Novembro 22, 2024

Tribunal no Iraque condena mais um francês à morte por integrar o Estado Islâmico

Um tribunal em Bagdá, no Iraque, condenou à morte o quarto cidadão francês em dois dias por fazer parte do Estado Islâmico (EI): Mustafa Mohammed Ibrahim recebeu a sentença nesta segunda-feira (27), diz a agência de notícias Associated Press. Outros três homens haviam sido condenados no domingo (26).

Ibrahim, de 37 anos, de origem tunisiana, saiu da França para a Síria em 2015 para se juntar ao grupo, e alegou ter sido vítima da propaganda do Estado Islâmico — que prometeu a ele uma vida boa, incluindo dinheiro, trabalho e uma casa. Sem emprego na Europa, Ibrahim foi para a Síria através da Turquia, onde teve aulas de religião e treinamento de armas. Ele então se casou com uma viúva marroquina que tinha 4 filhos e que, mais tarde, deu à luz seu filho.

Quando o juiz perguntou a Ibrahim se ele era culpado, sua resposta foi: "Eu não sou culpado de cometer nenhum crime. Sou culpado porque eles fizeram lavagem cerebral em mim. Eu sou vítima do Estado Islâmico. Eu não sou culpado. Estou pronto para ajudar a França na luta contra o terrorismo", afirmou.
Os que são condenados à morte podem apelar da decisão em no máximo um mês, diz a AP.

Além de Ibrahim, outros 4 franceses foram a julgamento nesta segunda-feira. Eles estavam entre os 12 combatentes franceses do Estado Islâmico que as Forças Democráticas da Síria entregaram ao Iraque em janeiro. O grupo, chefiado pelos curdos, liderou a luta contra os terroristas na Síria e entregou ao Iraque centenas de supostos membros do EI nos últimos meses.

Os outros 3 franceses tiveram o julgamento adiado para a próxima segunda-feira (3).

De acordo com as leis iraquianas de antiterrorismo, só o fato de pertencer ao grupo terrorista já é suficiente para uma sentença de morte ou de prisão perpétua. Grupos de direitos humanos, entretanto, criticam a forma com que o país lida com julgamentos relacionados ao Estado Islâmico — acusando as autoridades de confiarem em evidências circunstanciais e extraírem confissões, frequentemente, sob tortura.

Nadim Houry, diretor do programa de contraterrorismo da Human Rights Watch, disse: "Há poucos direitos para a defesa e graves problemas de processo devido — isso é profundamente preocupante, especialmente quando combinado com a pena de morte".

Houry acrescentou que ninguém deveria ser transferido para um país onde há risco de tortura. "Nós visitamos as prisões iraquianas e temos visto torturas desenfreadas, geralmente para extrair confissões", disse.

A França disse que o tribunal iraquiano tem jurisdição para decidir sobre os casos, apesar de uma porta-voz ter reiterado a oposição do governo francês à pena de morte.

Associated Press
Portal Santo André em Foco

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