Novembro 23, 2024

Com tensão em alta na Venezuela, Brasil reforça atenção na fronteira e mantém militares de prontidão

O aumento da tensão política na Venezuela às vésperas da eleição presidencial levou o Brasil a reforçar os postos de atendimento na fronteira com o país, nos estados de Roraima e do Amazonas.

A operação Acolhida, que cuida da região, registrou um aumento no número de venezuelanos que chegam ao Brasil nos últimos dias. Além disso, as Forças Armadas estão em "estado de alerta" na região.

Serviços de inteligência, como o da Polícia Federal, vêm informando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a evolução dos acontecimentos no país vizinho.

Equipes que atuam no lado brasileiro da fronteira afirmaram ao blog que os venezuelanos em fuga relatam um clima de tensão no país – e um temor de guerra civil depois das ameaças do atual presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que é candidato à reeleição.

A expectativa é que a Venezuela feche sua fronteira nesta sexta-feira (26) – o país costuma fazer isso antes de eleições presidenciais. A votação está marcada para domingo (28).

Plano de contingência
A Operação Acolhida colocou em ação um plano de contingência preparado exatamente para a véspera da eleição.

A média de venezuelanos cruzando a fronteira passou de 400 entradas por dia para mais de 600 nesta semana. O motivo: o temor de que Maduro feche a fronteira entre os países no período eleitoral – e não reabra ao fim da apuração.

No caso das Forças Armadas, não houve reforço pontual por causa das eleições. O contingente na região foi ampliado desde que Maduro ameaçou anexar a região de Essequibo, na Guiana, à Venezuela.

“Estamos monitorando, sempre tudo. Mas estamos seguros lá. Não há motivo para mais um reforço, além do que já está por lá. O monitoramento é constante”, disse o ministro da Defesa, José Mucio.

Nos últimos dias, no entanto, Lula acertou com Múcio e com os serviços de inteligência que se mantenham em "estado de alerta" nos próximos dias. E que passem relatórios frequentes.

Risco de ruptura
Enquanto isso, nos bastidores, o Itamaraty expressa preocupação com possíveis tentativas de golpe – de Estado, ou militar, ou até mesmo contra o atual presidente Maduro.

O opositor Edmundo González Urrutia tem demonstrado força política, e chega a aparecer na frente de Maduro em pesquisas de opinião.

Assessor especial de Lula para assuntos internacionais, o embaixador Celso Amorim embarca nesta sexta para a Venezuela como um observador internacional da eleição.

Uma ala do governo Lula avaliava que a melhor decisão seria o embaixador Celso Amorim cancelar a viagem, a exemplo da comitiva do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do ex-presidente argentino Alberto Fernández.

Os relatos recebidos pelo Palácio do Planalto são de que Nicolás Maduro, nos últimos dias, está restringindo cada vez mais o acesso a informações sobre as eleições deste domingo.

A ministra do TSE, Cármen Lúcia, que cancelou a ida de técnicos para atuarem como observadores, tomada depois que Maduro afirmou que as eleições no Brasil não são auditadas, o que é uma mentira.

Uma ala avalia que Lula deveria fazer o mesmo. Outra, no entanto, opina que o cancelamento da ida de Amorim teria impacto negativo na relação entre os países – e poderia ser um motivo adicional para Maduro radicalizar ainda mais a reta final das eleições.

g1
Portal Santo André em Foco

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