A declaração do senador Flávio Bolsonaro, em entrevista ao jornal "O Globo" nesta quarta-feira (5), cobrando a votação de um projeto de lei em discussão no Congresso que torna armas e munições mais acessíveis, reacendeu o debate, nos bastidores, sobre a viabilidade do projeto.
Flávio, ao "O Globo", criticou Rodrigo Maia, presidente da Câmara, por não pautar projetos que, nas suas palavras, são “agendas vitoriosas nas urnas, como a das armas”. A declaração de Flávio repercutiu no Congresso e entre ministros do presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (5).
Ontem, em reunião de líderes, o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo, cobrou de Maia pautar o projeto pendente na Casa que discute mais acesso a armas. Segundo o blog apurou, Maia respondeu que há um desconforto grande entre os parlamentares de decisões do governo sobre o tema das armas por meio de portarias e decretos, à margem do parlamento. E que, antes, isso precisaria ser resolvido — e o governo parar de governar por decreto.
O líder do PSB, deputado federal Alessandro Molon, participou da reunião e confirma o relato obtido pelo blog.
Procurado pela reportagem, Molon disse que, enquanto o governo cobra Maia a respeito do projeto, a oposição cobra exatamente o contrário: que Maia paute a votação de projetos que sustem decretos de Bolsonaro sobre o tema.
"Já cobramos Maia mais de dez vezes. Os decretos de Bolsonaro são ilegais. O tema de armas virou sem controle, a população, em sua maioria, já disse ser contra essa liberação geral. Por que acabar com rastreamento de arma, por decreto? Isso é ilegal, isso precisa ser derrubado — e Maia precisa pautar esses projetos”, afirmou Molon ao blog.
Mesmo com a pressão da família Bolsonaro, assessores do presidente avisaram ao chefe do Executivo que, em sua sondagens com parlamentares, avaliam não haver clima nem votos para aprovar uma proposta que facilite o acesso à armas.
E que, se Maia pautar, o governo pode sair derrotado nesta matéria, que é uma bandeira de campanha do presidente.
Ministros admitem que o projeto é um aceno à base do presidente, representada pela chamada “bancada da bala”, já que a maioria das pautas do Congresso, até agora, foram pautas econômicas.
Ao blog, um assessor presidencial afirmou que o governo sabe que não terá apoio a pautas de costume e que, se o Congresso apoiar alguma delas, será a discussão sobre maioridade penal.
“Armas, por enquanto, pode esquecer”, afirmou um ministro.
Maia, quando perguntado sobre o tema por aliados, vai na mesma linha: não há clima nem é prioridade o tema de armas. E lembra pesquisas, como a do Ibope, em 2019, que revelou que 73% dos entrevistados eram contrários à flexibilização de porte para cidadãos comuns e 26% favoráveis. Em maio deste ano, o Datafolha mostrou que 73% discordavam da fala de Bolsonaro que disse que “queria todo mundo armado, pois o povo não é escravizado”. 24% concordaram com Bolsonaro.
Agência Senado
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