Um ano depois de passar o seu primeiro réveillon como presidente no Palácio da Alvorada, uma das residências oficiais, Jair Bolsonaro pretende mudar de ares na virada de 2020 para 2021. O presidente e a família devem viajar amanhã para o Guarujá, no litoral de São Paulo.
A Presidência não divulgou quantos dias Bolsonaro e a família vão permanecer no Guarujá. O presidente tem tirado dias de descanso desde o sábado da semana passada, quando viajou para pescar em Santa Catarina. Ele retornou a Brasília para passar o Natal com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e outros parentes.
Esta será a terceira vez no ano que Bolsonaro escolherá o Guarujá como refúgio. Ele já passou o carnaval e o feriado de 12 de outubro na cidade, onde se hospedou no Hotel de Trânsito do Forte dos Andradas, sede da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea.
No ano passado, o presidente planejou passar o réveillon na Bahia, na Base Naval de Aratu, mas antecipou o retorno a Brasília para o dia 31 de dezembro. Ele estava acompanhado da filha Laura. Michelle ficou na capital federal para realizar uma cirurgia plástica.
Ontem, Bolsonaro saiu do Alvorada para passear por Brasília por mais de uma hora. Inicialmente, foi até uma casa lotérica no bairro do Cruzeiro, depois passou pelo Setor Militar Urbano e parou em uma papelaria no Sudoeste. Antes de voltar para casa, ele ainda prestigiou uma reunião de motociclistas, que, segundo organizadores, teve menos participantes do que o esperado por conta da previsão de chuva.
Comitiva sem máscara
Como de costume, apesar da pandemia da Covid-19 que já matou mais de 190 mil brasileiros, o presidente provocou aglomerações e estava sem máscara, assim como os seus auxiliares.
Em Santa Catarina na semana passada, em meio a pescarias e mergulhos, Bolsonaro aproveitou para fazer articulações políticas. Ele ofereceu um jantar que contou com a presença de políticos e empresários, como Luciano Hang, dono da Havan, o apresentador Ratinho, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, e o senador Jorginho Mello (PL-SC), do centrão.
Ali foi discutida uma potencial aliança bolsonarista para Santa Catarina em 2022, que deve contar com Jorginho Mello para o governo; o atual secretário da Pesca, Jorge Seif Jr. (PL) para o Senado; e Coronel Armando (PSL) para a reeleição na Câmara. Inicialmente, Coronel Armando queria tentar uma vaga no Senado, mas o deputado sinalizou aos aliados que está disposto a abrir mão por Seif Jr., aliado próximo de Bolsonaro.
No retorno a Brasília, Bolsonaro almoçou com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que levou o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), seu candidato à sucessão na Casa, para a reunião. A agenda faz parte de uma tentativa de Alcolumbre de abrir o caminho para seu apadrinhado.
Segundo aliados do presidente do Senado, não houve sinalização de apoio aberto de Bolsonaro. Mas ficou estabelecido que o Planalto não vai interferir diretamente na disputa pelo comando da Casa.
Há uma preocupação no grupo de Alcolumbre de que Bolsonaro escolha uma outra candidatura como preferida, como fez na Câmara, ao apoiar o deputado Arthur Lira (PP-AL) para se contrapor ao bloco comandado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que anunciou o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) para a disputa.
O Globo
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