Uma reportagem publicada por um portal de jornalismo investigativo do México revela novos subornos realizados pela construtora brasileira Odebrecht no país, entre os anos de 2006 e 2011, no valor de US$ 9,2 milhões.
As informações foram retiradas de documentos do departamento de operações estruturadas, o setor da companhia que pagava propina a funcionários de governos do Brasil e de países da América Latina e da África.
A reportagem do site Quinto Elemento revela que, entre os anos de 2006 e 2011, durante o governo de Felipe Calderón, a Odebrecht realizou 25 pagamentos ilegais a pelo menos seis pessoas.
O departamento de "caixa dois" da construtora utilizava codinomes e pseudônimos para identificar os beneficiados pelos subornos, por isso não é possível saber ainda os nomes dos mexicanos envolvidos no esquema de corrupção.
Mas, pelos dados obtidos pelos jornalistas, somente em 2011 foram realizados 22 depósito ilegais para a construção de uma barragem no estado de Michoacán, no oeste do México.
A barragem começou a ser construída em 2007, e o contrato com a Odebrecht foi assinado por Lázaro Cárdenas Batel, ex-governador de Michoacán e atual chefe dos assessores do presidente Andrés Manuel Lopez Obrador.
Histórico de propinas
Até então, o que se sabia era que a Odebrecht pagou US$ 10,5 milhões a Emilio Lozoya, ex-presidente da Pemex (a empresa estatal de petróleo do México, equivalente à Petrobras), entre 2010 e 2014, durante o governo do ex-presidente Enrique Peña Nieto.
Os subornos foram realizados para fechar o contrato de construção de uma refinaria antes mesmo de ele assumir o cargo, pois Lozoya era visto pela Odebrecht como um nome de muito poder na política mexicana.
Os pagamentos ilegais foram confirmados pelos diretores da Odebrecht em depoimentos à Justiça, e Lozoya fechou um acordo com a Justiça do país para delatar outras figuras públicas que possam ter envolvimento com o caso Odebrecht e aguarda o andamento das investigações em liberdade.
Sequência das investigações
O importante agora é saber como a Justiça mexicana vai agir diante dessas novas denúncias e se esses documentos serão solicitados de maneira oficial à Justiça brasileira, para que os beneficiados pelos pagamentos ilegais sejam identificados.
Desde o início das investigações do caso Odebrecht, enquanto a Justiça peruana já entrou com mais de 170 pedidos de colaboração ao Ministério Público do Brasil, os promotores mexicanos pediram apenas 16. O último foi há um ano e meio.
O portal de jornalismo investigativo Quinto Elemento faz parte da rede colaborativa de profissionais latino-americanos que há anos acompanha as investigações do caso Odebrecht e da Operação Lava Jato na região.
O projeto é coordenado por uma organização peruana que teve acesso a mais de 250 páginas de relatórios enviados pela Justiça brasileira ao Ministério Público do Peru.
Além do México e do Peru, os documentos revelam também pagamento de subornos na Argentina, na Venezuela, na República Dominicana e no Panamá.
RFI
Portal Santo André em Foco
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