O Senado dos Estados Unidos recebeu nesta terça-feira (26) novas discussões sobre o processo de impeachment contra o ex-presidente Donald Trump. Na véspera, deputados democratas entregaram a acusação de "incitação à insurreição" aos senadores, que devem ser oficializados como jurados do julgamento nesta tarde.
Durante a sessão, o foco estava voltado aos parlamentares republicanos que pedem a suspensão do processo. Em discurso, o senador Rand Paul questionou a constitucionalidade do processo de impeachment a um presidente que já deixou o cargo e disse não enxergar crime na conduta de Trump.
"Cidadãos comuns não sofrem impeachment. Impeachment é para tirar alguém do cargo, e o acusado aqui já deixou o cargo", defendeu Paul no Twitter momentos antes do discurso.
O ex-presidente dos EUA foi formalmente acusado pela Câmara por ter feito um discurso em 6 de janeiro que, na visão dos deputados, incitou manifestantes extremistas pró-Trump a invadirem o Capitólio, a sede do Congresso americano. Naquele momento, os congressistas formalizavam a eleição do presidente Joe Biden. Cinco pessoas morreram na invasão.
Em meio às posições reticentes ou mesmo contrárias dos senadores republicanos ao impeachment de Trump, lideranças do Partido Democrata intensificaram a pressão. O próprio presidente Biden, que vinha evitando dar declarações sobre o processo, afirmou na segunda-feira que o julgamento "precisa acontecer".
O novo líder da maioria no Senado, o democrata Chuck Schumer, disse que, se os senadores não votarem o impeachment, eles abrirão um precedente para outros políticos acusados de cometerem crimes.
"Senadores dos dois partidos terão de responder diante de Deus e de suas próprias consciências: 'O ex-presidente Trump é culpado de incitar uma insurreição contra os Estados Unidos?'", colocou Schumer.
Na semana passada, o líder da maioria decidiu que o julgamento de Trump começará formalmente em 8 de fevereiro. A data foi escolhida em um acordo entre as lideranças dos dois partidos para que o ex-presidente tivesse tempo de preparar a defesa e para que as sessões não atrapalhassem a primeira semana de Biden na Casa Branca.
Republicanos adotam cautela
Como o processo de impeachment passou na Câmara a poucos dias da posse de Biden, não houve tempo para que a acusação fosse analisada pelos senadores com Trump ainda no cargo — o Senado ficou em recesso até a véspera de o novo presidente tomar posse.
Com a posse dos senadores democratas Jon Ossoff e Raphael Warnock, vencedores do segundo turno das eleições na Geórgia, e da vice-presidente Kamala Harris, que tem direito ao voto de minerva em um Senado empatado, o partido de Biden detém, agora, a maioria nas duas casas do Congresso.
Ainda assim, para condenar Trump, será preciso que dois terços dos senadores votem a favor. Isso significa que ao menos 17 dos 50 senadores republicanos deverão se posicionar contra o ex-presidente.
A questão é se uma ala não trumpista dos republicanos estaria disposta a seguir em frente com a condenação do correligionário para, depois, votar pela inelegibilidade do ex-presidente. Isso seria uma forma de reduzir a força de Trump e de aliados do magnata no partido e abrir espaço para que outras lideranças mais tradicionais se candidatassem à presidência em 2024.
G1
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