O chefe do serviço nacional de saúde da França, Jerome Salomon, anunciou nesta sexta-feira (14) que Paris e o departamento de Bouches-du-Rhône (onde fica Marselha, segunda maior cidade do país) foram declaradas como "zonas de risco” por causa do aumento acentuado de infecções por coronavírus nos últimos dias.
Em entrevista a uma rádio, Salomon alertou que "a situação está se deteriorando semana a semana '' no país. Ele diz que os novos surtos estão aparecendo todos os dias por causa de reuniões familiares, festas e outras aglomerações durante as férias de verão.
"Os indicadores são ruins, os sinais são preocupantes e a situação está se deteriorando. O destino da epidemia está em nossas mãos."
Ao decretar "zona de risco”, as autoridades têm mais poder para impor medidas mais restritivas nas cidades. Ainda não está claro que ações o governo pretende tomar, mas há possibilidade de que restaurantes e bares sejam fechados e que os habitantes sejam proibidos de fazer deslocamentos superiores a 100 quilômetros.
Salomon disse ainda que há "mais e mais pessoas testando positivo, mais e mais pessoas chegando aos hospitais”. "Precisamos reagir antes de contar novas mortes, completou.
O Ministério da Saúde francês relatou 2.669 novas infecções na quinta-feira. Com isso, o país contabiliza mais de 11 mil novos casos em uma semana.
Quarentena para quem retornar
Na noite de quinta-feira (13), diante da deterioração da situação no outro lado do canal, o governo do Reino Unido anunciou que vai impor uma quarentena de 14 dias para quem voltar da França.
No início da pandemia, o Reino Unido impôs inicialmente uma quarentena geral a todos os visitantes que chegavam ao país, mas posteriormente criou "corredores de viagens" que isentavam os viajantes que chegavam de certos países de se isolarem. A medida permitiu que muitos britânicos pudessem viajar ao continente durante as férias de verão.
Mas a quarentena foi aos poucos sendo reintroduzidas para viajantes que retornavam da Espanha no final de julho. Além da França, os britânicos também retiraram a Holanda e Malta do seu corredor de viagens nesta sexta-feira.
"Se você chegar ao Reino Unido após as 4h de sábado (horário local) a partir desses destinos, precisará se isolar por 14 dias”, escreveu o ministro dos transportes britânico Grant Shapps no Twitter.
Jornais britânicos e franceses relataram que o anúncio provocou uma corrida às estações de trem e às balsas que fazem a travessia do Canal da Mancha, com muitos turistas tentando retornar nesta sexta-feira para tentar evitar a quarentena.
A corrida fez com que o preço das passagens dos trens que cruzam o Eurotúnel disparasse nesta sexta-feira. As passagens só de ida mais baratas estavam custando mais de 200 libras (1.400 reais). O mesmo tem ocorrido com bilhetes aéreos, com trechos entre Paris e Londres nesta sexta-feira disparando para valores acima de 450 libras. Em contaste, passagens para o sábado estão saindo por 60 libras. O mesmo tem ocorrido com as balsas que fazem a ligação entre Calais, na França, e Dover, no Reino Unido.
O anúncio foi considerado muito repentino por vários britânicos que estão na França, que teriam preferido algo mais gradual. Outros criticaram a política de preços das empresas de transporte.
O governo francês também afirmou que "lamenta” a decisão britânica e que pretende impor "medidas recíprocas”, o que pode impactar na estada dos franceses que estão no Reino Unido.
Desde o início da pandemia, o Reino Unido registrou mais de 315 mil casos de Covid-19. É o país europeu com mais mortes pela doença: 46.791. Já a França registrou 244 mil casos e 30.392.
Deutsche Welle
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