O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (27) que não conversa com o centrão, mas com partidos políticos. Nos últimos meses, o chefe do Executivo federal cedeu ministérios do governo a legendas do grupo político que, até então, não faziam parte da base de apoio do petista. Lula defendeu esse tipo de negociação e disse que ela é necessária para garantir governabilidade à gestão.
"Não fiz negociação com o centrão. Não converso com o centrão. Vocês nunca me viram fazer uma reunião com o centrão. Eu faço conversa com partidos políticos que estão aí legalizados, que elegeram bancadas. São com eles que eu tenho que conversar para estabelecer os acordos que eu tenho que fazer", afirmou o presidente durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.
Nesta semana, Lula demitiu a presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, para acomodar outra indicação de um partido que compõe o centrão. O novo chefe do órgão é o economista Carlos Vieira, nome do PP. Segundo o chefe do Executivo federal, a mudança foi necessária para que o governo tenha mais segurança nas votações de propostas no Parlamento.
"Juntos, [os partidos com os quais o governo negociou] têm mais de cem votos, e eu precisava desses votos para continuar o governo. Afinal de contas, faltam ainda mais de três anos para terminar o meu mandato. Como o governo precisa do Parlamento, e não é o Parlamento que precisa do governo, é importante que a gente tenha a humildade de sentar para conversar em momento de adversidade também."
Na conversa com a imprensa, o presidente foi questionado sobre a dificuldade do governo na tramitação de alguns projetos e respondeu que é normal que haja divergências do Congresso com as propostas sugeridas pelo Executivo.
"O que você está assistindo, na verdade, é o exercício da democracia em sua total plenitude. O Congresso Nacional existe para isso, não é um espaço que as pessoas digam amém para tudo que o governo quer", opinou.
"Acho que é importante que o Parlamento se autorrespeite, que o Parlamento queira fazer as coisas e que a gente tenha capacidade de, nessa intervenção na relação com o Parlamento, convencer aquilo que é importante para o Executivo e aquilo que é importante para o Parlamento", completou.
R7
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