Ao menos 149 pessoas foram mortas em Mianmar desde o golpe militar de 1º de fevereiro, com as forças de segurança usando munição real contra manifestantes, afirmou nesta terça-feira (16) o escritório de direitos humanos das Nações Unidas.
"Voltamos a pedir aos militares que parem de matar e prender os manifestantes", afirmou Ravina Shamdasani, porta-voz de direitos humanos da ONU, em uma entrevista coletiva em Genebra.
A porta-voz do Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU disse também que mais de 2 mil pessoas estão presas arbitrariamente e cinco morreram sob custódia, sendo que duas "mostravam sinais de graves abusos físicos, indicando que foram torturadas".
Além disso, 37 jornalistas foram presos e 19 permanecem detidos.
Na segunda-feira (15), Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que "o secretário-geral condena energicamente a contínua violência contra os manifestantes pacíficos e a contínua violação dos direitos humanos mais básicos do povo birmanês".
A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Jalina Porter, qualificou a violência de "imoral e indefensável". "As forças de segurança birmanesas estão atacando sua própria gente, matando dezenas de pessoas em todo o país".
"A junta militar responde com tiros aos pedidos de restauração da democracia em Mianmar. Estas táticas são uma recordação de que os militares birmaneses levaram adiante este golpe por seus interesses pessoais egoístas, não para satisfazer a vontade do seu povo", afirmou Porter.
Lei marcial em Yangon
Também nas segunda, a ditadura militar impôs lei marcial em seis bairros de Yangon, a maior cidade do país. Isso significa que quem for detido nessas áreas receberá julgamento em tribunal militar e poderá pegar até três anos de trabalhos forçados.
Também por causa dos protestos e do acesso bloqueado à internet, o regime birmanês adiou uma audiência virtual com a principal liderança política de Mianmar, Aung San Suu Kyi.
Vencedora do prêmio Nobel da Paz de 1991, Kyi tem papel central na política birmanesa e foi detida provisoriamente em casa no dia do golpe, junto com o presidente do país, Win Myint, e outras lideranças civis.
A junta militar no poder alega que Suu Kyi tem envolvimento com corrupção, entre outras acusações como porte ilegal de comunicadores por rádio e descumprimento das medidas contra o coronavírus. Segundo organizações pró-democracia, há mais de 2 mil opositores do regime presos desde o golpe.
Os protestos se intensificaram nos últimos 30 dias, principalmente depois que uma jovem manifestante foi baleada na cabeça. Mya Thwe Thwe Khine — primeira vítima da repressão aos opositores do regime — morreu dias depois no hospital e se tornou símbolo do movimento pela democracia em Mianmar.
G1
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