Novembro 26, 2024

Arthur Lira nega acusações de recebimento de propina e fala em 'ato de vingança' Featured

A defesa do deputado federal Arthur Lira (PP-AL), um dos principais parlamentares do chamado centrão e novo aliado do presidente Jair Bolsonaro, negou ter recebido propina de R$ 1,6 milhão da empreiteira Queiroz Galvão, em troca do apoio do PP à manutenção do então diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Ele foi denunciado nesta sexta-feira pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sob acusação de corrupção passiva. Em nota, a defesa do parlamentar reafirma que o operador Carlos Alexandre Rocha, conhecido como Ceará e citado pelo doleiro Alberto Youssef em delação como sendo o responsável pela entrega do dinheiro, disse em depoimento à Polícia Federal não conhecer Arthur Lira.

"O doleiro diz que Artur Lira recebeu indevidos valores por meio de um operador chamado Ceará, mas este ultimo – também colaborador – desmente tal versão em dois depoimentos", diz a nota.

Em depoimento à Polícia Federal no dia quatro de setembro de 2018, Ceará afirmou desconhecer qualquer assessor de Arthur Lira e disse que, se entregou o dinheiro para algum assessor do deputado, não estava ciente."Reafirma que desconhece qualquer assessor de Artur Lira, e caso tenha entregue dinheiro a tal pessoa, o fez sem saber a quem estava entregando o dinheiro', diz o depoimento.

Em outra declaração à PF no dia 16 de maio de 2019, Ceará confirmou que entregou valores em espécie em Brasília, mas que não seriam aos parlamentares ligados a Francisco Dorneles, entre eles, Arthur Lira.

"O depoente confirma que entregou valores em espécie em Brasília, mas que não seriam aos parlamentares ligados a Francisco Dorneles, a saber: GIRO NOGUEIRA, EDUARDO DA FONTE, ARTHUR LIRA, AGUINALDO BORGES", diz o documento.

A defesa ainda declarou que "Artur Lira fez parte de um grupo que assumiu a liderança do PP e afastou Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef do partido. Isso está provado e explica a inimizade dos colaboradores e suas reiteradas tentativas de envolver o parlamentar em ilícitos dos quais não participou" e que o "próprio STF reconheceu as inverdades de Youssef em outros depoimentos contra a Artur Lira. Fundamentar uma denuncia nas palavras desse doleiro é premiar um ato de vingança contra alguém que se postou contra suas práticas".

No inquérito, a defesa já afirmou que o parlamentar não tinha relação com os fatos investigados e chegou a pedir arquivamento da investigação. Na peça, a defesa afirmou que não havia provas concretas de que um assessor de Arthur Lira foi o recebedor da propina. "A presente investigação se revela uma tentativa de fortalecer uma mera especulação de Alberto Youssef contra o peticionário, não sendo corroborada por nenhuma das supostas fontes diretas de seus enredos", escreveu o advogado Pierpaolo Cruz Bottini.

O caso
O caso surgiu no início da Operação Lava-Jato, a partir da delação premiada do doleiro Alberto Youssef, e foi concluído agora. A denúncia é assinada pela subprocurador-geral da República Lindôra Maria Araújo, coordenadora da Lava-Jato na PGR. Também foram denunciados doleiros e executivo da Queiroz Galvão envolvidos no caso, que são acusados de lavagem de dinheiro.

A investigação detectou que funcionários do doleiro Alberto Youssef foram responsáveis por operacionalizar o pagamento da propina em dinheiro vivo para um assessor do deputado Arthur Lira. Planilhas de controle de Rafael Ângulo Lopez, um dos operadores de Youssef, registram dois repasses, um no valor de R$ 1 milhão e outro no valor de R$ 593 mil, no ano de 2012.

A denúncia registra que as provas colhidas demonstram que o pagamento de propina foi feito em dinheiro vivo para um assessor de Arthur Lira.

A investigação comprovou as declarações do doleiro Alberto Youssef, o segundo delator da Lava-Jato.

Em depoimento, Youssef descreveu que Arthur Lira era o destinatário dos valores. Segundo o doleiro, a propina da Queiroz Galvão foi divida com o operador Henry Hoyer, o ex-diretor Paulo Roberto Costa e os parlamentares do PP. "Incumbiu ao declarante entregar o dinheiro em espécie, uma parte na própria casa de Henry no Rio de Janeiro (parte devida a Henry e Paulo Roberto Costa) e outra parte, destinada aos membros do PP, diretamente em Brasília; Que o declarante determinou que Rafael Ângulo e Carlos Fernando Rocha (Ceará) entregassem o dinheiro em Brasília, mas afirma que com certeza foi a um assessor do líder do PP, Arthur Lira", disse no depoimento.

A PGR aponta que Arthur Lira integrou organização criminosa, formada por líderes de partidos da base governamental do então governo do PT, que indicava nomes para cargos públicos em troca da obtenção de recursos ilícitos. Segundo a acusação, os crimes narrados teriam ocorrido em 2012, mesmo ano no qual Arthur Lira assumiu a liderança do PP na Câmara e, com isso, o papel de atuar na "arrecadação de propina". O pagamento foi feito a ele em contrapartida pelo fato de ser líder do PP, diz a PGR.

O Globo
Portal Santo André em Foco

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