Novembro 23, 2024

Decisão de Trump de sair da Síria fortalece, de uma só vez, regime de Assad, Rússia e Estado Islâmico

Os EUA avançaram na sua intenção de abandonar os aliados curdos na Síria à sua própria sorte e ampliaram a retirada de todas as tropas do Norte do país, o equivalente a mil militares. A decisão do presidente Donald Trump, revelada pelo secretário de Defesa, Mark Esper, configura um novo cenário para a guerra síria, com consequências drásticas para a região.

Abriu caminho para as forças turcas e também para o ditador Bashar al-Assad, que agora tem a chance de retomar as áreas abandonadas no nordeste do país. A retirada americana deixou ainda os curdos sem opção: foram obrigados a recorrer ao regime sírio, aliado da Rússia e inimigo dos EUA, como a alternativa mais viável à sua proteção.

À medida que a Turquia avança na direção do território curdo na Síria, vista pelo presidente Recep Tayyip Erdogan como reduto de do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), inimigo e sinônimo de terrorismo, outro sinal de alarme se acende: a recuperação do Estado Islâmico com a libertação de prisioneiros. Estima-se que nos últimos dias pelo menos 500 fugiram de prisões, valendo-se do caos que reina na região.

A presença americana para respaldar as Forças Democráticas Sírias (SDF, na sigla em inglês), lideradas pelos curdos, era a garantia de estabilidade da região e estratégica para o combate ao Estado Islâmico. Graças a esta aliança entre os EUA e as SDF, o grupo terrorista perdeu força em sua tentativa de instaurar um califado no território. Mais de 10 mil simpatizantes foram feitos prisioneiros.

No momento em que Trump decide pular fora da Síria sem honrar compromissos, seus aliados curdos se veem traídos e, diante da ameaça real de enfrentar o exército turco, selaram um acordo com o ditador Assad. O resultado foi imediato: na manhã desta segunda-feira, tropas leais ao regime retomaram cidades do nordeste do país.

Como resumiu o analista Paul Waldman, no “Washington Post”, mais uma vez, o presidente americano escolheu o caminho mais estúpido: “Nossa presença lá estava ajudando a evitar uma conflagração. Qualquer um poderia ter dito a Trump -- e, de fato, parece que todo mundo estava dizendo a ele -- que uma retirada rápida tornaria as coisas muito piores, tanto a curto prazo para os curdos quanto a longo prazo para a política externa dos EUA.”

G1
Portal Santo André em Foco

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