O presidente Joe Biden e o primeiro-ministro Boris Johnson procuraram dissipar as tensões que movimentaram a dupla num passado recente. Do primeiro encontro, na costa da Cornualha, só saíram elogios.
Para o premiê britânico, que outrora bajulava Donald Trump, o atual presidente americano representa “uma lufada de ar fresco”. Biden, que já se referiu a Johnson como o clone de seu antecessor, mostrou-se radiante após a reunião.
Ambos reeditaram a Carta do Atlântico, firmada há 80 anos, na qual Frankin Delano Roosevelt e William Churchill estabeleceram um ambicioso planejamento para o pós-guerra. Na versão atual, o documento prevê que EUA e Reino Unido retomem o relacionamento especial e trabalhem juntos basicamente em outro desafio: o pós-pandemia.
Se Biden e Johnson se esforçaram para transparecer o clima de cooperação mútua, ainda há fortes divergências entre os dois. O Brexit quase ofuscou o clima deste primeiro encontro.
Ao contrário de Trump, o atual presidente americano, que se diz orgulhoso de sua ascendência irlandesa, nunca endossou a saída do Reino Unido da União Europeia. Mas, diante do irremediável, mandou avisar Johnson que não permitiria que o Brexit enfraquecesse a paz na Irlanda do Norte, assegurada em 1998 pelo Acordo da Sexta-Feira Santa.
A Irlanda do Norte ainda é o grande imbróglio no divórcio entre o Reino Unido e a UE. O protocolo firmado entre Londres e Bruxelas, com o objetivo de evitar uma fronteira física entre a província britânica e a Irlanda, que integra o bloco europeu, não foi implementado pelo premiê.
Biden não demonstra interesse nas negociações, que estancaram: apenas adverte que elas não reacendam as tensões sectárias na Irlanda do Norte, segundo um documento a que o jornal britânico “The Times” teve acesso.
Boris Johnson, por sua vez, está pressionado pelo bloco europeu e pela ameaça de escassez de produtos na província. Precisa sair bem na foto neste primeiro encontro com Biden e também como anfitrião do G7, com o Reino Unido independente da União Europeia.
O premiê britânico tem pressa para alinhavar um acordo comercial com os EUA, mas -- novamente -- Biden atrela essa possibilidade à preservação do status quo, de paz, na Irlanda do Norte.
G1
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