Depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se queixar de que não conhece a equipe do Ministério da Saúde, a titular da pasta, Nísia Trindade, levará seus secretários ao Palácio no Planalto, nesta terça-feira (19), para a reunião com o mandatário. A reclamação de Lula foi feita durante a reunião ministerial de ontem (18).
Segundo um auxiliar palaciano, o presidente quer se aproximar da equipe, estabelecer um diálogo, mas também endereçar cobranças para que o ministério funcione melhor.
Já segundo interlocutores de Nísia, nos próximos dias haverá uma entrevista coletiva da ministra e Lula tendo a saúde como tema. Portanto, a pasta avalia que é importante o presidente conhecer a equipe para que os discursos se alinhem no encontro com a imprensa.
Lula está incomodado com problemas recentes envolvendo o ministério, mas renovou a confiança em Nísia na reunião ministerial de ontem (18). Diante de todos os ministros, Lula afirmou que a titular da pasta não será trocada e deu uma espécie de sinal verde para que ela faça mudanças no ministério, ao dizer que Nísia tem autonomia e autoridade para executar as trocas.
Depois da reunião, Nísia decidiu exonerar dois integrantes da equipe: o diretor do Departamento de Gestão Hospitalar, Alexandre Telles, e o secretário de Atenção Especializada, Helvécio Magalhães. As exonerações ocorrem após o Fantástico mostrar uma crise na gestão dos hospitais federais no Rio de Janeiro, com relatos de sucateamento, materiais vencidos e demora no atendimento de pacientes.
Segundo ministros do governo, Lula avalia que Nísia demorou demais a agir diante dos problemas, uma vez que a pasta tem o diagnóstico dos problemas ao menos desde julho de 2023. O presidente também chegou a responsabilizar a gestão de Jair Bolsonaro pelos problemas herdados.
Lula também se irritou com a forma pela qual o Ministério da Saúde conduziu a campanha de vacinação contra a dengue. Na visão do presidente, a pasta vendeu a campanha como se fosse uma grande parcela da população fosse receber a vacina, o que não estava previsto. Essa ideia, na visão de fontes do Planalto, gerou frustração na população.
Por fim, o presidente também se incomoda com a persistência da crise de saúde entre os yanomamis e as dificuldades da Saúde na distribuição de emendas parlamentares, o que dá munição ao Centrão contra Nísia.
Auxiliares de Lula avaliam que, embora o presidente tenha reiterado o apoio a Nísia, é preciso mudanças amplas na forma de o ministério se comunicar e fazer a articulação com o Congresso.
g1
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