Novembro 26, 2024

Putin e líder do grupo Wagner se encontraram após motim, diz Kremlin

O Kremlin disse nesta segunda-feira (10) que o presidente russo, Vladimir Putin, se reuniu com o chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, cinco dias após a rebelião de parte do marchar em direção a Moscou em uma rebelião de curta duração.

Esta é a primeira vez que autoridades russas afirmam que houve um encontro entre os dois ex-aliados após o motim, que transformou as relações entre o grupo Wagner o governo russo.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres que Putin convidou 35 pessoas para a reunião, incluindo comandantes de unidade, e que durou três horas. Os mercenários disseram a Putin que eram seus soldados e continuariam a lutar por ele, disse Peskov.

O motim vem sendo visto como um dos maiores desafios ao poder de Putin desde que o líder russo assumiu o cargo de líder supremo da Rússia no último dia de 1999. A rebelião durou cerca de 24 horas (leia mais abaixo) e foi neutralizado por um acordo mediado pelo presidente de Belarus, Alexander Lukashenko.

Desde então, Putin agradeceu ao Exército e aos serviços de segurança por evitar o caos e a guerra civil. O líder russo fez uma série de pronunciamentos após a rebelião, mas, em nenhum deles, citou o encontro com Prigozhin.

Um dos pontos do acordo entre as duas partes, inclusive, previa que Prigozhin se exilaria em Belarus. Mas, na semana passada, Lukashenko disse que o chefe do grupo Wagner não estava mais em seu país, sem dar explicações.

A rebelião
O motim do grupo Wagner aconteceu no fim de junho e foi um dos principais capítulos da guerra na Ucrânia deste ano.

Em cerca de 24 horas, o grupo - uma organização russa de mercenários que luta na guerra da Ucrânia ao lado das tropas de Moscou - disse ter sido bombardeado por mísseis russos, organizou uma rebelião, tomou o controle de uma cidade e esteve a ponto provocar um conflito em Moscou.

As tensões entre o Grupo Wagner e o Kremlin não são novas - desde o ano passado, Prigozhin já vem criticando Moscou e mostrando sua insatisfação com aspectos como a falta do envio de armas e equipamentos para suas tropas, que lutam em várias frentes de batalha da Ucrânia ao lado da Rússia.

Mas a rebelião fez a tensão escalar e chegar muito perto de um conflito direto entre as duas tropas em plena capital russa.

Veja a seguir uma cronologia com os principais episódios da rebelião (o fuso horário usado como referência é o do Brasil):

Manhã de sexta-feira (23 de junho)
Depois de meses de cobranças e críticas ao Ministério da Defesa russo, Prigozhin decide subir o tom e chama a versão do Kremlin para a guerra na Ucrânia de "mentiras inventadas". Acusa o ministro da pasta, Serguei Shoigu, de ter ludibriado Putin para a guerra.

"O Ministério da Defesa está tentando enganar a sociedade e o presidente e nos contar uma história sobre como houve uma agressão louca da Ucrânia e que eles planejavam nos atacar com toda a Otan (...) A guerra era necessária ... para que Shoigu pudesse obter uma segunda medalha (...) A guerra não era necessária para desmilitarizar ou desnazificar a Ucrânia (o principal argumento de Putin à época da invasão."

Tarde de sexta-feira (23)
Cerca de cinco horas depois da dura declaração, o líder do Grupo Wagner volta a emitir um comunicado no qual acusa o Ministério de Defesa da Rússia de haver bombardeado com mísseis bases de sua organização na Ucrânia, matando vários combatentes. Ele promete retaliação.

Moscou nega o ataque.

Noite de sexta-feira (23)
Priogozhin anuncia uma ofensiva de seus soldados na Rússia. Parte das tropas do Grupo Wagner deixa suas bases na Ucrânia, cruza a fronteira com a Rússia e chega à cidade de Rostov-on-Dom, no sul do país.

Ele afirma que seus homens vão "destruir qualquer um que ficar no caminho".

Em Rostov, os mercenários ocupam a sede das Forças Armadas e afirmam ter tomado a cidade. Eles dizem também haver derrubado um helicóptero russo.

O Kremlin não confirma, mas a segurança em Moscou é reforçada.

O FSB, o serviço de segurança russo, anuncia ter aberto um processo criminal contra Prigozhin por motim.

Madrugada de sábado (24)
Moscou eleva o alerta de segurança, colocando tanques nas ruas e milhares de militares. Os acessos à Praça Vermelha são fechados.

Prigozhin pede um encontro com o ministro da Defesa e com o chefe das Forças Armadas da Rússia e diz que, caso contrário, suas tropas entrarão na capital russa.

Manhã de sábado (24)
Vladimir Putin, que ainda não havia se manifestado desde o início da crise, faz pronunciamento à nação pela TV. Ele chama a rebelião de seu ex-amigo de "facada nas costas" e promete punir quem trair as Forças Armadas do país.

Prigozhin retruca, diz que não pretende fazer um golpe, mas lutar por Justiça. Ele diz que suas tropas chegaram a uma distância de 200 quilômetros de Moscou, já fortemente blindada.

Tarde de sábado (24)
Diante das tensões, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, um forte aliado de Putin, afirma ter intermediado uma negociação entre os dois lados, e que as partes chegaram a um acordo.

Pouco depois, Prigozhin, em uma mensagem de áudio, afirma que vai recuar e que ordenou a retirada de suas tropas perto de Moscou. Ele não confirma a negociação anunciada por Lukashenko mas diz querer evitar um "banho de sangue" na capital russa.

Na sequência, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirma o acordo intermediado por Belarus e diz que a Rússia vai retirar as acusações criminais contra Prigozhin e não perseguirá o agora ex-amigo de Putin nem os membros do Grupo Wagner que participaram da rebelião. Diz ainda que o líder dos mercenários será exilado em Belarus.

Noite de sábado (24)
Prigozhin é visto deixando Rostov em um carro, acompanhado de outros militares.

Tanques e tropas do Grupo Wagner deixam por completo a cidade do sul da Rússia, retornando para suas bases na Ucrânia, e ruas de Moscou são desbloqueadas.

g1
Portal Santo André em Foco

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