O corpo do brasileiro Matheus Gaidos, que foi morto a tiros por brincar com o cachorro de um homem, em Oakland, Califórnia, Estados Unidos, no dia 21 de junho deste ano, foi liberado para translado nesta sexta-feira (28) e deve chegar na capital paulista na manhã deste domingo (30).
O g1 acompanha o drama da mãe de Matheus, Isabel Martines, desde o fim de junho por conta da demora na liberação do corpo para enterro. De acordo com Isabel, o velório e enterro devem ocorrer entre domingo e segunda, mas ainda não há horários previstos.
"Ainda não me sinto aliviada, porque só vou sentir quando puder me despedir do meu filho. Não vejo a hora que essa ferida seja fechada", disse Isabel Martines.
Assassinato
O crime foi registrado no dia 21 de junho. Matheus trabalhava como entregador de flores, quando encontrou um homem que passeava com animais de estimação acompanhado de uma mulher.
Houve uma discussão, e o dono dos animais atirou. Em 27 de junho, a polícia divulgou imagens dos suspeitos e passou a oferecer uma recompensa de até U$ 10 mil (R$ 48 mil) por informações. O suspeito foi preso em 6 de julho.
"Quando fiquei sabendo da morte do Matheus, eu comprei passagem no mesmo momento e fui para Oakland, onde foi o crime. Só que nem me deixaram ver o corpo, porque ele já tinha sido reconhecido e não precisavam que eu reconhecesse. Eu não o vi. Agora, eu só quero poder enterrar meu filho e que os responsáveis por essa crueldade fiquem presos", ressaltou a mãe.
Em nota, o Itamaraty informou que o "Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em São Francisco, tem prestado assistência consular aos familiares do nacional brasileiro".
"Em caso de falecimento de cidadão brasileiro no exterior, os consulados brasileiros poderão prestar orientações gerais aos familiares, apoiar seus contatos com o governo local e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito, tão logo terminem os trâmites obrigatórios realizados pelas autoridades locais", diz a nota.
Ainda conforme o Itamaraty, "em observância ao direito à privacidade e ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012", o órgão não pode fornecer dados específicos sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros.
'Meu filho era uma pessoa incrível'
Matheus morava nos Estados Unidos havia cinco anos e estava morando em São Francisco. Segundo a mãe, ele resolveu se mudar de São Paulo para conseguir uma melhor condição de vida.
"Sempre moramos na Zona Leste, e ele queria poder ter uma condição de ganhar melhor. Então, ele foi primeiro para a Austrália. Depois, resolveu ir para os Estados Unidos. Trabalhou como motorista por aplicativo e havia cerca de um ano estava como entregador de flores. Todo ano eu o visitava, mas neste ano eu não consegui. Mas ele estava programando vir para São Paulo em agosto. Não deu tempo", contou.
Conforme a mãe, amigos contaram que Matheus estava realizando uma entrega de flores na cidade vizinha, Oakland, no dia 21 de junho. Era a última entrega antes de retornar para a casa.
"Enquanto aguardava a pessoa para entregar, ele se conectou a um jogo online. Foi neste momento que houve o assassinato, e os amigos ouviram. Disseram que ouviram Matheus elogiar o cachorro. Nisso, o homem atirou", diz Isabel.
"O meu filho era uma pessoa incrível. Tirava a roupa do corpo para ajudar as pessoas. Tinha muitos, mas muitos amigos. Era muito inteligente, sempre tinha uma palavra amiga para amenizar e ajudar todos. Estou dilacerada com a crueldade que fizeram com ele. Se briga, morre, mas se elogia, também?"
Uma câmera de segurança registrou o momento em que Matheus encontrou o homem que passeava com dois cachorros. O vídeo divulgado pela imprensa dos EUA mostra uma breve discussão entre os dois momentos antes de o dono dos animais atirar.
"O homem também estava acompanhado de uma mulher, que não fez nada. Nem socorreram meu filho. Ela foi cúmplice do crime", diz a mãe.
Matheus foi levado para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. "A polícia analisou o vídeo e divulgou a foto do homem. Ofereceram recompensa para quem denunciasse. Eu vou acompanhar todo o processo para que a Justiça seja feita."
Isabel conta que terá apoio do governo da Califórnia e da empresa que trabalha para o translado.
"Fizemos missa de sétimo dia, mas é tão estranho não ter velado e enterrado o corpo ainda. Ele era meu parceiro. Tínhamos um ao outro. Minha vida era para o Matheus."
Agência Brasil
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