Três dias após ser convocada pelo Ministério das Relações Exteriores do Irã para prestar esclarecimentos sobre a nota do Itamaraty que deu apoio à operação dos Estados Unidos que culminou na morte do general iraniano, Qassem Soleimani, a encarregada de negócios da embaixada brasileira em Teerã, Maria Cristina Lopes, terá um novo encontro, nesta quarta-feira, com autoridades daquele país.
A reunião já estava agendada há algum tempo, com pauta relacionada a cultura, mas a expectativa é que a crise no Oriente Médio e a posição do governo do presidente Jair Bolsonaro sobre o episódio voltem a ser tratados.
No último domingo, durante a reunião na chancelaria do país persa, os iranianos disseram à diplomata brasileira que estavam "desapontados" com a postura do Brasil, país com o qual o Irã tradicionalmente manteve relações diplomáticas. O governo persa reclamou que o Itamaraty se solidarizou com os EUA de forma parcial, ignorando a importância do general da Guarda Revolucionária do Irã assassinado por forças americanas no Iraque para a nação iraniana.
Segundo fontes, Maria Cristina enfatizou que a nota divulgada na noite da última sexta-feira pelo Itamaraty não foi contra o Irã, mas contra a atuação daquele país no contexto atual. Ela ainda destacou que cada nação tem sua própria política externa, que precisa ser desenvolvida com pragmatismo.
A nota declarou apoio aos EUA na luta contra o "flagelo do terrorismo". Além do Brasil, outros países se manifestaram sobre o episódio, como Alemanha, Reino Unido e França.
O atual embaixador do Brasil no Irã, Rodrigo Azeredo, tirou férias no mês passado e está sendo substituído pela encarregada de negócios do posto. Pessoas próximas ao diplomata informaram que Azeredo se encontra internado no Rio, com problemas de saúde.
O GLOBO
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