O Partido Conservador do Reino Unido perdeu eleições na região de North Shropshire, um reduto que historicamente elege conservadores –a derrota pode levantar dúvidas sobre a liderança do primeiro-ministro Boris Johnson no partido. Os resultados oficiais foram anunciados nesta sexta-feira (17).
O Partido Conservador perdeu as eleições de North Shropshire depois de vencer as votações na região durante quase 200 anos.
A eleição em North Shropshire foi considerada uma espécie de votação sobre o desempenho de Johnson. Seu governo passou por uma série de escândalos recentes. Johnson e o Partido Conservador tiveram quedas de popularidade nas pesquisas de opinião pública.
A região tem 80 mil eleitores. Na votação de quinta-feira, ela passou a ser dominada pelo Partido Liberal-Democrata, cuja candidata, Helen Morgan, venceu com quase 6.000 votos a mais que o representante conservador.
O resultado pode agravar o descontentamento no partido a respeito de Johnson, que enfrentou uma rebelião de 25% da bancada conservadora (99 de 361 deputados) na terça-feira na votação das novas restrições contra a Covid.
Johnson perde apoio no Parlamento
Em plena onda da pandemia, com um recorde de contágios registrado na quinta-feira (mais de 88 mil), Johnson precisou do apoio da oposição trabalhista para conseguir aprovar as novas medidas restritivas.
A candidata vencedora em North Shropshire afirmou que os eleitores enviaram uma mensagem "clara" a Johnson de que "o jogo acabou".
Helen Morgan sucede Owen Paterson, que representava a região desde 1997 e venceu por maioria as eleições de 2019.
Paterson foi obrigado a renunciar recentemente, pois foi acusado de pressionar integrantes do governo de Johnson para defender os interesses de duas empresas para as quais atuava como consultor remunerado, um escândalo que afetou o primeiro-ministro.
Antes do anúncio do resultado, o deputado conservador Edward Timpson reconheceu ao canal Sky News que seria uma noite muito difícil para o partido.
E um porta-voz liberal-democrata previu um desastre para Johnson na eleição, que teve uma participação reduzida de 46,3%, longe dos 62,9% registrados em 2019.
Agora, o primeiro-ministro pode ser ameaçado pelo envio de cartas de desconfiança dos membros do partido, um trâmite necessário para desencadear uma votação interna para afastá-lo da liderança.
O jornal conservador "The Daily Telegraph" informa que alguns deputados sugeriram de maneira privada que a perda de North Shropshire seria o último prego no caixão da liderança de Johnson.
Se perder a liderança do partido, Johnson terá que deixar também o governo do Reino Unido, como aconteceu com sua antecessora Theresa May em 2019.
Doses de reforço para popularidade
A situação é diferente daquela do mês de maio, quando os conservadores, que estavam com grande popularidade graças ao sucesso da campanha de vacinação contra a Covid-19, conquistaram no voto a região de Hartlepool, que tradicionalmente vota no Partido Trabalhista.
Agora o coronavírus volta a ser uma grande preocupação entre os britânicos. Houve uma disparada sem precedentes de casos. Eventos têm sido cancelados, e recomenda-se limitar as interações.
Para evitar que os hospitais entrem em colapso, o governo Johnson estabeleceu a meta gigantesca de oferecer uma dose de reforço da vacina contra a Covid a todos os adultos até o fim de ano.
O desafio logístico implica um milhão de injeções por dia e mais centros de vacinação foram abertos - com funcionamento por mais horas. Nada garante que, mesmo que a meta seja alcançada, isto será suficiente para devolver ao líder conservador a popularidade perdida.
g1
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