O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa nesta segunda-feira (8) da reunião do Mercosul, em Assunção (Paraguai). A cúpula entre os países do bloco sul-americanos vai formalizar a entrada da Bolívia no grupo econômico. O ato ocorre após uma tentativa de golpe de Estado no país liderada por militares.
A reunião desta segunda vai contar, também, com a participação dos presidentes Luis Arce (Bolívia), Luis Lacalle Pou (Uruguai) e Santiago Peña (Paraguai). O presidente da Argentina, Javier Milei, não viajou para o encontro.
Recentemente, Arce promulgou a lei que confirma o país andino como membro-pleno do Mercosul. Confirmado o ingresso da Bolívia, o bloco passará a ter 300 milhões de habitantes, uma extensão territorial de 13,8 milhões de km² e um PIB (Produto Interno Bruto) total de US$ 3,5 trilhões. A partir da ratificação, o país ainda terá um prazo de quatro anos para concluir o processo de adesão e adotar as normas do bloco.
“Com a integração da Bolívia, nós estamos efetivamente nos aproximando de realizar o sonho da integração entre Atlântico e Pacífico. Vai ser apresentado aos ministros de Planejamento de todos os países. Vamos ter uma boa quantia de dinheiro para poder cumprir esse sonho da nossa integração física”, afirmou Lula sobre o tema.
Desde que foi criado, o Mercosul fechou três acordos com países de fora da região sul-americana: Israel (2007), Egito (2010) e Palestina (2011). De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o bloco também firmou acordos de preferência com a Índia e países do sul da África que formam a União Aduaneira da África Austral — África do Sul, Lesoto, Namíbia, Suazilândia e Botsuana.
Tentativa de golpe
A Bolívia passou por uma tentativa de golpe de Estado no fim de junho. A medida teria sido liderada pelo ex-comandante do Exército, general Juan José Zúñiga, que foi preso horas depois de tropas acompanhadas de veículos blindados invadirem o Palácio Presidencial, na capital La Paz.
Os Estados Partes do Mercosul e Associados divulgaram uma nota condenando as mobilizações de algumas unidades do exército boliviano em uma possível tentativa de golpe de Estado. Para a organização internacional, o ato “descumpre os princípios da vida democrática”.
Lula e o governo brasileiro se manifestaram contra o golpe e em defesa da democracia na América do Sul. O presidente brasileiro quer assumir o papel de mediação para atenuar a briga entre Arce e seu antigo padrinho político, o ex-presidente Evo Morales. Ambos buscam a preferência do Movimento ao Socialismo para disputar a candidatura à Presidência em 2025 e rivalizam pelo controle do partido.
Ausência de Milei
Na cúpula do bloco econômico, a ausência será de Javier Milei, apesar de a Argentina integrar o Mercosul. O líder argentino, inclusive, participou de um evento da ultradireita, realizado no final de semana, em Santa Catarina. Lula e Milei são desafetos políticos.
Recentemente, o presidente argentino voltou a criticar o petista e chamá-lo de “comunista” e “perfeito dinossauro idiota”. No lugar de fazer sua estreia no Mercosul, Milei vai cumprir agendas internas na Argentina e enviar sua chanceler Diana Mondino. Segundo a Casa Rosada, ele tinha uma viagem planejada a Tucumán e o governo não deseja que ele passe por uma “agenda sobrecarregada”.
R7
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