O presidente Lula vai receber na próxima segunda-feira (30) o chanceler alemão Olaf Scholz, sob pressão para fazer andar o acordo do Mercosul com a União Europeia.
A atenção em avançar o acordo comercial acontece após as primeiras viagens internacionais de Lula, que deram indícios de que a unidade do bloco com os países vizinhos pode estar por um fio.
O protecionismo tem sido o maior obstáculo para o acordo com a União Europeia andar.
Durante ida à Argentina para a Celac, o presidente Lula enfatizou aos países do Mercosul que a prioridade será fechar, primeiro, um acordo comercial do bloco com a União Europeia.
Não à toa, sabendo da insistência do governo uruguaio em fechar com a China um acordo bilateral, o presidente brasileiro fez questão de, na volta, fazer uma parada no Uruguai e ter nova conversa com Luis Lacalle Pou.
O governo uruguaio tem avançado em negociações com a China por um acordo de livre comércio independente do Mercosul (formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), o que é visto pelos integrantes do bloco como um fator de preocupação, já que rompe com as regras dos países. Por isso, Lula tentou evitar a assinatura do acordo.
A avaliação de integrantes do Itamaraty, porém, é de um saldo positivo na viagem. Para fontes ouvidas, Lula "soube dialogar com grande habilidade" com o anfitrião uruguaio.
"Lula botou as prioridades no lugar: fechar primeiro com a União Europeia, diante do pleito uruguaio de abrir-se ao mundo”, disse um interlocutor.
As sinalizações, os recados e a agenda dos últimos dias marcam, portanto, uma forte pauta de trabalho para este início de governo nas Relações Exteriores: avançar com acordo União Europeia-Mercosul e evitar que o bloco sul-americano se enfraqueça.
Não à toa, uma das reuniões bilaterais de Lula em Buenos Aires foi com o Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que defendeu conclusão do acordo comercial. Enquanto no Brasil o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) recebia o vice-presidente Executivo da Comissão Europeia Frans Timmermans.
Portanto, Lula deve ter no cardápio do encontro com o Chanceler alemão Olaf Scholz a intenção de fechar o acordo, além de outros assuntos, como debater a proteção ambiental e o crescimento da extrema direita no mundo.
Macron e Sánchez se preparam para vir ao Brasil
Quem também se prepara para visitar o Brasil são os presidentes da França, Emmanuel Macron e espanhol Pedro Sánchez. Os dois líderes receberam Lula ainda como pré-candidato, durante um giro pela Europa, em novembro de 2021.
A viagem de Macron ao Brasil está mais adiantada. Segundo interlocutores do presidente Lula, "Macron está na cabeceira da pista".
A avaliação é de que líderes europeus esperavam o resultado das eleições para decidir se incluíam o Brasil nas visitas à América do Sul.
"Com a confirmação da alternância de poder, decidiram vir. No outro cenário, de continuidade, não viriam", contou uma fonte.
A União Europeia é o principal investidor na América Latina, e o terceiro maior cliente comercial. Apesar de já ter sido fechado há algum tempo, o acordo entre Mercosul e União Europeia ainda precisa ser ratificado.
Este acordo resultaria na eliminação progressiva de tarifas de produtos europeus nos setores de alimentação, do agro, de vestuário e calçados, além de setores automotivo, farmacêutico, de maquinário, entre outros.
g1
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