O ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, pediu nesta quarta-feira (17) que a vacina contra a covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca/Oxford continue sendo administrada, enquanto o príncipe Charles, herdeiro do trono, criticou os movimentos antivacinas em meio à pandemia do coronavírus.
Vários países, incluindo Espanha, França e Alemanha, suspenderam nos últimos dias o uso da vacina desenvolvida por cientistas da Universidade de Oxford e do laboratório sueco-britânico AstraZenaca como medida de "precaução" por possíveis efeitos colaterais, como a formação de coágulos sanguíneos.
"Não há evidências de que essas vacinas tenham causado coágulos sanguíneos", escreveu Hancock no jornal The Sun, enfatizando que esta não é apenas a sua opinião, mas também a do regulador britânico MHRA, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Agência Europeia de Medicamentos (EMA).
"Mais de 11 milhões de doses da vacina AstraZeneca já foram administradas no Reino Unido e a taxa de casos notificados (de trombose) entre os vacinados é menor do que seria naturalmente esperado na população em geral", argumentou o ministro.
Algumas vozes no Reino Unido acusam os países que suspenderam seu uso de atuar por motivação política para desviar a atenção de suas campanhas de vacinação que avançam lentamente, em pleno conflito com o laboratório britânico, que anunciou que só poderá entregar no primeiro trimestre um terço das 120 milhões de doses inicialmente prometidas para a União Europeia.
O Reino Unido lançou sua campanha de vacinação em massa em 8 de dezembro com as vacinas AstraZeneca/Oxford e Pfizer/BioNTech. Desde então, cerca de 25 milhões de pessoas receberam a primeira dose, quase metade da população adulta.
O país está "no caminho certo para cumprir a meta" de ter administrado uma dose a todos os adultos até o final de julho, ressaltou Hancock.
"Esta semana, um aumento do fornecimento nos ajudará a acelerar ainda mais a imunização", acrescentou ele, em um momento em que outros países estão reclamando de atrasos nas entregas.
Risco de perder a confiança
O professor Jeremy Brown, especialista em medicina respiratória e membro do Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização (JCVI) do governo britânico, afirmou nesta quarta-feira que a suspensão do uso da vacina por vários países "não é lógica".
"Não faz sentido para mim, porque sabemos que a vacina funciona (...) É uma vacina incrivelmente eficaz e, ao administrá-la, mortes são evitadas", declarou à BBC.
Brown também expressou, em declarações ao canal ITV, sua preocupação de que isso cause uma maior relutância em relação às vacinas.
"Tememos que, com o que está acontecendo na Europa, as pessoas no Reino Unido percam a confiança na vacina AstraZeneca", reconheceu.
Em um artigo na revista Future Healthcare Journal, publicada pelo Royal College of Physicians, que representa 39.000 médicos de todo o mundo, o príncipe Charles, herdeiro do trono britânico, atacou o movimento antivacinas.
"Quem poderia imaginar que no século XXI haveria um lobby significativo contra a vacinação, considerando seu histórico de erradicação de tantas doenças terríveis e seu potencial atual para proteger e libertar do coronavírus algumas das pessoas mais vulneráveis em nossa sociedade?", escreveu.
No artigo, Charles, de 72 anos, que por sua idade já recebeu a primeira dose contra a covid-19, defendeu uma abordagem integrada da saúde que combine ciência, políticas públicas e comportamento individual.
France Presse
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