Os organizadores dos protestos em Hong Kong pretendem realizar outra manifestação gigantesca no domingo, anunciaram seus líderes nesta quinta-feira (13), um dia depois de violentos confrontos na cidade entre a polícia e os ativistas que criticam um projeto de lei de extradição para a China.
Os protestos ocorridos na quarta-feira nos arredores da sede do legislativo da cidade forçaram o adiamento do debate do projeto, que muitos cidadãos de Hong Kong temem minar as liberdades e a confiança no polo comercial.
A manifestação programada para domingo estabelece uma nova linha de confronto com o governo local, que se negou a retirar da agenda o projeto de lei e conta com o firme apoio da China. Pequim chamou os protestos de "distúrbios".
Enfrentamento
Milhares de manifestantes vestidos de preto, em sua maioria jovens, lotaram na quarta-feira (12) as ruas de Hong Kong para protestar contra o projeto de lei que, segundo os críticos, daria poder a Pequim para perseguir politicamente os opositores.
De acordo com as autoridades, 22 pessoas ficaram feridas, entre policiais e manifestantes, na dispersão caótica do evento.
Os confrontos aconteceram perto do Conselho Legislativo (LegCo, Parlamento), onde o texto seria analisado em segunda leitura. Analistas afirmaram que este foi o maior episódio de violência desde 1997, quando Hong Kong, então colônia britânica, foi devolvida à China.
Dominado por deputados favoráveis ao governo de Pequim, o Parlamento anunciou o adiamento do debate por tempo indeterminado e para "uma data posterior".
Nesta quinta-feira, foram registrados alguns protestos esporádicos, incluindo confrontos com a polícia, mas com um número bem menor de pessoas em comparação com a véspera.
O número de manifestantes reunidos diante da sede legislativa no distrito financeiro diminuiu de madrugada, mas voltou a crescer ao longo da quinta-feira e chegou a mil pessoas a certa altura.
Eles acreditam que a legislatura, que tem uma maioria de membros pró-Pequim, tentará realizar o debate em algum momento, embora esta tenha emitido um aviso dizendo que não haverá sessão nesta quinta-feira.
"Voltaremos quando, e se, ele voltar para ser discutido", disse o manifestante Stephen Chan, estudante universitário de 20 anos. "Só queremos preservar nossa energia agora".
Mais cedo, alguns manifestantes tentaram impedir a polícia de retirar suprimentos de máscaras e alimentos, e houve confrontos.
Policiais com capacetes e escudos interditaram passarelas, e agentes à paisana verificavam a identidade de usuários do transporte interurbano.
Uma operação de limpeza começou a remover destroços como guarda-chuvas, capacetes, garrafas plásticas de água e barricadas das ruas depois dos choques do dia anterior, quando a polícia usou spray de pimenta, gás lacrimogêneo e balas de borracha em uma série de combates para afastar os manifestantes.
Autoridades disseram que 72 pessoas foram hospitalizadas. Escritórios do governo localizados no distrito financeiro foram fechados pelo resto da semana.
Opositores do projeto de lei, incluindo advogados e grupos de direitos humanos, dizem que o sistema de justiça da China é caracterizado por torturas, confissões forçadas e detenções arbitrárias.
Protesto e greve
Os manifestantes já prometeram seguir com as passeatas. Além do protesto convocado para domingo, anunciaram uma greve para a próxima segunda-feira.
"Vamos lutar até o fim com a população de Hong Kong", afirmou Jimmy Sham, da Frente Civil de Direitos Humanos (CHRF, na sigla em inglês), o principal grupo de protesto, antes de indicar que solicitou permissão para organizar o ato no fim de semana.
"Quando enfrentamos a ignorância, o desprezo e a repressão, isso apenas nos faz mais fortes", completou.
O CHRF organizou uma passeata gigantesca contra o projeto de lei no domingo passado, com mais de um milhão de pessoas.
A frente não consegue controlar os grupos de manifestantes que entram em confronto com a polícia.
A resposta da polícia aos protestos foi criticada por sua "força excessiva", e muitos pediram uma investigação independente.
Nesta quinta, porém, o governo de Pequim voltou a comentar como "distúrbios" as manifestações da véspera, realizadas em Hong Kong. "Não foi uma manifestação pacífica, e sim distúrbios organizados", afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa, Geng Shuang.
Pequim "condena firmemente" a violência e "apoia a reação" das autoridades de Hong Kong, completou o porta-voz.
G1
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.