O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, criticou nesta terça-feira (21) a proposta feita por Nicolás Maduro de antecipar as eleições para a Assembleia Nacional como forma de resolver a crise política no país.
"É muito cínico insinuar que ele está disposto a se submeter a uma eleição quando ele roubou em 2018. Dissociação, loucura", disse Guaidó.
Guaidó preside a Assembleia Nacional. É o único órgão oficial venezuelano que não está sob controle do regime de Maduro. Como os parlamentares declararam o chavista "usurpador" do cargo e não reconheceram a posse de janeiro de 2019, o presidente do Parlamento – portanto Guaidó – reivindicou a Presidência.
Maduro, porém, reitera o desejo de antecipar as eleições legislativas. Elas estavam marcadas para dezembro de 2020, mas o governo chavista quer convocá-las para antes para tentar por fim à crise do poder venezuelano.
A sugestão foi feita por Maduro diante de milhares de apoiadores convocados um ano após as eleições presidenciais, também antecipadas, nas quais ele foi reeleito até 2025. Essas eleições não foram reconhecidas pela oposição nem por Estados Unidos, União Europeia e países latino-americanos.
"Eu quero eleições já!", disse Maduro.
Guaidó critica parlamento paralelo
No discurso, Guaidó também denunciou a Assembleia Constituinte – parlamento paralelo controlado pelo chavismo. Na segunda-feira, esse órgão aprovou uma medida que, na prática, o permite atuar como potência plenipotenciária até 31 de dezembro de 2020.
"É cínico dizer à Venezuela que vão ampliar um período de uma Constituinte que não existe, quando nos últimos três meses eles não falaram nem uma vez sobre o problema da água, da gasolina", disse Guaidó.
Além disso, Guaidó insistiu às Forças Armadas que virem as costas a Maduro. O alto comando militar, porém, confirmou o apoio ao chavismo após a tentativa de rebelião de um grupo de soldados liderado pelo líder oposicionista em 30 de abril.
"Chegou o momento, senhores das Forças Armadas, de dar um passo, não estamos pedindo mais nada (...) é o momento de agir, falar, ficar do lado da Constituição", disse Guaidó, em uma sessão para a qual a Guarda Nacional, que protege o Palácio Legislativo, proibiu a entrada da imprensa.
Chanceler de Maduro pede diálogo
Em reunião em Cuba, o chanceler do regime Maduro, Jorge Arreaza, declarou que a Venezuela não quer guerra com os Estados Unidos, e sim, diálogo.
"Não é uma guerra o que queremos na Venezuela. Podemos estar nos preparando porque nos obrigam a estas circunstâncias (...), mas queremos a paz", disse Arreaza.
"De Havana fazemos um apelo aos Estados Unidos para o diálogo, o entendimento e o respeito mútuo para que cesse a ameaça militar, a soberba, o bloqueio contra o povo da Venezuela", destacou Arreaza.
France Presse
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