Pressionada pela comunidade internacional após o bombardeio que matou sete integrantes da ONG World Central Kitchen, o governo de Israel reabriu nesta sexta-feira (5) uma segunda passagem para a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
O governo israelense também disse que passará a permitir o uso de um porto no sul do país para que países e organismos internacionais enviem a ajuda ao território palestino.
A partir desta sexta, a passagem de Erez -- que faz fronteira entre o sul de Israel e o norte da Faixa de Gaza -- passa a ficar aberta. Esse acesso, uma das únicas saídas para moradores de Gaza em direção a Israel, estava fechado desde o ataque do Hamas, em 7 de outubro.
Esse acesso ao território palestino estava fechado, inclusive para a entrada de ajuda humanitária, desde o início da guerra. Caminhões com ajuda humanitária só podiam entrar no território pela passagem de Rafah, na fronteira entre o sul de Gaza e o Egito, e onde enfrentam filas quilométricas.
Por isso, para que a ajuda chegasse até o norte de Gaza, era preciso levá-la por carro -- como fazia o comboio da World Central Kitchen atingido por um bombardeio das Forças Armadas de Israel na segunda-feira (1º).
Porto
O governo israelense também autorizou o uso temporário do porto de Ashdod, no sul de Israel, seguindo as exigências dos Estados Unidos de elevar o fornecimento de ajuda humanitária para Gaza.
Durante telefonema com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na quinta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, exigiu medidas "específicas e concretas" para aliviar a crise humanitária em Gaza e ameaçou impor restrições do apoio norte-americano ao país.
A crescente pressão sobre Israel ocorreu após a morte dos integrantes da World Central Kitchen em um ataque israelense na segunda-feira, o que desencadeou uma indignação global com os problemas de fornecimento de ajuda ao território palestino.
Uma reunião do gabinete de segurança de Israel na quinta-feira aprovou medidas imediatas para aumentar a ajuda humanitária à população civil em Gaza, segundo um comunicado.
Além de reabrir o ponto de passagem de Erez, o gabinete de segurança também aprovou o aumento da ajuda vinda da Jordânia por meio do ponto de passagem de Kerem Shalom, informou o comunicado.
A medida foi bem recebida pelo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que disse que o impacto da medida teria que ser medido ao se evidenciar uma situação melhor em Gaza, onde as agências de ajuda humanitária têm alertado sobre um risco crescente de fome.
"Na verdade, a prova está nos resultados, e nós os veremos nos próximos dias, nas próximas semanas", disse Blinken, falando ao lado de líderes da União Europeia na Bélgica.
A decisão de reabrir a passagem de Erez, o principal ponto de passagem de Israel para o norte de Gaza antes da guerra, representou uma grande mudança depois que as autoridades israelenses rejeitaram anteriormente os pedidos de abertura de mais pontos de entrada em Gaza.
A UNRWA, a principal agência de ajuda da Organização das Nações Unidas (ONU) em Gaza, também saudou a reabertura das passagens, mas disse que Israel precisa fazer mais.
"Apelamos às autoridades israelenses para que revertam a decisão que proíbe a UNRWA de chegar ao norte de Gaza com suprimentos de alimentos", disse a agência em um comunicado.
No mês passado, a agência disse ter sido informada que Israel não aprovaria mais comboios de alimentos para o norte, onde a crise humanitária é mais aguda.
Israel tem enfrentado crescente pressão internacional para fazer mais para ajudar os civis em Gaza, onde a maioria da população foi expulsa de suas casas e agora depende de ajuda para sobreviver.
Reuters
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