Três suspeitos do Estado Islâmico K (EI-Khorasan) foram acusados de planejar um ataque terrorista, disse o Ministério Público da Bélgica nesta sexta-feira (26). Segundo os promotores, os suspeitos têm nacionalidade russa. Os homens integram um grupo de sete russos que foram detidos pela polícia belga para interrogatório na quinta (25).
Os sete suspeitos foram acusados de preparar um ataque terrorista, mas quatro deles foram liberados nesta sexta após interrogatório, segundo a promotoria belga.
A acusação não deixa claro onde seriam os ataques dos três supostos integrantes do EI-K e nem se há uma relação com os ataques às linhas de trens de alta velocidade na França nesta sexta (26).
O Estado Islâmico-Khorasan (EI-K, ou ISIS-K em inglês), é um braço afegão do grupo terrorista muçulmano que atua de forma regional. (Leia mais sobre o EI-K abaixo)
"Elas são suspeitas, entre outras coisas, de preparar um ataque terrorista. Os alvos específicos do ataque ainda não foram determinados", afirmou o Ministério Público Federal belga em comunicado.
A polícia belga realizou buscas em 14 residências ligadas aos suspeitos ainda na quinta, segundo a promotoria. As buscas ocorreram nas cidades de Antuérpia, Liège e Gante, e na região de Bruxelas. O MP belga disse que os sete suspeitos presos inicialmente, incluindo os três membros do EI-K, têm nacionalidade russa e estavam sob custódia no momento do ataque às linhas de trens de alta velocidade na França.
O ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, agradeceu as autoridades belgas por realizarem "uma operação judicial para nos proteger".
O procurador antiterrorismo francês informou à agência de notícias Reuters que nenhuma prisão ou busca ocorreu na França como parte da investigação, mas não disse se estavam envolvidos na investigação junto com a polícia belga.
Relação França-Bélgica em atentados
Os responsáveis pelos ataques de Paris em 2015, nos quais 130 pessoas foram mortas e 368 feridas, planejaram e coordenaram em grande parte a partir da Bélgica, e vários dos terroristas eram nacionais ou residentes belgas, segundo a Reutres.
Em 2016, os atentados no aeroporto de Bruxelas mataram 34 pessoas e feriram 340. Entre os condenados pelos ataques estava Salah Abdeslam, que também era o principal suspeito no julgamento dos ataques de Paris.
O que é o Estado Islâmico-Khorasan?
Meses depois de o Estado Islâmico declarar um califado no Iraque e na Síria, em 2014, combatentes que saíram do talibã paquistanês se uniram aos militantes no Afeganistão para formar um braço regional. Juraram lealdade ao líder do EI, Abu Bakr al Baghdadi.
O grupo foi reconhecido formalmente pelo comando central do EI no ano seguinte à sua instalação no nordeste do Afeganistão, nas províncias de Kunar, de Nangarhar e do Nuristão.
Também estabeleceu células em outras áreas do Paquistão e do Afeganistão, incluindo Cabul, segundo monitores da ONU.
As últimas estimativas de sua força variam de milhares de combatentes ativos até 500, conforme relatório do Conselho de Segurança da ONU divulgado em julho passado.
"Khorasan" é um nome histórico da região que inclui partes de onde ficam atualmente Paquistão, Irã, Afeganistão e Ásia Central.
Que tipo de ataques o EI executa?
O EI-K reivindicou alguns dos ataques mais violentos dos últimos anos no Afeganistão e no Paquistão.
O grupo massacrou civis nos dois países em mesquitas, santuários, praças e até hospitais, além de ter executado ataques contra muçulmanos de alas que considera hereges - em particular os xiitas.
Em agosto de 2019, o EI-K reivindicou a autoria de um atentado contra os xiitas durante um casamento em Cabul que deixou 91 mortos.
As autoridades suspeitam que o grupo foi o responsável por um ataque, em maio de 2020, que chocou o mundo. Homens armados abriram fogo na maternidade de um bairro de maioria xiita de Cabul. Nele, 25 pessoas morreram, entre elas 16 mães e recém-nascidos.
Nas províncias em que está presente, o EI-K deixou marcas profundas. Seus homens mataram a tiros, decapitaram, torturaram e aterrorizaram os moradores, deixando minas por todos os lados.
Além dos bombardeios e massacres, o EI-Khorasan não conseguiu controlar nenhum território na região e sofreu grandes perdas nas operações militares talibãs e americanas.
Reuters
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