Novembro 25, 2024

Obama diz que políticas de Bolsonaro e Trump são parecidas e espera nova relação entre EUA e Brasil

O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse em entrevista ao “Conversa com Bial”, da TV Globo, que o Brasil tem papel central na ação contra o aquecimento global, que espera que Joe Biden, eleito presidente de seu país, restabeleça um relacionamento diferente com o Brasil na questão do clima e que o presidente Jair Bolsonaro adota política parecida com a de Donald Trump. Ele previu que uma mulher poderá ser presidente dos EUA em breve.

Obama concedeu entrevista exclusiva domingo (15), por videoconferência, direto de um hotel em Washington. O programa foi ao ar no início da madrugada desta terça-feira (17). Ele falou sobre a pandemia, a vitória de seu ex-vice, Biden, nas eleições norte-americanas, e sobre uma provocação do presidente brasileiro.

'Pólvora'
Na entrevista, Pedro Bial citou a menção que Bolsonaro fez, na semana passada, ao uso de pólvora. O jornalista quis saber o que Obama achou das provocações do presidente brasileiro, que afirmou, ao rebater um comentário do democrata Biden sobre a Amazônia, que “quando acabar a saliva, tem que ter pólvora”.

“O Brasil foi um líder no passado, seria uma pena se parasse de ser. Minha esperança é que, com a nova administração de Biden, há uma oportunidade de redefinir essa relação. Sei que ele vai enfatizar que a mudança climática é real, que Estados Unidos e Brasil têm um papel de liderança a desempenhar”, disse Obama.

Segundo Obama, EUA e Brasil têm muitas coisas em comum. “O progresso que precisa acontecer, não só no hemisfério, mas no mundo, vai ser, em parte, determinado pela qualidade da relação entre os nossos dois países”.

Obama comparou as políticas do presidente brasileiro em lidar com a pandemia com a política de Donald Trump: ambos não deram ênfase à ciência.

“Eu não conheço o presidente do Brasil. Eu já tinha saído quando ele assumiu o cargo. Então não quero dar uma opinião sobre alguém que não conheci. Posso dizer que, com base no que vi, as políticas dele, assim como as do Donald Trump, parecem ter minimizado a ciência da mudança climática. Isso teve consequências para eles”, afirmou. “Precisamos nos mobilizar dentro no nosso país e de forma internacional para tentar dar um fim a essa pandemia”, acrescentou.

Trump
Obama comentou ainda a resistência de Donald Trump em aceitar a vitória de Biden.

“Não estou surpreso com o fato de Donald Trump estar violando o costume da transição de poder pacífica porque ele violou vários tipos de normas antes. A boa notícia é que, no fim das contas, não vai fazer diferença. No dia 20 de janeiro teremos um novo presidente”.

Eleições nos EUA
Segundo Obama, os americanos ainda estão divididos mesmo após a eleição presidencial. "Os EUA ainda estão divididos. A maioria abraçou Biden. Mas vai ser um desafio. Biden vai ajudar a baixar a temperatura".

E emendou: "a nossa democracia está desgastada. Não é apenas um resultado relacionado a Donald Trump. As histórias que conto sobre a minha presidência indicam como algumas dessas tendências já existiam".

Kamala Harris
Obama falou ainda sobre a vice-presidente eleita nos EUA, Kamala Harris.

“O trabalho de empoderar as mulheres é contínuo. Foi interessante, como presidente, observar que os países que oprimem as mulheres, que não usam os talentos das mulheres, tendem a ser os países que não se desenvolvem economicamente e que têm outros problemas. Espero que Kamala Harris seja apenas o início de um processo no qual cada vez mais mulheres no mundo sejam vistas como líderes nos níveis mais altos”.

Ele previu que uma mulher será presidente dos EUA em breve. "Estamos perto de ter uma mulher na presidência.

"Nós podemos observar que, no momento, os países que têm líderes mulheres, como a Nova Zelândia e a Alemanha, são os que estão lidando melhor com o coronavírus. Não acho que seja só acidente´".

Lula
Obama descreveu o ex-presidente Lula como cativante. "Ele ampliou a classe média no Brasil", lembrou. Em 2009, o ex-presidente dos EUA cumprimentou Lula durante um encontro na cúpula do G-20 e afirmou na ocasião: "Esse aqui é o cara, é o político mais popular do mundo".

Ele falou sobre o suposto envolvimento de Lula com atos irregulares. "Com os relatos de corrupção que surgiram, na época eu não sabia de todos eles. Acho que o dom que o Lula tinha de se conectar com o povo brasileiro e o progresso econômico que aconteceu quando ele tirou as pessoas da pobreza são coisas que não podem ser negadas. Uma das coisas que tento fazer no livro é descrever as complexidades de todas essas figuras. Falo do Putin, da Merkel. O que você acaba percebendo é que a maioria dos líderes é um reflexo das contradições e das tensões dos seus países. Entender qualquer um deles, é importante entender a história deles, o contexto no qual operam, as restrições políticas com as quais precisam lidar. Muitas vezes não reservamos um tempo para nos entender além das fronteiras nacionais. Esses desentendimentos podem gerar conflitos e guerras".

Memórias
O homem mais poderoso do mundo por oito anos lançou - lançamento mundial - nesta terça “Uma Terra Prometida”, o primeiro livro de suas memórias sobre o período na Casa Branca, com 751 páginas. "Representa a educação de um jovem que decidiu entrar no serviço público e pode inspirar muitos jovens", resumiu.

G1
Portal Santo André em Foco

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