Novembro 26, 2024

Israel avalia possibilidade de cessar-fogo enquanto comunidade internacional se mobiliza para pedir fim de confrontos com palestinos

O governo israelense se dispôs a avaliar, nesta quinta-feira (20), a conveniência de um cessar-fogo depois de ter bombardeado a Faixa de Gaza continuamente por dez dias, em meio a uma grande mobilização diplomática para acabar com a escalada bélica.

Em sinal de que as negociações podem alcançar uma solução, pelo menos a curto prazo, o gabinete de segurança de Israel -- que reúne o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e os principais responsáveis da segurança do país -- deve se reunir na noite desta quinta, segundo fontes israelenses afirmaram à AFP.

Na Assembleia Geral da ONU, o secretário-geral Antonio Guterres considerou nesta quinta que "os confrontos devem cessar imediatamente" e que são "inaceitáveis".

A chanceler alemã Angela Merkel apoiou o estabelecimento de "contatos indiretos" com o movimento islâmico Hamas, considerado um grupo "terrorista" pela União Europeia (UE), e que segundo ela são indispensáveis para alcançar um cessar-fogo com Israel.

Merkel também defendeu um "cessar-fogo rápido" em conversa telefônica com o presidente palestino Mahmud Abas.

Depois do apelo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a favor de uma "desescalada" imediata, o chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, chegou nesta quinta à região.

Maas, a mais alta autoridade europeia a viajar à região desde o início da escalada, em 10 de maio, se reuniria à tarde em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, com Mahmoud Abbas.

O Egito, país que faz fronteira com Israel e a Faixa de Gaza, também está conduzindo intensas negociações para restabelecer uma trégua, ainda que frágil.

"Esperamos um retorno à calma nas próximas horas, ou amanhã (sexta-feira), mas isso depende da cessação da agressão pelas forças de ocupação em Gaza e Jerusalém", disse um alto funcionário do Hamas à AFP.

"Mas não há nada definitivo no momento", acrescentou.

O enviado da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, está no Catar, onde deve se encontrar com o chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, disseram fontes diplomáticas.

E o Conselho de Direitos Humanos da ONU anunciou que fará uma reunião especial em 27 de maio sobre a situação nos Territórios Palestinos.

Histórico do confronto
O ciclo de violência eclodiu em 10 de maio, quando uma enxurrada de foguetes do Hamas foi disparada contra Israel em "solidariedade" às centenas de manifestantes palestinos feridos em confrontos com a polícia na Esplanada da Mesquita, em Jerusalém Oriental.

Os distúrbios decorreram da ameaça de expulsão de famílias palestinas em favor de colonos israelenses em um bairro palestino em Jerusalém Oriental, ocupado por Israel há mais de 50 anos.

Cinco palestinos morreram nesta quinta-feira em bombardeamentos israelenses na Faixa de Gaza, elevando a 232 o número total de palestinos mortos neste enclave desde o início do confito, segundo o Ministério da Saúde local.

Em Israel, os disparos de foguetes vindos de Gaza deixaram 12 mortos, de acordo com a polícia israelense.

Na madrugada desta quinta-feira, caças israelenses bombardearam as casas de pelo menos seis dirigentes do Hamas, segundo o Exército. As sirenes foram acionadas no sul de Israel por uma nova salva de foguetes, reivindicada pela Jihad Islâmica, segundo grupo armado em Gaza.

Em Deir al-Balah (centro), uma família palestina foi destruída. Eyad Saleha, um deficiente físico, sua esposa grávida e a filha de três anos morreram em um bombardeio na quarta-feira.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) considera que a "população de Gaza e Israel precisam urgentemente de uma trégua".

Nesse sentido, o braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Mediterrâneo Oriental afirmou nesta quinta-feira que são necessários US$ 7 milhões nos próximos seis meses para responder à crise sanitária nos Territórios Palestinos.

Os movimentos armados palestinos já lançaram contra o território israelense mais de 4 mil foguetes, mas a maioria foi interceptada. Este é o maior ritmo de lançamento de projéteis contra Israel, de acordo com o exército.

Nos últimos dias, também explodiram confrontos com as forças israelenses em várias cidades e campos palestinos na Cisjordânia, que deixaram mais de 25 mortos. É o balanço mais grave no território em muitos anos.

France Presse
Portal Santo André em Foco

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