Três embarcações iranianas tentaram impedir a passagem de um navio-tanque da petroleira britânica BP pelo Estreito de Ormuz, mas recuaram depois de alertas de um navio de guerra do Reino Unido, disse o governo britânico nesta quinta-feira (11).
O impasse ocorreu após um alerta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que as sanções norte-americanas ao Irã aumentarão "substancialmente", como parte do empenho dos EUA para conter as atividades nucleares iranianas e o comportamento da República Islâmica na região.
O Reino Unido pediu ao Irã que "apazigue a situação na região" depois do incidente envolvendo o navio-petroleiro British Heritage, que é operado pela BP e navega com bandeira da Ilha de Man.
"O HMS foi forçado a se posicionar entre as embarcações iranianas e o British Heritage e fazer alertas verbais às embarcações iranianas, que então se desviaram", disse um porta-voz do governo britânico em um comunicado.
O incidente ocorreu quase uma semana depois de fuzileiros navais britânicos abordarem um navio-petroleiro do Irã, o Grace 1, no litoral de Gibraltar na semana passada e o confiscarem devido à suspeita de que violava sanções da União Europeia transportando petróleo à Síria.
De acordo com a agência Efe, Polícia Real de Gibraltar deteve nesta quinta-feira o capitão e o primeiro oficial do superpetroleiro iraniano "Grace 1", que foi abordado na semana passada pela Marinha britânica devido às suspeitas de que transportava petróleo para a Síria.
A polícia gibraltarina explicou em comunicado que as detenções dos dois principais responsáveis pelo "Grace 1" foram concretizadas após uma "exaustiva" revista da embarcação.
Irã chama acusação britânica de 'sem valor'
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã, general Mohammad Bagheri, disse que a apreensão britânica não ficará sem resposta, mas a República Islâmica negou ter tentado deter o British Heritage.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, refutou o relato britânico, que considerou "sem valor", segundo a agência de notícias Fars.
Um porta-voz da BP disse que a maior prioridade da empresa é a proteção e a segurança de suas tripulações e embarcações, e acrescentou: "Não comentaremos estes acontecimentos, mas agradecemos à Marinha Real por seu apoio".
Quando indagado sobre as tensões no Golfo Pérsico durante um evento na Chatham House, em Londres, na quarta-feira, o diretor-executivo da BP, Bob Dudley, respondeu:
"Temos que ser super cautelosos com nossos navios".
A rota de petróleo mais importante do mundo conecta produtores do Oriente Médio a mercados da Ásia, Europa, América do Norte e além. A passagem tem 33 quilômetros de largura em seu ponto mais estreito, mas a rota marítima tem meros três quilômetros de largura em cada direção.
Dados de monitoramento de navegação mostraram que o navio-petroleiro de bandeira britânica Pacific Voyager, operado pela Mitsui OSK Lines, percorreu uma rota semelhante à do British Heritage pelo Estreito de Hormuz na quarta-feira. Dados da Refinitiv indicam que quatro outros petroleiros registrados no Reino Unido estão no Golfo atualmente.
Reuters
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