos casos de câncer de mama em 2019, e a prevenção a consequências mais graves dessa doença com o diagnóstico precoce esbarra em desigualdades regionais e de escolaridade. Ao participar, hoje (7), do lançamento da campanha Outubro Rosa, do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a chefe da Divisão de Pesquisa Populacional do instituto, Liz Almeida, pediu atenção a essa disparidade e apresentou dados.

A última Pesquisa Nacional de Saúde sobre o tema, de 2013, mostra que, entre as brasileiras de 50 a 69 anos, passa de 80% o percentual das que fizeram mamografia nos últimos dois anos, se forem levadas em conta apenas as que têm nível superior. Entre as mulheres sem instrução ou com nível fundamental incompleto, esse percentual cai para cerca de 50%, e chega a menos de 30% na Região Norte.

"Em cada região precisamos dar uma atenção diferenciada a questões como grau de informação, qual é a possibilidade de acessar os exames preventivos e o tratamento. Temos que olhar de forma desigual para uma situação de desigualdade e tratar essa situação de forma desigual", explicou a pesquisadora.

Mesmo entre as capitais há grande desigualdade na busca pela mamografia. Dados de 2018 da pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, mostram que em Boa Vista, Rio Branco, Fortaleza e Macapá, menos de 70% das mulheres de 50 a 69 anos fizeram mamografia nos últimos dois anos. Já em Salvador, esse percentual chega a 86%, e também superam os 80% Curitiba, Porto Velho, Palmas, São Paulo Porto Alegre e Vitória.

"O mais importante é prestar atenção e estudar em cada região quais são os pontos mais críticos, e trazer essa população para também discutir soluções muito particulares", disse a pesquisadora. "Não é tirar uma ideia mirabolante da carteira. É ver com a população quais são as mais prováveis soluções", acrescentou.

Diagnóstico
Quando diagnosticado em seu estágio inicial, o câncer de mama pode ter mais de 90% de chances de cura, além de permitir tratamentos menos agressivos e maior possibilidade de preservação da mama. No ano 2000, 17,3% dos casos eram diagnosticados nos estágios iniciais, e, em 2015, o percentual subiu para 27,6%.

Apesar dos avanços, permanece um cenário desigual. Enquanto no Sul e no Sudeste diagnosticam cerca de 30% dos casos em estágio inicial, no Nordeste somente 12,7% dos casos eram descobertos precocemente. A campanha lançada hoje pelo Inca destaca que toda mulher precisa estar atenta à prevenção do câncer. A ação será veiculada em diversas mídias para reforçar a necessidade do diagnóstico precoce, e todo o material pode ser consultado no site do instituto.

Diagnosticada com câncer de mama em 2015, Valquíria dos Reis, 51 anos, participou do lançamento e destacou a importância de tentar manter a autoestima e buscar apoio em outras mulheres que enfrentam o câncer. Depois da remissão da doença, ela disse que mudou de profissão de secretária para DJ, adotou um estilo de vida mais saudável e manteve a participação nos grupos de apoio e redes de solidariedade.

"A alimentação foi a primeira coisa que eu tive que mudar. Tive que passar a descascar mais e desembalar menos", disse, sobre o consumo de produtos industrializados. A DJ aconselhou: "Confie nos médicos. Esqueça pesquisas na internet".

Prevenção
O Ministério da Saúde recomenda que mulheres com 50 a 69 anos realizem a mamografia de rotina, uma vez a cada dois anos. Dois terços dos casos são diagnosticados em mulheres com mais de 50 anos, e um terço em mulheres mais jovens, que também devem ficar atentas a qualquer alteração em seus corpos. É mais difícil detectar o câncer de mama em mulheres abaixo dos 40 anos por meio de mamografia, já que a densidade dos seios dificulta a precisão do exame. Diante disso, a recomendação é se familiarizar com a aparência dos seios e relatar quaisquer alterações ao médico.

Segundo o Inca, os principais sinais e sintomas da doença são caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo); saída espontânea de líquido de um dos mamilos; e pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas).

Homens
O câncer de mama em homens representa 1% dos casos, mas eles costumam ser mais agressivos. Segundo o Inca, em 2017, a doença matou 16,7 mil mulheres e 203 homens no Brasil. Em 2019, a estimativa do instituto é que 600 novos casos de câncer de mama sejam diagnosticados em homens.

Uma série de fatores ligados ao estilo de vida urbano e contemporâneo contribui para que a incidência da doença esteja em alta no mundo. Se exercitar de três a quatro horas por semana, evitar a obesidade e moderar o consumo de álcool estão entre os comportamentos que podem reduzir o risco.

O sedentarismo e a obesidade, somados ao maior envelhecimento populacional do país, estão entre as razões para o Rio de Janeiro ser o estado com a maior incidência e também a maior mortalidade por câncer de mama no Brasil. Segundo Liz, esses problemas de saúde são mais frequentes na população fluminense.

"O Rio de Janeiro é o campeão de inatividade física, de obesidade nas mulheres e de, nos momentos livres, ficar no computador, tablet, celular. Então, não estamos fazendo o dever de casa".

Por ano, mais de 2 milhões de casos são descobertos no mundo, e 627 mil mulheres morrem vítimas da doença. Se os países forem divididos em cinco grupos, de acordo com a incidência de câncer de mama, o Brasil está no segundo grupo mais afetado pela doença, que é mais incidente nos países desenvolvidos. Já em relação à mortalidade, o Brasil está no segundo melhor grupo, com 13 casos de óbito para cada 100 mil mulheres, índice que é melhor que o de países desenvolvidos como a França e o Reino Unido. "Nosso sistema de saúde, apesar de todos os problemas, está salvando muitas vidas", disse a pesquisadora do Inca.

Agência Brasil
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A Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo começa hoje (7) em todos os postos de saúde do país. Dois grupos de pessoas estão no alvo da nova campanha. O primeiro grupo é formado por crianças de seis meses até menores de 5 anos, cuja a vacinação vai desta segunda-feira até 25 de outubro, com o Dia D no dia 19.

O segundo grupo, com faixa etária de 20 a 29 anos e que não estão com a caderneta de imunização em dia, a vacinação está prevista para iniciar no dia 18 de novembro. A meta do Ministério da Saúde é vacinar 2,6 milhões de crianças na faixa prioritária e 13,6 milhões adultos. Para isso, a pasta garantiu a maior compra de vacinas contra o sarampo dos últimos 10 anos. Ao todo, 60,2 milhões de doses da tríplice viral foram adquiridas para garantir o combate à doença nos municípios.

“Vacina é um direito da criança. Ela não consegue ir sozinha a uma unidade de saúde para se vacinar. Pais, responsáveis, avós chequem a carteira de vacinação como ato de respeito e de amor”, disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. “Se estiver incompleta, leve a criança para tomar a segunda dose. Se a criança não tiver tomado nenhuma, ela deve tomar a primeira dose e, na sequência, a segunda”, explicou o ministro.

Para incentivar a vacinação de crianças, o ministério disponibilizará R$ 206 milhões destinados aos municípios que cumprirem duas metas estabelecidas pelo ministério. “Para receber esse recurso adicional, os gestores terão que informar mensalmente o estoque das vacinas poliomielite, tríplice viral e pentavalente e atingir 95% de cobertura vacinal contra o sarampo em crianças de 1 a 5 anos de idade com a primeira dose da vacina tríplice viral”.

Desde o início do ano, a pasta distribuiu 25,5 milhões de doses da vacina tríplice viral para garantir a todos os estados a vacinação de rotina, as ações de interrupção da transmissão do vírus e a dose extra chamada de dose zero a todas as crianças de seis meses a 11 meses e 29 dias.

Vacinar contra o sarampo é importante para evitar complicações como cegueira e infecções generalizadas que podem levar a óbito. Por isso, o governo federal em parceria com os estados e municípios estão unindo esforços para vacinar 39,9 milhões de brasileiros, 20% da população, que hoje estão suscetíveis ao vírus do sarampo, de acordo com o Ministério da Saúde. Apesar da faixa etária de 20 a 29 anos concentrar a maior parte desses brasileiros (35%), são os menores de 5 anos o grupo mais suscetível para complicações do sarampo.

Dados
No levantemtno divulgado até o dia 28 de agosto, o Brasil registrou 5.404 casos confirmados de sarampo e seis mortes, sendo quatro delas de pacientes menores de 1 ano. Dos casos confirmados nesse período, 97% (5.228) estão concentrados em 173 municípios do estado de São Paulo, principalmente na região metropolitana. Os outros 176 casos foram registrados em 18 estados: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Paraná, Piauí, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Pará Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Goiás, Bahia, Sergipe e Distrito Federal.

Agência Brasil
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O ministro da Educação, Abraham Weintraub, voltou a criticar as universidades federais e defendeu o ensino técnico em evento nesta segunda-feira (7) em São Paulo.

“A escola pode ensinar um ofício. Aí vem o preconceito desses 'intelectualóides' que acham que escola técnica não é boa porque ensina ofício. Tem que ser doutor. Está cheio de doutor sem emprego, mas é difícil ter um bom encanador passando fome ou na fila do Bolsa Família. É difícil um eletricista, um técnico bom, que não consegue se virar”, disse Weintraub.

milhões de desempregados no trimestre encerrado em agosto, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com Weintraub, o governo federal vai lançar nesta terça-feira (8) um novo programa nacional para incentivar o ensino técnico no Brasil. “Nossa meta até o final do governo é aumentar em 80% o número de alunos no ensino técnico”.

O ministro deu as declarações durante a entrega de 180 ônibus escolares a 144 municípios do estado de São Paulo no programa do Ministério da Educação (MEC) chamado “Caminhos da Escola”. O investimento de R$ 40,7 milhões foi liberado por meio de emendas parlamentares de deputados federais.

Weintraub voltou a afirmar que a prioridade do governo Jair Bolsonaro (PSL) é a educação infantil e criticou as universidades federais, que já passaram por dois grandes contingenciamentos de verbas desde abril, que somam R$ 6,1 bilhão.

“Tenho sofrido críticas porque falo que a Educação tem que ser prioritária para creches e pré-escola e não para universidade federal. Mas cada universidade federal dessas grandes custa mais de R$ 3 bilhões por ano. Com uma delas a gente põe todas as crianças na creche na pré-escola”, diz.

Na semana passada, o MEC anunciou a liberação de R$ 1,99 bilhão da pasta que será destinado, principalmente, para universidades e institutos federais. Ao todo, R$ 3,8 bilhões ainda seguem bloqueados.

De acordo com levantamento feito pelo G1, apenas uma universidade no Brasil teve orçamento de aproximadamente R$ 3 bilhões em 2019, que é a Universidade Federal do Rio de Janeiro. A universidade com o 10º maior orçamento tinha previsão de receber R$ 1,5 bilhão.

O ministro disse ainda que assumiu o MEC após “décadas de destruição, bagunça e balbúrdia” e que sua gestão está redefinindo gastos do “recurso escasso”.

“É uma turma [das universidades federais] que recebia bilhões como se não houvesse amanhã e pede mais R$ 50 milhões, R$ 60 milhões, enquanto está faltando ônibus para crianças”.

Weintraub afirmou que manterá, no entanto, o orçamento das universidades federais para o ano que vem, mas não detalhou se haverá mais contingenciamento de verbas.

“A gente não quer aumentar [o recurso]. A gente quer manter. Inclusive está no orçamento que foi enviado para o Congresso que a gente mantém o orçamento delas”.

Para obter mais recursos, segundo o ministro, as universidades devem recorrer ao Future-se, programa do MEC que pretende aumentar a participação privada no orçamento das federais. A proposta ainda está sob consulta pública, mas já levantou críticas de que pode ferir a autonomia de gestão.

“No Future-se, quem quiser mais recurso pode buscar na iniciativa privada. A consulta pública é feita justamente para escutar a sociedade, fechar uma nova proposta e encaminhar para o Congresso. O Congresso soberano vai decidir o que fazer”, diz.

G1
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"É muita coisa, professora, é muito conteúdo." "Você está indo rápido demais, não estamos acompanhando o ritmo."

Essas são algumas das frases que a professora Patricia Rosas, da rede pública de Campina Grande (PB), já escutou de alunos recém-entrados no 6º ano, o primeiro da etapa final do ensino fundamental brasileiro.

"Para os alunos, a entrada no 6º ano é uma ruptura da rotina escolar", explica Rosas.

A transição do 5º para o 6º ano, quando as crianças costumam ter a partir de 11 anos, é considerada uma fase delicada: é a partir daí que conquistas recentes da educação pública brasileira começam a se perder, e índices educacionais do país sofrem uma piora considerável.

Por trás disso estão, segundo professores e especialistas consultados pela BBC News Brasil, grandes mudanças na rotina escolar das crianças, além de um acúmulo de problemas — e poucas políticas públicas para resolvê-los.

A primeira grande mudança é que as crianças deixam de ter um único professor ensinando todas as disciplinas — professor este que costuma ser o ponto de referência e o principal vínculo dos estudantes do 1º ao 5º ano.

No 6º ano, cada disciplina passa a ter seu próprio docente, com tarefas e exigências próprias e uma demanda maior para que o aluno saiba gerenciar o próprio tempo.

"Começa uma rotatividade de atividades e professores que assusta os alunos", prossegue Rosas, lembrando ainda que muitos estudantes precisam trocar de escola para cursar o fundamental 2. No caso de alunos da zona rural, isso significa longos deslocamentos diários para a nova escola na zona urbana.

"É uma mudança muito drástica e um choque de cultura para eles. Além disso, são pré-adolescentes vivendo suas próprias mudanças hormonais. (...) Muitos acabam ficando com a sensação de que o 6º ano significa começar tudo do zero."

Índices ruins
Todas as etapas da educação brasileira ainda enfrentam sérios desafios, mas o aprendizado nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º) tem evoluído com mais rapidez do que nos anos finais (6º ao 9º).

Segundo o exame oficial Prova Brasil, 42% dos alunos brasileiros concluíram o 5º ano com aprendizado adequado em matemática em 2017 (dados mais recentes), contra 32% em 2013.

Já nos anos finais, os ganhos são bem inferiores: só 14% dos alunos concluem o 9º ano com o aprendizado adequado na disciplina, uma evolução de apenas quatro pontos percentuais em relação a 2013.

A situação é um pouco melhor em leitura, mas longe do ideal: atualmente, 56% das crianças brasileiras terminam o 5º ano com aprendizado adequado em língua portuguesa. Mas, ao final do 9º ano, esse índice cai para 34%.

É nos anos finais que pioram, também, indicadores de repetência, evasão e distorção idade-série (alunos cursando séries inferiores do esperado para sua idade). Cerca de um quarto dos alunos tinha atraso escolar de dois anos ou mais no fundamental 2, segundo o Censo Escolar feito de 2018 do Inep, órgão ligado ao Ministério da Educação.

"Por causa disso, temos alunos de 18 e 19 anos ainda cursando o fundamental 2, na mesma sala de alunos de 14 anos", conta Rosas.

Esse cenário reflete um acúmulo de problemas que vêm desde a fase da alfabetização, explica à BBC News Brasil Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais (CEIPE) da Fundação Getulio Vargas (FGV).

"55% dos alunos das escolas públicas saem analfabetos da terceira série", que é quando deveria ser concluído o ciclo de alfabetização, diz Costin.

"No quarto e quinto anos, isso ainda é compensado porque temos professores [com papel de] alfabetizadores. Mas isso se perde no sexto ano."

Além disso, Costin acha que o 6º ano ainda é cedo para os alunos já conviverem com tantos professores diferentes. "São crianças muito jovens, de 11 anos, para tantos professores especialistas. Nos países europeus, isso costuma acontecer mais tarde, quando as crianças têm a partir de 13 anos."

Costin afirma ainda que, enquanto o Brasil focou seus esforços educacionais na alfabetização e na melhoria do ensino médio, os anos finais do fundamental acabaram "esquecidos" pelas políticas públicas.

"Temos feito muito pouco, particularmente em formação de professores para essa etapa", diz Costin.

'Isso vale nota?'
Ao mesmo tempo, diversos professores e pesquisadores pelo país têm se debruçado sobre as dificuldades do ensino fundamental e buscado formas de resolvê-las dentro de suas redes.

Cansada de ouvir dos alunos a pergunta de "isso vale nota?" para cada texto que ela pedia que fosse escrito, a professora Patricia Rosas, da rede estadual da Paraíba, achou que era hora de incentivar suas turmas de fundamental 2 a "escreverem coisas para alguém ler, alguém além de mim".

E, de quebra, ela pensava em formas de evitar aquela "ruptura" que tanto observava no 6º ano.

"Queria um projeto que fosse para o letramento dos alunos, e não para dar nota. Queria dar significado ao texto deles, para que fossem lidos por um leitor real", conta.

Ela também ansiava por dar continuidade ao trabalho de interpretação de texto que havia ficado mais concentrado na etapa do fundamental 1.

"Notava muita dificuldade das crianças em entender o que elas liam — localizar informações no texto e compreender pontos de vista. E precisávamos sedimentar essas habilidades."

Rosas criou o Desengaveta o Meu Texto, um projeto de incentivo à escrita e à compreensão de textos que hoje é aplicado por ela em cinco escolas públicas da periferia de Campina Grande, com planos para se estender para mais cinco.

Os alunos do 6º ao 9º ano passaram a frequentar encontros semanais de leitura e debate sobre livros. Depois, participam de oficinas sobre variados estilos de texto — crônicas, poemas, contos, artigos de opinião e até cartas de reclamação.

Na etapa final, os estudantes são convidados a escrever um texto próprio para ser publicado na revista anual da escola, lançada com uma grande festa e depois distribuída para pais e alunos.

Na semana em que conversou com a BBC News Brasil, Rosas estava dando oficinas sobre biografias e textos de memória.

"Os alunos deixaram de escrever para ganhar nota e passaram a escrever para publicar. Isso mudou completamente [a forma como escrevem], desde o cuidado com o texto até o interesse por ele", conta Rosas.

"As 500 cópias impressas que fizemos da revista passaram a ser insuficientes, e criamos um projeto digital. No ano passado, tivemos nossa terceira edição do projeto — e o lançamento que antes era feito no pátio da escola ficou tão grande que passou para o ginásio." A quarta edição da revista vai ser lançada em dezembro.

De quebra, diz Rosas, o projeto transformou bibliotecas antes esquecidas em espaços vivos dentro da escola. "Algumas bibliotecas eram um mero depósito de livros, não frequentado pelos alunos. Uma das bibliotecas tinha apenas 3 livros, e conseguimos reformular todo o espaço e pedir centenas de livros emprestados."

A iniciativa de Rosas foi escolhida, junto com outras 13, para um plano de fomento do Itaú Social e da Fundação Carlos Chagas, que estão financiando pesquisas sobre estratégias que visem a melhorar a educação pública nos anos finais do ensino fundamental.

A expectativa, diz Claudia Sintoni, coordenadora de Mobilização do Itaú Social, é que as pesquisas desenvolvidas em cada um dos 14 projetos gerem ideias que possam ser replicadas em escolas públicas do país inteiro nessa etapa de ensino, produzindo um impacto de maior escala na qualidade.

Outro objetivo é aproximar a universidade da realidade escolar, com melhorias na formação de docentes. Por isso, os projetos são desenvolvidos sob a coordenação de professores pesquisadores, com mestrado ou doutorado.

Desenvolver autonomia
No Paraná, a professora Cleoci Seledes fez um diagnóstico parecido ao de Patricia Rosas na Paraíba sobre a transição de alunos entre os anos iniciais e finais do fundamental.

"No início do ano letivo [do 6º ano], eles vivem muita angústia, insegurança e expectativas pela mudança", conta a professora da rede estadual.

"Eles eram os alunos mais velhos [quando estavam no quinto ano] e passam a ser os mais novos [em comparação com alunos do 9º ano]. Mas com todas essas angústias vêm também o encantamento e a vontade de querer participar desse novo contexto da escola."

Nos últimos anos, Seledes passou a se dedicar a estudar — e a minimizar — essa transição na pequena cidade de Cruz Machado (PR), com cerca de 20 mil habitantes.

"Começamos nossas ações ainda no 5º ano, quando vamos às escolas de fundamental 1 para nos apresentarmos [como futuros professores das crianças], criarmos vínculos com os alunos e tirarmos as dúvidas deles sobre a mudança de escola", conta.

"Existe também uma conversa entre as equipes pedagógicas das duas escolas, para garantir a continuidade dos processos e para o aluno não sentir rupturas." Esses alunos também são convidados a conhecer antes sua futura nova escola, em semanas culturais que servem também para a integração.

E, no primeiro dia de aula, pais e alunos novos são recebidos em festa. "É uma oportunidade de ouvi-los, conhecer suas expectativas e passar segurança às famílias", conclui Seledes. O objetivo final, diz ela, é dar segurança para os alunos desenvolverem mais autonomia.

Projetos de escrita
E não é só no Brasil que isso é um desafio. Nos EUA, a ida à chamada "middle school", equivalente ao fundamental 2, também é considerada traumática.

"A transição física entre a 'elementary' e a 'middle school' [respectivamente, fundamental 1 e 2] pode exacerbar o estresse e a adversidade vivida durante esse período crítico da vida" do pré-adolescente, aponta um estudo publicado recentemente por pesquisadores das universidades de Wisconsin-Madison, Stanford e da Califórnia-Irvine.

"Estudantes do fundamental 2 muitas vezes têm dificuldade em encontrar apoio social e emocional, e muitos acabam perdendo o senso de pertencimento na escola, desviando de uma trajetória acadêmica e profissional [que poderia ser] promissora."

O estudo propôs uma intervenção simples para facilitar essa transição: alunos do 6º ano são convidados a escrever pequenas redações, respondendo a perguntas como "você acha que estudantes do 6º ano no ano passado se preocupavam muito com as provas? Agora que estão no 7º ano, acha que eles continuam se preocupando tanto? Você acha que no ano passado eles se preocupavam em se integrar na escola?"

Os mesmos alunos também liam pequenos depoimentos de alunos agora no 7º ano, contando sobre as dificuldades de adaptação que sentiram quando ainda estavam na série anterior e como as superaram.

Essa reflexão, embora simples, "ensinou os alunos que a adversidade na 'middle school' é comum, de curta duração e causada por fatores externos e temporários, e não por uma inadequação pessoal", diz o estudo. "Como resultado, os alunos melhoraram seu bem-estar social e psicológico, faltaram menos à escola e tiveram menos problemas disciplinares."

Casos de indisciplina na 6ª série caíram 34% após o exercício, diz o estudo.

Geoffrey D. Borman, um dos autores do estudo, opina que a estratégia pode servir para amenizar as angústias de alunos de qualquer lugar, inclusive no Brasil. Seu projeto, que inicialmente começou no Estado americano do Wisconsin, agora está sendo testado no Arizona, na Califórnia, no Texas e em Maine.

A conclusão de Borman e seus colegas é de que "mudar as perspectivas dos estudantes e melhorar seu engajamento com a escola contribui para sua performance acadêmica".

De volta ao Brasil, Claudia Costin, do CEIPE-FGV, afirma que o país precisa dar atenção ao fundamental 2 para evitar que mais defasagens de ensino continuem sendo passadas de uma fase para outra, se estendendo até o ensino médio.

"86% dos alunos que vão ao ensino médio têm problemas com o aprendizado de matemática, por exemplo. É um acúmulo de um monte de deficiências das etapas anteriores", diz ela.

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BBC
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, precisa entregar oito anos de declarações de Imposto de Renda a procuradores de Manhattan, determinou um juiz federal depois que Trump afirmou estar imune a processos.

O juiz distrital Victor Marrero classificou, em uma decisão de 75 páginas, a reivindicação de imunidade de Trump como "repugnante para a estrutura governamental e os valores constitucionais da nação".

"A corte não pode enquadrar uma visão de imunidade presidencial que colocaria o presidente acima da lei", acrescentou Marrero.

Rapidamente Trump entrou com uma apelação de emergência num tribunal federal de apelações de Manhattan, que bloqueou temporariamente o procurador de Manhattan Cyrus Vance de forçar a intimação, citando "questões únicas" no caso.

A decisão de Marrero teria forçado o escritório de contabilidade de longa data de Trump, Mazars USA, a começar a disponibilizar documentos na tarde de segunda-feira (7).

A decisão agrava a batalha do presidente para manter suas finanças em segredo, apesar de haver prometido que apresentaria suas declarações de Imposto de Renda durante a corrida de 2016 rumo à Casa Branca.

Vance, um democrata, havia solicitado declarações de IR pessoais e corporativas de 2011 a 2018 e outros registros do Mazars USA, escritório de contabilidade de longa data de Trump, como parte de um inquérito criminal sobre o presidente e seus negócios familiares.

Os advogados de Trump haviam argumentado que o presidente é imune a tal inquérito enquanto está no cargo e que a Constituição exige que Vance espere até Trump deixar a Casa Branca.

"A esquerda radical democrata falhou em todas as frentes, então agora eles estão pressionando os promotores locais da cidade de Nova York e estaduais democratas a buscar o presidente Trump", tuitou o republicano Trump após a decisão de Marrero. "Uma coisa dessas nunca aconteceu com nenhum presidente antes."

Jay Sekulow, advogado de Trump, disse estar satisfeito pelo fato de a intimação não ser aplicada imediatamente. Danny Frost, porta-voz de Vance, não quis comentar.

Em sua decisão, Marrero preferiu não pleitear jurisdição sobre a disputa, dizendo que Trump deveria ter levado seu caso a uma corte do Estado de Nova York.

Mas o juiz criticou a noção de imunidade usada pela defesa de Trump.

"A noção ampla de imunidade constitucional invocada aqui para blindar o presidente de um processo judicial constituiria um abuso do Poder Executivo", escreveu Marrero.

Tal "doutrina abrangente não encontra apoio no texto da Constituição ou na história", e na prática colocaria o presidente, sua família e seus negócios "acima da lei".

Vance emitiu a intimação quatro semanas depois de emitir outra intimação à Organização Trump pedindo registros de pagamentos de compra de silêncio, inclusive de duas mulheres que disseram ter tido relações sexuais com Trump, o que este nega, antes da eleição de 2016.

O escritório Mazars não respondeu aos pedidos de comentários, mas afirmou que cumprirá suas obrigações legais. O Departamento de Justiça dos EUA, que se opôs à tentativa de Vance, se recusou a comentar.

Reuters
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta segunda-feira (7) "destruir" a economia da Turquia se o país fizer algo "fora dos limites" em suas operações na Síria.

"Como já afirmei antes, e apenas para reiterar, se a Turquia fizer algo que eu, em minha grande e inigualável sabedoria, considere estar fora dos limites, destruirei e obliterarei totalmente a Economia da Turquia (já fiz isso antes!), disse o americano em seu perfil no Twitter.

"Eles devem, com a Europa e outros, vigiar os combatentes e famílias do Estado Islâmico capturados. Os EUA fizeram muito mais do que se poderia esperar, incluindo a captura de 100% do califado Estado Islâmico. Agora é hora de outros na região, alguns de grande riqueza, protegerem seu próprio território. Os EUA são grandes!", escreveu Trump, na continuação de sua mensagem.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou mais cedo nesta segunda que o exército de seu país está pronto para iniciar a qualquer momento operações contra milícias curdas no nordeste da Síria. Os Estados Unidos, ao mesmo tempo, começaram a retirar suas tropas perto da fronteira turca, abrindo caminho para uma ofensiva militar e reavivando o temor sobre o retorno do Estado Islâmico à região.

"Há uma frase que sempre usamos: podemos chegar a qualquer noite, sem aviso", disse Erdogan.
Atualmente no controle da região, as Forças Democráticas Sírias (FDS), constituídas por uma aliança de combatentes curdos e árabes, disseram buscar a estabilidade, mas prometeram responder a qualquer ataque.

As FDS, que receberam apoio da coalizão internacional liderada por Washington, lutaram durante anos contra o Estado Islâmico e conquistaram em março seu último reduto na Síria, em Baguz.

A situação reflete uma mudança de estratégia por parte dos Estados Unidos, que abandona os curdos, que foram os principais aliado de Washington na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico.

A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que se prepara para o pior na região norte da Síria.

"Não sabemos o que vai acontecer (...) nos preparamos para o pior", declarou o coordenador humanitário da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Síria, Panos Moumtzis, em uma entrevista coletiva em Genebra.

'Limpar de terroristas'
A Turquia está decidida a "limpar" o norte da Síria de "terroristas" que ameaçam sua segurança, declarou o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu.

A Turquia classifica como "terroristas" as milícias curdas da Síria, por seus vínculos com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), uma organização curda que protagoniza uma guerrilha violenta no território turco desde 1984.

Aliados na Otan, Ancara e Washington concordaram em agosto com a criação de uma zona no norte da Síria, ao longo da fronteira turca, na qual a milícia curda YPG seria considerada uma organização terrorista ligada a insurgentes curdos internos. No entanto, a Turquia acusou os EUA de se mobilizarem muito devagar para criar essa zona.

Retirada americana
Na noite de domingo, o governo americano anunciou que a retirada permitirá à Turquia realizar "em breve" uma incursão militar "prevista há algum tempo no norte da Síria". A Casa Branca também informou que suas forças não apoiarão nem se envolverão nesta operação.

"As forças dos Estados Unidos, depois de derrotar o 'califado' territorial dos Estado Islâmico, não estarão mais na área imediata", afirma um comunicado divulgado pela Casa Branca.

Na manhã desta segunda, as Forças Democráticas Sírias (FDS), aliança de combatentes curdos e árabes, anunciaram em um comunicado que as "forças americanas se retiravam das zonas de fronteira com a Turquia", ao mesmo tempo que a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) confirmou uma retirada das tropas dos Estados Unidos de posições importantes em Ras al Ain e Tal Abyad.

“É hora de sairmos dessas ridículas guerras sem fim, muitas delas tribais, e levar nossos soldados para casa. LUTAREMOS ONDE FOR PARA NOSSO BENEFÍCIO, E SOMENTE Lutaremos para vencer”, declarou o presidente Donald Trump nesta segunda em uma rede social.

A medida recebeu críticas mesmo de aliados de Trump. O senador Lindsey Graham, um dos congressistas mais próximos do presidente, chamou a decisão de retirar os militares de "impulsiva". "Abandonar os curdos será uma mancha na honra dos EUA", escreveu no Twitter.

"Estamos mandando o sinal mais perigoso possível – os EUA são um aliado não confiável, e é só uma questão de tempo para que China, Rússia, Irã e Coreia do Norte ajam de maneira perigosa."

Medo da volta do Estado Islâmico
Com a retirada das tropas da fronteira e o apoio à incursão turca, os Estados Unidos abandonam os curdos, que foram os principais aliados de Washington na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico durante a guerra da Síria.

As Forças Democráticas Sírias advertiram que uma operação turca provocaria o ressurgimento do grupo jihadista e acabaria com "anos de exitosos combates" contra os terroristas, uma declaração rejeitada por Ancara.

Alguns líderes do EI poderiam retornar, segundo as FDS, um cenário que também ameaçaria as prisões e os acampamentos que os curdos dirigem e que abrigam vários jihadistas e suas famílias.

G1
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Chuvas intensas caíram nos últimos dias na região amazônica da Bolívia e ajudaram a apagar os incêndios florestais que arderam durante ao menos dois meses e queimaram mais de 4 milhões de hectares, informaram as autoridades nesta segunda-feira (7).

A melhoria das condições climáticas se somou aos esforços de contenção dos militares do país para extinguir os últimos incêndios em Chiquitania, que abriga grandes extensões de bosques secos e povos indígenas que vivem ali há centenas de anos.
"Nosso satélite não registra focos de queimada nem incêndios reativados", disse Cinthia Asin, secretária de Meio Ambiente do governo de Santa Cruz, região do leste boliviano onde, na sexta-feira (4), milhares de pessoas protestaram contra o que consideram uma reação lenta do governo frente aos incêndios.

O Serviço Nacional de Meteorologia e Hidrologia confirmou à Reuters que não se registrou nenhum foco de calor em Chiquitani, mas advertiu que nos próximos dias se esperam céus pouco nublados e temperaturas altas e que por isso existe risco de incêndios nas terras baixas do país.

O comandante das Forças Armadas, Williams Kaliman, disse que não há nenhuma ordem do presidente Evo Morales para retirar os cerca de 5 mil militares que se encontram nas zonas afetadas pelo fogo.

Maiores incêndios em 20 anos
Os incêndios florestais da Bolívia são os maiores em ao menos duas décadas e provocaram críticas duras contra o governo e seu ímpeto para aumentar a produção de soja e carne para aproveitar a demanda da China.

O governo informou que até o momento desembolsou mais de US$ 20 milhões (cerca de R$ 80 milhões, na cotação atual) para combater o fogo com as maiores aeronaves do mundo, como o Boeing 747 Supertanker, o Ilyushin Il-76 e o Chinook, além de gastos com combustível e equipamento para soldados e bombeiros, entre outros.

Reuters
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O Papa Francisco afirmou nesta segunda-feira (7) que a sociedade moderna não deve tentar impor suas regras aos povos indígenas, mas sim respeitar sua cultura e permitir que eles planejem seu próprio futuro. A declaração foi dada durante a primeira sessão de trabalho dos bispos que participam do Sínodo sobre a Amazônia.

O pontífice advertiu que “as ideologias são uma arma perigosa”, e defendeu que "a colonização ideológica é muito comum hoje". O líder católico pediu que se controlem os impulsos "de domesticar os povos originais".

Francisco, que no passado pediu perdão em nome da Igreja pelos erros dos missionários europeus que acompanharam os primeiros colonizadores, disse que por muito tempo muitos na Igreja tiveram uma atitude "depreciativa" em relação aos povos nativos e suas culturas.

Segundo o papa, os povos indígenas querem ser protagonistas de sua própria história. "Nos aproximamos dos povos amazônicos na ponta do pé, respeitando sua história, suas culturas", afirmou.

Segundo Francisco, eles "possuem uma sabedoria própria, consciência de si". "Os povos têm um sentir, uma maneira de ver a realidade, uma história", completou.

O líder da Igreja Católica disse também que é preciso se afastar de "colonizações ideológicas", pois as ideologias são redutivas.

Francisco afirmou, ainda, que a missão do Sínodo sobre a Amazônia é servir os povos indígenas. "E fazemos isso recorrendo a um caminho sinodal, não em mesas redondas, conferências ou discussões, porque um sínodo não é um parlamento". Ele explicou que, em vez disso, o Sínodo é "caminhar juntos sob a inspiração e guia do Espírito Santo".

Demarcação de terras
No domingo (6), durante a missa de abertura deste encontro, Papa Francisco denunciou a "ganância dos novos colonialismos".

"O fogo ateado por interesses que destroem, como o que devastou recentemente a Amazônia, não é do Evangelho. O fogo de Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os lucros."

Francisco pediu para que os participantes do Sínodo falem com liberdade mas também ouçam os outros com humildade durante as três semanas do evento. Ele quer uma "atmosfera fraternal" e um clima de "intimidade" durante o Sínodo.

O brasileiro de maior destaque no Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia é o cardeal Dom Cláudio Hummes, relator-geral, responsável pela redação dos documentos. Ele afirmou na quinta-feira (3) que a demarcação de terras indígenas é algo fundamental para a conservação da floresta amazônica.

“Nós sabemos que, para os indígenas, isso é fundamental. Também as reservas geograficamente delimitadas são importantíssimas para a preservação da Amazônia", defendeu Hummes.

Sínodo da Amazônia
O encontro de bispos da Igreja Católica, que neste ano vai discutir a floresta, começou neste domingo e vai até 27 de outubro, no Vaticano. No encontro serão discutidos temas ambientais, sociais e próprios da Igreja Católica, presente nos nove países que compreendem territórios da região amazônica: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Guiana, Guiana Francesa, Venezuela e Suriname.

Participam bispos, padres e freiras dessa região, além de estudiosos, pessoas ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU) e membros dos escritórios do Vaticano (a Cúria Romana). Como a maior parte da floresta está no Brasil, o sínodo terá muitos participantes brasileiros, como o cardeal Dom Cláudio Hummes.

O que é o Sínodo?
A palavra "sínodo" vem do grego “sýnodos” e quer dizer “reunião”. Na Igreja Católica, o sínodo pode ser qualquer reunião entre os praticantes desta religião.

Em 1965, Paulo VI criou o Sínodo dos Bispos. A ideia é reunir Papa e Bispos para discutir temas importantes que podem ser ou não religiosos. Antes da Amazônia, os temas escolhidos haviam sido jovens e família, por exemplo.

Por que o sínodo vai falar da Amazônia?
O sínodo deste ano foi convocado em outubro de 2017 pelo Papa Francisco. A ideia, segundo o Vaticano, é debater as dificuldades de a Igreja atender os povos da região, especialmente os indígenas.

De acordo com a Igreja Católica, faltam padres, as distâncias entre as comunidades são longas e a carência de serviços públicos acaba fazendo com que a Igreja assuma papéis de assistência social.

O que será discutido no Sínodo da Amazônia?
O documento que orienta a reunião tem duras críticas ao atual modelo de desenvolvimento da Amazônia. Entre os pontos a serem debatidos estão:

  • a complexa situação das comunidades indígenas e ribeirinhas, em especial os povos isolados;
  • a exploração internacional dos recursos naturais da Amazônia;
  • a violência, o narcotráfico e a exploração sexual dos povos locais;
  • o extrativismo ilegal e/ou insustentável;
  • o desmatamento, o acesso à água limpa e ameaças à biodiversidade;
  • o aquecimento global e possíveis danos irreversíveis na Amazônia;
  • a conivência de governos com projetos econômicos que prejudicam o meio ambiente.

Por que o Papa Francisco escolheu falar da Amazônia?
O Papa Francisco é o Papa que mais se dedicou à pauta ambiental. A encíclica Laudato si' (Louvado seja) foi um dos documentos mais importantes que já escreveu e teve impacto, por exemplo, nas discussões que levaram ao Acordo de Paris.

Há quatro anos, Francisco lançou uma encíclica repleta de críticas ao modelo de desenvolvimento que destrói o meio ambiente sem compromisso com a inclusão social.

Para o Papa Francisco, os problemas sociais e ambientais não podem ser analisados separadamente.

G1
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O Banco Central encaminhou nesta segunda-feira (7) ao Congresso Nacional uma proposta de projeto de lei para ampliar, gradualmente, as possibilidades legais de brasileiros manterem no país contas em dólares.

A intenção de ampliar as possibilidades já havia sido anunciada anteriormente pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Atualmente, as contas em dólares estão disponíveis somente para segmentos específicos, como agentes autorizados a operar em câmbio, emissores de cartões de crédito de uso internacional, sociedades seguradoras e prestadores de serviços turísticos.

O modo como o BC aplicará as novas regras, se aprovadas pelo Congresso, ainda será definido por regulamentação do banco.

O projeto de lei começará a tramitar primeiro pela Câmara dos Deputados. O presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu a necessidade de se atualizar a lei cambial e disse que a análise do texto será ágil.

"É muito importante a modernização de uma lei muito antiga. Vamos dar celeridade a esse projeto", afirmou Maia em podcast divulgado em uma rede social.

O diretor de Regulação do Banco Central, Otavio Damaso, lembrou que alguns segmentos, como petróleo, embaixadas de representação de outros países, já podem ter contas em dólar no Brasil e acrescentou que o projeto autoriza essa ampliação para outros segmentos “dentro de um processo de médio e longo prazos, natural dentro da conversibilidade do real, um dos objetivos do projeto”.

“Propõe algum tipo de avanço, mas não é uma prioridade. Mais para a frente, se for o caso, em algumas situações. No futuro, em algum momento, sob certas circunstâncias, pode ser permitido [para outros setores]. Replica basicamente o que está na legislação em vigor delegando ao BC prerrogativa de permitir que alguns segmentos, sob algumas características, possam ter conta em dólar”, declarou ele.

O diretor do BC explicou, porém, que não será permitido que as pessoas físicas, de forma generalizada, tenham conta em dólar no Brasil.

Segundo Damaso, haverá autorização para categorias de pessoas físicas que podem trazer "eficiência" ao mercado como, por exemplo, diplomatas (que já têm essa autorização) e, no futuro, possivelmente exportadores.

Remessas para o exterior
Com a mudança das regras cambiais, ele disse também que a expectativa da instituição é de que o custo para o envio de remessas de dólares ao exterior, atualmente em cerca de 5% da operação, possa cair no futuro.

O Banco Central também informou que, com as alterações, será permitido que empresas façam empréstimos em dólar para suas subsidiárias no Brasil, ou para terceiros, desde que respeitadas as regras prudenciais de atuação.

De acordo com o BC, a nova regulamentação vai facilitar pagamentos em real no exterior – modalidade que já é aceita por algumas lojas fora do país.

Com isso, os clientes brasileiros teriam previsibilidade no pagamento dos valores, sem a preocupação com a variação da taxa de câmbio até o fechamento da fatura.

Otavio Damaso afirmou que, uma vez aprovada pelo Congresso Nacional, a nova legislação será regulamentada gradualmente pela instituição e pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e que, em sua totalidade, a implementação pode demorar até um ano.

"A gente acredita que esse projeto pode dar um dinamismo a vários segmentos econômicos. A receptividade de diversos agentes econômicos foi positiva", declarou.

Justificativa
Na exposição de motivos do projeto de lei, o BC informou que a proposta representa "passo importante na direção de aumentar a conversibilidade internacional da moeda nacional, ao simplificar tanto seu uso no exterior, quanto seu uso pelos agentes internacionais no Brasil".

A instituição disse ainda que uma moeda aceita internacionalmente "ajuda a reduzir os custos de captação", o que facilita o financiamento público e privado e tende a aprofundar o processo de integração financeira e econômica com outros países.

O projeto, informou o BC, lhe confere possibilidade de "gradualmente e com segurança, expandir a possibilidade de pessoas físicas e jurídicas serem titulares de contas em moeda estrangeira no Brasil, a exemplo do que já é permitido nas economias avançadas e nas principais economias emergentes".

De acordo com a instituição, tais preceitos contribuem para que o real passe a integrar "efetivamente" os ativos dessas instituições, "expandindo o uso da moeda nacional em negociações no exterior, além de simplificar a participação de investidores internacionais em títulos públicos denominados em reais diretamente no exterior".

Segundo o BC, o projeto também favorece o uso do real em negócios internacionais ao permitir o envio ao exterior de ordens de pagamento de terceiros a partir de contas em reais mantidas no Brasil e tituladas por bancos do exterior.

Novo marco legal
O Banco Central informa, ainda, que o projeto de lei tem por objetivo instituir um novo marco legal, "mais moderno, mais conciso e juridicamente seguro para o mercado de câmbio e de capitais estrangeiros no Brasil e brasileiros no exterior".

De acordo com a instituição, o projeto de lei está estruturado em três pilares: consolidação, modernização e simplificação.

Em termos de "consolidação", o BC informou que o projeto consolida em lei única mais de 40 dispositivos legais, editados desde 1920, que apresentam comandos dispersos e eventualmente obsoletos, que aumentam a insegurança jurídica do público e não contemplam as mudanças tecnológicas em curso e as necessidades atuais da economia brasileira.

Para modernizar e lei cambial, o BC diz que haverá uma compatibilização dos requerimentos legais às "exigências de uma economia inserida nas cadeias globais de produção, facilitando o desenvolvimento do comércio exterior e do fluxo de recursos e investimentos".

Explicou que o projeto permite a adoção de novos modelos de negócios e a eliminação de exigências criadas há mais de 50 anos "em contextos econômicos superados e configuração das relações econômicas mundiais totalmente diferentes das atuais".

No pilar de "simplificação", a instituição informou que a proposta permite adotar requerimentos proporcionais aos valores dos negócios e aos riscos envolvidos e, também, "racionalizar" as exigências para os investimentos estrangeiros no Brasil, bem como para os investimentos brasileiros no exterior.

Combate à lavagem de dinheiro
De acordo com o BC, ao mesmo tempo em que avança numa maior racionalidade para as operações de câmbio, o projeto, "de maneira alinhada aos imperativos de prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo", estabelece expressamente a necessidade de avaliação do cliente e dos riscos da operação, pelas instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio.

"No que se refere particularmente à possibilidade de acesso às informações relacionadas ao desempenho das atividades do Banco Central do Brasil, o anteprojeto tornará possível obtê-las de forma mais flexível, seletiva e eficiente aos propósitos dos trabalhos de monitoramento do mercado, de supervisão das práticas de combate à lavagem de dinheiro e de compilação das estatísticas macroeconômicas oficiais a cargo do Banco Central do Brasil", informou.

Medida provisória publicada em agosto pelo governo que transferiu o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) – órgão que combate o crime organizado e a lavagem de dinheiro – do Ministério da Economia para o Banco Central (BC) e mudou o nome do organismo para Unidade de Inteligência Financeira.

O texto também revogou a obrigação de que o conselho de combate à lavagem de dinheiro seja composto só por servidores públicos.

G1
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O comércio está otimista com as vendas do Dia das Crianças deste ano. Segundo a confederação nacional do setor, as vendas devem crescer 4,4% na comparação com 2018 – o melhor resultado em seis anos. A data, que deve movimentar R$ 7,8 bilhões, é a terceira mais importante para o comércio, atrás apenas do Natal e do Dia das Mães.

O melhor desempenho deve vir de brinquedos e eletroeletrônicos, com alta esperada de 8,2%. Para roupas e calçados, a expectativa é de crescimento de 4,5% nas vendas, seguidos por produtos adquiridos em supermercados e hipermercados (3,5%).

Na outra ponta, o cenário é ruim para livrarias e papelarias, onde as vendas devem ser 4,1% menores este ano.

Regionalmente, São Paulo (R$ 2,2 bilhões), Minas Gerais (R$ 772 milhões), Rio de Janeiro (R$ 712 milhões) e Rio Grande do Sul (R$ 611 milhões) deverão responder por mais da metade (55%) do total movimentado.

Preços
A Confederação Nacional do Comércio (CNC) também avaliou os preços de alguns dos presentes mais comuns nesta data. Dos onze itens avaliados, cinco estão mais baratos do que há um ano.

G1
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