O novo presidente do Equador, Guillermo Lasso, tomou posse nesta segunda-feira (24) em Quito. De centro-direita, o ex-banqueiro se elegeu em abril após derrotar Andrés Arauz, figura próxima ao ex-presidente Rafael Correa, no segundo turno das eleições. O mandato termina em 2025.
A cerimônia de posse teve a presença do presidente brasileiro Jair Bolsonaro. O rei da Espanha, Felipe VI, também participou.
Lasso se une a Lacalle Pou, do Uruguai, como os dois representantes da centro-direita que tiveram sucesso eleitoral na América do Sul nos dois últimos anos, quando o continente viu um ressurgimento da esquerda e da centro-esquerda. Alberto Fernández (Argentina), Luis Arce (Bolívia), e o recente plebiscito constitucional no Chile representam essa nova guinada sul-americana. No Peru, Keiko Fujimori, populista de direita; e Pedro Castillo, de esquerda radical, disputam o 2º turno.
Em discurso logo depois da posse, Lasso criticou a corrupção e herança que recebeu de governos anteriores (leia no fim da reportagem quais os desafios do novo presidente equatoriano). "Um país com desigualdades lacerantes entre o mundo rural e o urbano; um país que falhou com sua juventude na educação e na criação de oportunidades, que mantém no mais humilhante esquecimento seus apostados. Onde ser mulher não é só um fator de desvantagem, mas de perigo existencial", disse.
"Por que temos uma terra tão rica, mas com cidadãos tão pobres?", indagou o novo presidente.
Lasso também atacou o autoritarismo e o que chamou de "tentação autoritária". Ele não citou nomes, mas disse que o Equador passou por "mais de dez anos de autoritarismo". "Os equatorianos assimilaram a maior lição democrática: não há democracia sem participação", disse.
Outros temas abordados por Lasso no discurso de posse foram:
Além de Lasso, tomou posse a presidente da Assembleia Nacional: Guadalupe Llori, de origem indígena. Ela lidera o partido Pachakutik, que concorreu à presidência com o candidato Yaku Pérez, terceiro colocado. A sigla, ligada às causas ambiental e indígena, tem feitos acordo com o Creo, partido de Gullhermo Lasso, para uma coalizão mais ampla.
Conheça abaixo o novo presidente do Equador
Quem é Guillermo Lasso
O ex-banqueiro havia concorrido à presidência do Equador em 2013 e 2017, quando foi derrotado. Lasso representa a direita tradicional e reúne apoio entre empresários, alguns meios de comunicação e eleitores desencantados com o socialismo do século 21 que Correa proclamava.
Lasso costuma adotar um discurso de austeridade no campo econômico. No entanto, diante da economia parada por causa da pandemia, o ex-banqueiro admite aumentar o salário mínimo e se distanciar da sombra do governo de Jamil Mahuad, de quem foi ministro da Economia num contexto de forte crise econômica, no fim da década de 1990.
Naquela época, o Equador viu a moeda local derreter, e o governo passou a adotar o dólar como o dinheiro oficial do país. A medida, até hoje adotada, divide opiniões dos equatorianos.
No campo social, Lasso se mostra um conservador católico e não pretende abandonar algumas posições como a oposição ao aborto. Porém, ele fez acenos em mais de uma entrevista a minorias sociais: disse que quer acabar com a discriminação contra as pessoas LGBTQ+ do Equador.
Os desafios para o novo presidente
Lenín Moreno entrega a Guillermo Lasso um país com dificuldades ainda mais profundas do que encontrou quando se elegeu quatro anos atrás. Os dois últimos foram especialmente difíceis, veja por quê:
Assim, Lasso assume o poder com o desafio de acelerar a vacinação contra a Covid-19 no Equador, que ainda caminha muito lentamente. Pouco mais de 2% da população foi vacinada com as duas doses até agora.
Ao mesmo tempo, diante de uma economia destruída pelo vírus, o novo presidente terá como desafio reaquecer o dinamismo econômico. Embora tenha uma linha mais ortodoxa, de cortes no orçamento, ele mesmo já admitiu que poderá adotar estímulos para gerar mais empregos nos próximos anos.
G1
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