O governo brasileiro não deve se manifestar sobre a reação do Irã, nesta terça-feira (7), de atacar duas bases dos Estados Unidos no Iraque. Essa postura do Planalto é reveladora de que o pragmatismo vence a ideologia diante do conflito Estados Unidos-Irã.
É um comportamento diferente do que aconteceu quando o governo Donald Trump ordenou a ação que matou o chefe militar Qassim Suleiman. Na semana passada, o Itamaraty divulgou nota em que condena “todo tipo de terrorismo”, uma palavra entendida como solidariedade ao governo Trump.
O governo brasileiro quer preservar os acordos comercias com o Irã que, mesmo na crise de lá, é importante importador de produtos brasileiros. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tem mantido contato com representantes do governo iraniano para manter as exportações brasileiras para aquele país.
A informação é de assessores do presidente Jair Bolsonaro, sempre com a ressalva de que a política externa está sob o comando do chanceler Ernesto Araújo. Essa postura mais comedida é a opinião do núcleo militar do governo. A propósito, o presidente participou de almoço nesta terça no Ministério da Defesa com a presença também de comandantes das três Forças.
O que está levando o governo brasileiro a ser mais comedido é o resultado da conversa da diplomata Maria Cristina Lopes, encarregada de Negócios da embaixada em Teerã, com a chancelaria do governo iraniano. A conversa foi considerada “cordial” por assessores do governo brasileiro. Para assessores do Planalto, a conversa foi positiva, já que o Irã não fez gestos de retaliação ao Brasil.
“A convocação do embaixador é coisa até corriqueira", disse um assessor do Planalto, tentando minimizar a convocação do representante do Brasil em Teerã para dar explicações sobre a nota da véspera do Itamaraty condenando o terrorismo de forma genérica.
"O Irã não adotou medidas contra nós", disse também na terça, entre sorrisos, o presidente Bolsonaro, em entrevista na qual afirmou que não poderia revelar o teor da conversa entre a chancelaria iraniana e a representante do Brasil na embaixada em Teerã “por questão de Estado”.
G1
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