Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e China, Xi Jinping, conversaram por mais de duas horas, nesta quinta-feira (28), sobre as tensões crescentes em torno de Taiwan, as disputas comerciais e a aposta de manter o equilíbrio entre ambas as potências.
Em meio a tensões evidentes, a conversa durou duas horas e 17 minutos, segundo a Casa Branca, e foi a quinta cúpula virtual entre os dois líderes desde que Biden assumiu o cargo há um ano e meio.
"Aqueles que brincam com fogo acabam se queimando", disse Xi a Biden, segundo declarações da agência Xinhua. "Espero que o lado americano entenda isso", acrescentou.
Pequim e Washington já estavam em desacordo sobre o comércio e, agora, as divergências sobre Taiwan aumentaram.
"As tensões sobre o comportamento agressivo e coercitivo da China na Ásia-Pacífico" estarão no topo da agenda, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.
A mais recente fonte de atrito até o momento é uma possível viagem da presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, a Taiwan.
A China considera a ilha como uma de suas províncias históricas e reivindica sua soberania. Opõe-se, portanto, a qualquer iniciativa que dê legitimidade internacional às autoridades taiwanesas e a qualquer contato oficial entre Taiwan e outros países.
Embora autoridades americanas de alto escalão visitem frequentemente Taiwan, a China considera a viagem de Pelosi, uma das principais personalidades do Estado, uma grande provocação.
Washington terá de "assumir todas as consequências" dessa possível visita, que Pelosi ainda não confirmou, alertou Pequim na quarta-feira (27).
O chefe do Estado-Maior dos Estados Unidos, general Mark Milley, disse à imprensa que, se Nancy Pelosi pedir "apoio militar", ele "fará o que for necessário" para garantir que transcorra com segurança.
'Salvaguardas'
As tensões em torno desta viagem são apenas parte do problema. Os Estados Unidos temem que o presidente Xi Jinping esteja considerando o uso da força para impor o controle sobre Taiwan.
Até pouco tempo atrás, uma invasão era considerada improvável, mas os observadores estão mudando de ideia e não descartam mais essa hipótese.
As declarações contraditórias de Joe Biden sobre Taiwan — em maio disse que os Estados Unidos defenderiam a ilha e, mais tarde, a Casa Branca insistiu em que estava mantendo a chamada política de "ambiguidade estratégica" — não ajudaram.
Ainda que Biden se gabe de ter um relacionamento próximo com Jinping, eles não se veem desde que assumiu o cargo, um distanciamento causado, em grande parte, pelas restrições da Covid-19.
Segundo a Casa Branca, o principal objetivo de Biden é estabelecer "salvaguardas" para as duas superpotências para evitar um conflito aberto.
Biden "quer ter certeza" de que "as linhas de comunicação com o presidente Jinping permaneçam abertas em todas as questões, sejam aquelas com as quais concordamos, ou com as quais temos dificuldades significativas, para que sempre possam pegar o telefone e falar francamente", explicou Kirby.
Questionado se Biden poderia suspender algumas das tarifas de 25% impostas por seu antecessor, o republicano Donald Trump, sobre bilhões de dólares em produtos chineses, o porta-voz disse que nenhuma decisão foi tomada ainda.
"Acreditamos [...] que as tarifas estabelecidas por seu antecessor foram mal planejadas. Acreditamos que aumentaram os custos para as famílias americanas e pequenas empresas, bem como para os agricultores", afirmou, criticando, porém, "as práticas comerciais danosas da China".
"Não tenho nenhuma decisão para anunciar sobre tarifas", concluiu.
AFP
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.