Com um discurso vigoroso e muito político aos congressistas, Joe Biden procurou acalmar o seu próprio partido em relação aos temores persistentes sobre sua idade e à capacidade para conduzir, até aos 86 anos, o país num segundo mandato.
No púlpito do Capitólio, o presidente americano comportou-se como um candidato, atacou o adversário Donald Trump sem pronunciar seu nome, mas referindo-se a ele 13 vezes como “meu antecessor”.
Num campo hostil, entre membros da maioria republicana da Câmara, ele demarcou as diferenças em relação ao ex-presidente, tratando a corrida presidencial de novembro como existencial e definidora para a democracia e o futuro dos EUA.
“A questão que a nossa nação enfrenta não é a idade que temos, mas a idade das nossas ideias”, atestou.
O presidente tentou passar uma visão otimista de sua gestão e concentrou-se nos direitos reprodutivos e nas ameaças que o país enfrentará, caso o ex-presidente regresse ao poder. ““Meu Deus, que outras liberdades você tiraria?”
Biden desferiu sucessivos golpes no antecessor — na atuação durante a pandemia, no combate à China, em relação à violência armada e, sobretudo, pela incitação de partidários na invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.
Em alguns momentos, fez questão de incluir os republicanos em suas provocações. “Alguns de vocês aqui procuram enterrar a verdade sobre o que aconteceu naquele dia”.
Biden falou alto e passou energia no discurso que está sendo tratado como o mais importante de sua presidência. Ao contrário do tom habitual dos pronunciamentos sobre o Estado da União, o desta quinta-feira teve caráter eleitoreiro.
Mais de uma vez, a claque de democratas respondeu às palavras do presidente com gritos de “mais quatro anos”.
“O Biden que apareceu ao lado do ringue na noite de quinta-feira era um tipo de animal completamente diferente. Apaixonado, agressivo, focado – ele veio ansioso para calçar as luvas. Houve momentos em que ele exagerou, prometendo mais do que poderia cumprir, mas os democratas sentiram a energia correndo novamente em suas veias”, resumiu o professor David Gergen, da Harvard Kennedy Scholl, que atuou como conselheiro político de presidentes dos dois partidos à rede CNN.
Foi um discurso coerente com o momento político — o de um presidente impopular, mostrando-se pronto para enfrentar uma revanche com o antecessor, mas pouco disposto, desta vez, a propor reconciliação ou unidade nacional.
g1
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