O presidente Jair Bolsonaro criticou na noite desta quarta-feira em seu perfil pessoal do Twitter a investigação que apura fake news e ameaças contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou haver sinais de que “algo muito grave está acontecendo com a nossa democracia”.
Sem mencionar a Corte, Bolsonaro afirmou que “ver cidadão de bem terem seus lares invadidos, por exercerem seu direito à liberdade de expressão, é um sinal que algo de muito grave está acontecendo com nossa democracia”.
Bolsonaro não especificou quem eram os cidadãos de bem a quem se referia. No início da manhã desta quarta-feira, a Polícia Federal cumpriu 29 mandados de busca e apreensão no inquérito que apura fake news. Entre os alvos estão o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), o blogueiro Alllan dos Santos (do site Terça Livre), o empresário Luciano Hang, a ativista Sara Winter e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.
As buscas — determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes que preside o inquérito — foram feitas no Distrito Federal, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Mato Grosso, no Paraná e em Santa Catarina.
Além disso, seis deputados bolsonaristas foram intimados a depor em um prazo de dez dias. São eles: Bia Kicis, Carla Zambelli, Daniel Silveira, Filipe Barros, Cabo Junio Amaral e Luiz Philippe de Orléans e Bragança. Todos os seis ainda estão filiados ao PSL, mas pedem desfiliação na Justiça.
A ação do Supremo provocou desconforto no governo. O presidente Jair Bolsonaro convocou ministros para uma reunião na tarde desta quarta-feira no Palácio do Planalto. Um dos objetivos é discutir uma estratégia de reação à operação determinada pela Corte.
O presidente não havia ainda manifestado a irritação com o assunto publicamento, mas nos bastidores demonstrou contrariedade com a ação da PF, em cumprimento à ordem do Supremo. Aos ministros, Bolsonaro mencionou medidas, como uma blindagem ao ministro Abraham Weintraub (Educação), que foi convocado a depor, dentro do mesmo inquérito, em função dos ataques que fez ao STF na reunião de 22 de abril. Bolsonaro demonstrou preocupação com a situação do ministro da Educação.
Apesar de sofrer resistência da ala militar do Palácio do Planalto, Weintraub conseguiu se fortalecer no governo após a revelação do vídeo da reunião ministerial. A avaliação de aliados do presidente é de que as declarações do ministro da Educação – apesar de agressivas ao Supremo – “resgatam o alicerce da campanha” de Jair Bolsonaro com a base eleitoral do presidente. Na leitura de aliados do governo, Weintraub, que já era popular entre o grupo mais ideológico de apoiadores, conseguiu crescer ainda mais na base bolsonarista. No Twitter, Weintraub manifestou solidariedade aos alvos da PF: "Nesse momento sombrio, digo apenas uma palavra aos irmãos que tiveram seus lares violados: Liberdade!", escreveu.
O Globo
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