O plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (22) a indicação de Nestor José Forster Junior para ocupar o cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos. O nome de Forster recebeu o apoio de 47 senadores, enquanto três votaram contra e um se absteve.
O diplomata já ocupa o cargo, de forma interina, desde o ano passado.
A análise da indicação foi presencial. Após seis meses de sessões virtuais, por conta da pandemia, o Senado retomou nesta semana as votações no edifício-sede.
No caso de escolha de autoridades, a deliberação precisa ser secreta, o que não é possível por meio do sistema remoto. Alguns senadores votaram pelo sistema “drive-thru” instalado em uma das entradas do Congresso.
Forster foi indicado para a embaixada pelo presidente Jair Bolsonaro em novembro do ano passado, e já tinha sido aprovado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado em fevereiro.
A indicação veio após ele desistir de nomear o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para o posto. Em outubro, Eduardo também anunciou, em um discurso no plenário da Câmara, que não iria mais ser indicado.
A sabatina de Forster na Comissão de Relações Exteriores (CRE) já havia ocorrido em fevereiro. Na ocasião, o diplomata defendeu que Brasil e EUA aprofundem a parceria na área científica e na área de defesa, e que seja possível acabar com a bitributação para empresas e pessoas físicas brasileiras.
Ele afirmou não ver "subserviência alguma" do Brasil em relação aos EUA e disse que um "alinhamento automático é algo impossível de se fazer".
Sobre a questão imigratória, Forster ponderou que o número de imigrantes ilegais cresceu 10 vezes no último ano, mas disse se tratar de uma questão "pontual".
Segundo o embaixador, 95% desse grupo são compostos por famílias alvos de redes criminosas. "Se identificou que houve um redirecionamento de redes criminosas que atuavam na América Central e que passaram a atuar no Brasil", disse.
Em uma cerimônia em Washington, Forster concedeu ao escritor e ideólogo Olavo de Carvalho o grau mais alto da Ordem de Rio Branco – uma condecoração que reconhece serviços meritórios prestados ao Brasil.
Cabe ao presidente da República conferir esse título. Olavo de Carvalho tem influência sobre a ala ideológica do governo Bolsonaro e também sobre os filhos do presidente que atuam na política.
Na ocasião, Forster entregou a medalha a Olavo de Carvalho e discursou elogiando o escritor. "É desnecessário dizer que o professor preenche com sobra os critérios fixados no regulamento da Ordem de Rio Branco, de serviços ou méritos excepcionais ao Brasil", disse o embaixador.
"Mas a contribuição de Olavo de Carvalho à Filosofia, à cultura brasileira certamente ultrapassa a sua obra publicada. Juntamente com a atividade de filósofo, escritor e jornalista, ele desenvolveu, desde a década de 1980 uma atividade docente igualmente original, a formação de uma nova classe intelectual no Brasil, buscando o resgaste e a redenção da alta cultura em nosso país", continuou.
Currículo
Nestor Forster tem 57 anos e nasceu em Porto Alegre (RS). O diplomata é formado em Letras Clássicas e Vernáculas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e em História pela mesma instituição.
Após concluir o Curso de Preparação à Carreira de Diplomata do Instituto Rio Branco (IRBr), ingressou na carreira diplomática em 1986 como terceiro-secretário.
Dentre as funções que ocupou, Forster foi chefe do Setor de Política Comercial da Embaixada em Washington (1992/95); chefe do Setor Econômico da Embaixada em Ottawa (1995/98); chefe de gabinete do Advogado-Geral da União (AGU)(2002); chefe do Setor Financeiro da Embaixada em Washington (2003/06); cônsul-geral adjunto do Consulado-Geral em Hartford (2009/13); cônsul-geral Adjunto do Consulado-Geral em Nova York (2016/17); ministro conselheiro na Embaixada em Washington (2017/18); e é encarregado de Negócios da Embaixada em Washington, desde 2019.
O relator da indicação na CRE, Nelsinho Trad (PSD-MS), destacou em seu relatório a atuação de Forster na embaixada brasileira em Washington ao longo dos anos.
No parecer, Trad também ressaltou os resultados da visita de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, em março de 2019, que, de acordo com o parlamentar, "consolidou a união estratégica entre os dois países".
Tanto o senador quanto o diplomata citaram a mudança de posição dos EUA com relação ao pleito do Brasil para entrada na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE); a designação do Brasil como aliado preferencial extra Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a decisão unilateral do Brasil de deixar de exigir visto para a entrada de turistas norte-americanos no país e o acordo da Base de Alcântara.
Durante a sabatina, Forster classificou a visita como "histórica". À época, ele já ocupava funções na embaixada em Washington.
"[Foi] uma virada de página, assinalando um novo momento em que o Brasil e os Estados Unidos podem usar o que chamei de leito profundo de valores e princípios compartilhados", disse.
Outras indicações aprovadas
Os senadores também aprovaram, por 40 votos a 3, a indicação do general do Exército Gerson Menandro Garcia de Freitas para exercer o cargo de embaixador do Brasil em Israel.
Foram aprovados ainda os nomes dos diplomatas:
CNJ
Também foi aprovada a indicação, feita pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), de Maria Thereza de Assis Moura para ocupar o cargo de corregedora-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Maria Thereza foi aprovada pela unanimidade dos senadores presentes à sessão. Apesar de sigilosa, a votação contou com apoio expresso da bancada feminina.
“É uma honra, para todas nós mulheres apreciar hoje a indicação dessa mulher competente e qualificada, que representa o universo das mulheres brasileiras, para ocupar a posição do CNJ”, afirmou a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).
O senador Omar Aziz (PSD-AM) disse que Maria Thereza colocará “limites” nos abusos de autoridade.
“Estaremos votando, com certeza, em uma mulher que fará um trabalho exemplar à frente da Corregedoria e que colocará limites nos abusos de autoridade. É só o que nós queremos, ou seja, que os limites sejam respeitados. Não podem, midiaticamente, magistrados, Brasil afora, achar que podem tudo e que não há absolutamente nada a acontecer depois que eles conseguem denegrir a imagem de um ser humano”, afirmou Aziz.
G1
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