O grupo de parlamentares do Partido Democrata que atuam como promotores de acusação no julgamento de impeachment contra Donald Trump tem mais oito horas para apresentar seus argumentos contra o ex-presidente dos Estados Unidos, nesta quinta-feira (11).
A expectativa dos promotores é a de convencer o Senado americano de que Trump foi responsável por incentivar a violência que terminou com a invasão do Capitólio dos EUA em 6 de janeiro.
Diana DeGette, uma das promotoras do impeachment, começou sua argumentação apresentando uma gravação que mostra os invasores dizendo que o republicano ficaria feliz em saber que eles estavam lutando por ele.
“Eles vieram [ao Capitólio] porque ele [Trump] mandou", disse DeGette.
Trump é processado por ter incitado uma insurreição no momento em que os parlamentares oficializavam a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais — uma etapa apenas formal antes da posse. No tumulto, cinco pessoas morreram (leia mais sobre a acusação no fim da reportagem).
Os deputados dizem que Trump já vinha incentivando a violência meses antes do episódio no Congresso americano. Nesta quinta, a acusação adiantou que vai argumentar com o fato de que o republicano não apresentou nenhum sinal de arrependimento, e tratou o caso com indiferença.
Ainda nesta semana, a defesa do ex-presidente vai apresentar seus argumentos para o Senado, que atua como júri no processo de impeachment. Eles dizem que o Trump não pode ser responsabilizado pelo ocorrido.
Julgamento de impeachment
O processo de impeachment passou na Câmara antes mesmo de Trump deixar o cargo. Porém, o Senado só teve tempo para iniciar o julgamento após a posse de Biden. A constitucionalidade do julgamento de um ex-presidente chegou a entrar em questão, mas por duas vezes os senadores aprovaram que o processo seguisse em frente.
Se condenado por 67 votos no mínimo, cenário ainda improvável, uma nova votação pode cassar os direitos políticos do republicano. No primeiro dia de sessão, os senadores aprovaram por 56 votos a favor e 44 contra a constitucionalidade do julgamento de um presidente que já deixou o mandato.
Com o Senado dividido igualmente entre governistas e republicanos na oposição, o resultado significa que seis senadores do partido de Trump pretendem seguir em frente com o processo.
Entretanto, esse número ainda é insuficiente para condenar Trump. Seriam precisos 17 senadores republicanos dispostos a condenar o ex-presidente, e, por enquanto, não houve nenhuma movimentação que apontasse que esse total seria atingido.
É esperado, ao mesmo tempo, que todos os 50 senadores democratas e os independentes que votam com o partido de Biden aprovem condenar Trump.
Crime ao incentivar invasão
O julgamento está transcorrendo dentro do mesmo prédio onde senadores foram obrigados a fugir um mês atrás quando uma multidão invadiu o edifício.
Nove deputados democratas que atuam como procuradores contra Trump iniciaram os procedimentos na terça-feira exibindo um vídeo contundente que alternou trechos do discurso de Trump e cenas do ataque, incluindo alguns que mostraram policiais sendo agredidos e um agitador baleado fatalmente pelas autoridades.
Os democratas acusaram Trump de cometer um crime imperdoável ao incentivar seus apoiadores a impedirem uma transferência de poder pacífica, um bastião da democracia norte-americana.
"Se isto não é um crime digno de impeachment, então tal coisa não existe", disse o deputado Jamie Raskin.
Ele fez um discurso emotivo contando como foi separado de sua filha e seu genro durante a violência.
Os advogados de Trump argumentaram que a retórica de seu cliente, incluindo as alegações falsas de que a eleição foi roubada, está protegida pela garantia da Primeira Emenda da Constituição à liberdade de expressão e que os indivíduos que invadiram o Capitólio são responsáveis por seu próprio comportamento criminoso, e não Trump.
G1
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