A Rússia começou a entregar, nesta sexta-feira (12), um sistema avançado de mísseis de defesa antiaérea S-400 à Turquia, informou a agência de notícias Reuters. A medida pode trazer sanções vindas dos Estados Unidos e ameaçar a aliança militar do Ocidente, a Otan, que considera que o sistema não deveria ser usado por um membro da organização.
A entrega, anunciada pelo Ministério da Defesa turco e pelo seviço russo de cooperação militar, foi feita em uma base aérea militar perto da capital, Ankara.
Os Estados Unidos dizem que o equipamento militar fabricado na Rússia não é compatível com os sistemas da Otan, e que a aquisição pode levar à expulsão da Turquia de um programa de caça a jato F-35. Washington vem tentando evitar a negociação há meses, segundo a Reuters.
Já uma fonte anônima da Otan afirmou à agência France Presse, sob condição de anonimato, que a organização está "preocupada" com a entrega à Turquia.
"A interoperabilidade de nossas Forças Armadas é essencial na condução de nossas operações e missões", disse, instando Ankara a continuar desenvolvendo sistemas de defesa aérea com aliados da Otan.
A Turquia assinou um contrato de fornecimento dos mísseis com a Rússia em abril de 2017, embora ainda não tenha anunciado quando terminará a instalação deles nem quando estarão operacionais.
"A entrega de peças pertencentes ao sistema continuará nos próximos dias", disse o diretório da Indústria de Defesa da Turquia. “Uma vez que o sistema esteja completamente pronto, ele começará a ser usado de maneira determinada pelas autoridades competentes.”
A Turquia insiste que está no seu direito de adquirir o material necessário para garantir sua segurança, e que a compra do sistema russo foi decidido após o fracasso da tentativa de adquirir os Patriot dos EUA, diante da urgência de ter um sistema de defesa antiaérea.
Os investidores no país, entretanto, ficaram incomodados com o acordo, o que se refletiu na desvalorização da lira, a moeda turca, nesta sexta (12). Também há preocupações sobre o impacto de possíveis sanções americanas sobre a economia turca, que entrou em recessão depois de uma crise monetária no ano passado.
Acordos entre Trump e Erdogan
A Turquia diz que o sistema é uma exigência estratégica de defesa, particularmente para garantir a segurança de suas fronteiras ao sul, com a Síria e o Iraque. O país afirma que, quando fez o acordo com a Rússia para os S-400, os Estados Unidos e a Europa não apresentaram uma alternativa viável.
Depois de se encontrar com o presidente americano, Donald Trump, na cúpula do G20 em junho, o presidente turco, Tayyip Erdogan, afirmou que os Estados Unidos não planejavam impor sanções a Ankara pela compra dos S-400.
Trump disse que a Turquia não foi tratada de maneira justa, mas não descartou as sanções. Autoridades americanas disseram, na semana passada, que o governo ainda planeja impor sanções ao país, que variam desde a proibição de vistos até as opções mais duras, de bloqueio de transações com o sistema financeiro dos EUA e a negação de licenças de exportação.
A aquisição dos S-400 é uma das várias questões que afetaram os dois aliados, incluindo uma disputa pela estratégia na Síria a leste do rio Eufrates — onde os Estados Unidos são aliados das forças curdas, que a Turquia considera adversárias.
A detenção da equipe consular dos EUA na Turquia também estremeceu as relações, juntamente com divergências sobre as políticas do Irã, Venezuela e Oriente Médio. A Turquia há muito exige que Washington entregue um clérigo muçulmano que Ankara responsabiliza por uma tentativa de golpe em 2016.
France Presse
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