Setembro 27, 2024

'Guerra fria feelings': navios de guerra russos chegam a Cuba para exercícios militares, e EUA monitoram de perto

Em manobra já vista durante a Guerra Fria, navios de guerra russos chegaram ao porto de Havana, em Cuba, nesta quarta-feira (12) para exercícios militares. Os Estados Unidos disseram que o exercício não representa ameaça, mas estão monitorando de perto, segundo o Conselheiro de Segurança, Jake Sullivan. Espera-se que os navios permaneçam no país caribenho até 17 de junho.

A movimentação elevou as tensões entre EUA e Rússia porque dois dos navios de combate enviados são modernos e têm capacidade nuclear. Porém, o Ministério das Relações Exteriores cubano disse que a visita está dentro das previsões de regulamentações internacionais e que se trata de operação entre dois países com uma amizade histórica.

“Nenhum dos barcos carrega armas nucleares, então a parada no nosso país não representa uma ameaça para a região”, disse o ministério cubano em nota.

A frota enviada a Cuba contém quatro navios:

  • Navio de Guerra Almirante Gorshkov;
  • Submarino nuclear Kazan;
  • Navio de reabastecimento Pashin;
  • Rebocador Nikolai Chiker.

As embarcações Gorshkov e Kazan estão equipadas com mísseis hipersônicos do tipo 3M22 Zircon, que tem alcance de 1.000 quilômetros e superam em nove vezes a velocidade do som. Eles também levam mísseis de cruzeiro Kalibr e mísseis antinavio Onyx, segundo o Ministério da Defesa russo.

A visita é interpretada como uma demonstração de força russa no contexto da piora das relações entre a Rússia e o Ocidente por conta da Guerra da Ucrânia nas últimas semanas. O presidente russo Vladimir Putin disse que poderia utilizar armas nucleares caso sentisse que a soberania do país estivesse ameaçada. Mais recentemente, diante da possibilidade da Ucrânia utilizar armas fornecidas pelos aliados contra a Rússia, Putin ameaçou enviar armamentos a países aliados.

O governo dos EUA está monitorando a movimentação dos navios russos e designou uma frota para os acompanhar, que inclui três destróieres lançadores de mísseis, um navio da Guarda Costeira e uma aeronave de patrulha marítima, segundo a imprensa americana.

A caminho para Cuba, os navios russos realizaram exercícios militares no Oceano Atlântico, em que simularam ataques a alvos marítimos a 600 quilômetros de distância com mísseis hipersônicos, segundo o Ministério de Defesa russo.

Guerra fria "feelings"
A história pesa muito em Cuba, especialmente quando se trata da Rússia. Durante a Guerra Fria, entre 1947 e 1991, EUA e União Soviética (que continha a Rússia) protagonizaram uma corrida armamentista sob altas tensões.

Um dos capítulos da Guerra Fria foi a Crise dos Mísseis Cubanos, em 1962, quando a União Soviética respondeu ao lançamento americano de mísseis na Turquia enviando mísseis balísticos para Cuba, desencadeando uma queda de braço que levou o mundo à beira da guerra nuclear.

Ouvido pela Reuters, o professor William Leogrande da American University disse que o envio de navios a Cuba desta vez acontece no contexto da pior crise social e econômica de Cuba em décadas, com escassez de alimentos, remédios e combustíveis, e crescente descontentamento nas ruas.

"O movimento russo tem ecos da Guerra Fria, mas, ao contrário da primeira Guerra Fria, os cubanos são atraídos por Moscou não por afinidade ideológica, mas por necessidade econômica", disse Leogrande.

Entretanto, o professor alertou que a visita é uma demonstração de poder russo ao governo americano. Havana está a apenas 160 quilômetros de Key West, Flórida, onde fica uma Estação Aérea Naval dos EUA. Dadas as tensões na Ucrânia, a visita russa sugere mais do que "prática padrão", segundo Leogrande.

"A presença dos navios de guerra russos em Cuba são a forma de Putin lembrar a Biden que Moscou pode desafiar Washington em sua própria esfera de influência", disse Leogrande.

Marinha americana vai monitorar exercícios
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022, a relação do governo russo com os EUA piorou. Segundo autoridades americanas, é comum que navios russos naveguem pelo Oceano Atlântico, mas desde o começo da guerra essa atividade se intensificou.

Os EUA não consideram a chegada de um pequeno número de aviões e navios uma ameaça, mas a Marinha americana vai monitorar os exercícios, disse um oficial dos EUA na semana passada.

"Já vimos esse tipo de coisa antes e esperamos ver esse tipo de coisa novamente, e não vou interpretar isso como motivos particulares", disse o Conselheiro de Segurança dos EUA, Jake Sullivan.

Sullivan disse que não havia evidências de transferência de mísseis russos para Cuba, mas que os EUA permaneceriam vigilantes.

Guerra na Ucrânia
Desde o começo da guerra, países do Ocidente deram armas para que a Ucrânia se defendesse da invasão russa.

Recentemente, houve uma mudança: os governos dos países aliados da Ucrânia permitiram que as forças ucranianas usem essas armas para atacar território russo.

Na quarta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que essa decisão é uma escalada séria, e que, se essas armas forem empregadas, provavelmente isso será feito com o uso de militares e sistemas dos países ocidentais.

O presidente Joe Biden, dos EUA, não autorizou a Ucrânia a usar todas as armas fornecidas pelos EUA contra território russo —os mísseis ATACMS, que têm alcance de até 300 km, não podem ser empregados contra a Rússia.

Putin afirmou que se forem usados ATACMS americanos ou mísseis Storm Shadow, do Reino Unido, Moscou vai responder de maneira mais forte. Veja o que o presidente russo afirmou:

“Nós vamos melhorar nossas defensas aéreas para destruí-los. Em segundo lugar, se alguém pensa que é possível enviar armas como essas a uma zona de guerra para atacar nosso território e criar problemas para nós, então por que nós não teríamos o direito de enviar as nossas armas de mesma classe para regiões do mundo onde ataques podem ser feitos contra instalações dos países que fazem isso contra a Rússia? A resposta pode ser assimétrica. Se virmos que esses países estão sendo atraídos para uma guerra contra a Federação Russa, nós nos damos o direito de agir de forma igual."

g1
Portal Santo André em Foco

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