As negociações sobre a segunda fase do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza começaram na manhã desta terça-feira (4), disse o porta-voz do grupo terrorista Hamas.
O acordo de trégua na guerra entre Israel e Hamas no território palestino, anunciado no dia 15 de janeiro pelo Catar —líder das mediações junto com EUA e Egito— previa um acordo de três fases, sendo as duas últimas com termos a serem negociados durante a implementação da primeira fase. Leia mais sobre o acordo abaixo.
Durante o cessar-fogo, em vigor desde 19 de janeiro, 18 reféns que estavam em poder do Hamas em Gaza foram libertados, e em troca Israel soltou prisioneiros palestinos. Também houve um aumento na entrada de ajuda humanitária aos habitantes do território.
O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta terça que enviará "no final da semana" uma delegação ao Catar na retomada das negociações do cessar-fogo.
O presidente dos EUA, Donald Trump, e Netanyahu se encontrarão nesta terça-feira em Washington D.C. e discutirão, entre outros assuntos, o cessar-fogo em Gaza, segundo uma alta autoridade dos EUA ouvida pela agência de notícias Reuters.
Netanyahu chega ao encontro com Trump enfrentando pressões opostas: dos membros da extrema direita que compõem sua coalizão de governo, que querem o fim da trégua temporária na guerra, e de israelenses cansados da guerra, que desejam o retorno de todos os reféns e o fim do conflito, que já dura 15 meses.
Trump se mostra cauteloso sobre a viabilidade da trégua a longo prazo, mesmo assumindo o crédito por pressionar Hamas e Israel a chegarem a um acordo de cessar-fogo e troca de reféns.
"Não tenho garantias de que a paz será mantida", disse Trump a repórteres na segunda-feira.
Segundo a autoridade americana ouvida pela Reuters, Trump enxerga a Faixa de Gaza como um canteiro de demolição e acha desumano forçar pessoas a viverem em uma terra inabitável.
Antes de viajar para o encontro, Netanyahu falou sobre planos para "redesenhar o Oriente Médio" com a ajuda de Trump. Leia mais sobre isso abaixo.
O acordo
Confira, em detalhes, como será o acordo de cessar-fogo em Gaza.
? 1º etapa, que durará seis semanas: o cessar-fogo prevê que 33 reféns sob o poder do Hamas sejam libertados. Entre eles estão mulheres, crianças e homens acima dos 50 anos. Além disso:
? 2º etapa, que ainda está sendo negociada: conclusão da libertação dos reféns sob o poder do Hamas, incluindo a devolução dos corpos daqueles que morreram. Além disso:
? 3º etapa, que ainda será negociada: consiste nas negociações sobre a reconstrução de Gaza, que levaria ao fim da guerra. Porém, ainda existe um debate sobre quem comandará a região. Não há garantias de que o encerramento do conflito aconteça de fato.
Encontro Netanyahu e Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebe nesta terça-feira (4) na Casa Branca o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que enviará nesta semana uma delegação ao Catar para a retomada das negociações sobre o cessar-fogo em Gaza.
Netanyahu é o primeiro governante estrangeiro convidado à Casa Branca desde o retorno de Trump ao poder, em 20 de janeiro, um símbolo da relação estreita entre o líder israelense e o magnata republicano.
Na segunda-feira, duas fontes do Hamas afirmaram à agência de notícias France Presse (AFP) que o movimento está "pronto" para reiniciar as conversações e aguarda a convocação dos mediadores (Catar, Egito e Estados Unidos).
Trump também deve abordar com Netanyahu o tema da normalização das relações entre Israel e Arábia Saudita, potência regional no Oriente Médio, pelo qual já trabalhou durante seu primeiro mandato.
O acordo de trégua permitiu a interrupção de mais de 15 meses de uma guerra devastadora entre Israel e o movimento islamista Hamas e a libertação de vários reféns israelenses em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinos.
O pacto contempla três fases. A primeira, de seis semanas, também deve servir para negociar os detalhes da segunda, que deve incluir a libertação dos demais reféns ainda vivos e o fim definitivo da guerra.
O conflito começou em 7 de outubro de 2023 com o ataque surpresa do Hamas contra o sul de Israel, que provocou as mortes de 1.210 pessoas, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
Israel respondeu com uma campanha aérea e terrestre contra Gaza que devastou o território e deixou pelo menos 47.487 mortos, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, que a ONU considera confiáveis.
Em seu ataque, os milicianos islamistas também sequestraram 251 pessoas. Destas, 76 permanecem retidas em Gaza, mas o Exército israelense considera que 34 morreram em cativeiro.
Quando a primeira fase da trégua acabar, o Hamas ainda terá quase 50 reféns, entre vivos e mortos.
'Redesenhar' o mapa do Oriente Médio
Antes de viajar, Netanyahu afirmou que "trabalhando de maneira estreita" com Trump seria possível "redesenhar ainda mais" o mapa do Oriente Médio.
O presidente dos EUA gerou polêmica internacional recentemente ao propor "limpar" Gaza e transferir seus habitantes para locais "mais seguros", como Egito e Jordânia, que afirmaram que são contrárias à ideia.
Também questionou a continuidade do acordo de trégua em Gaza, apesar de, no momento do anúncio, poucos dias antes de sua posse, ter reivindicado um papel fundamental na concretização do cessar-fogo.
Seu emissário especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, expressou um leve otimismo e disse que acredita em "libertar os reféns, salvar vidas e chegar a uma resolução pacífica de tudo".
A recusa de Jordânia e Egito a receber os 2,4 milhões de habitantes de Gaza não parece desanimar Trump, que aborda cada desafio diplomático como a negociação de um contrato de negócios.
"Fazemos muito por eles e eles vão fazer", insistiu na quinta-feira da semana passada.
O presidente republicano receberá em 11 de fevereiro o rei Abdullah II da Jordânia e conversou no sábado (1) com seu homólogo egípcio, Abdel Fatah al Sisi.
A Jordânia já abriga quase 2,3 milhões de refugiados palestinos e o Egito tem uma fronteira com a Faixa de Gaza crucial para a entrada da ajuda humanitária que o território tanto precisa.
Em uma mudança expressiva em relação ao seu antecessor, Joe Biden, Trump desbloqueou a entrega a Israel de bombas de 900 quilos que havia sido suspensa pelo democrata. Também anulou as sanções financeiras que o ex-presidente havia determinado contra colonos israelenses acusados de violência contra palestinos na Cisjordânia.
g1
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.