Corinthians e Flamengo se encontram pela sétima vez em mata-matas nesta terça-feira, às 21h30 (de Brasília), pelo primeiro jogo das quartas de final da Libertadores. Já são três anos desde o último confronto em jogos eliminatórios.

De lá para cá, os times tomaram rumos diferentes. O Flamengo subiu de patamar, e o Corinthians estagnou em um período sem conquistas de maiores dimensões.

O ge traz um panorama de como foi o último encontro em mata-mata, o que mudou de lá para cá, o que permaneceu e como os clubes se saíram.

O último mata-mata
Corinthians e Flamengo se enfrentaram nas oitavas de final da Copa do Brasil 2019. Foi o último momento antes da chegada de Jorge Jesus e a virada de página do time carioca, que avançou com duas vitórias por 1 a 0.

Corinthians 0 x 1 Flamengo (jogo de ida)

• Corinthians: Cássio; Fagner, Manoel, Henrique e Danilo Avelar; Ralf, Sornoza, Mateus Vital e Clayson; Vagner Love e Boselli. Técnico: Fábio Carille.
• Flamengo: Diego Alves; Pará, Léo Duarte, Rodrigo Caio e Renê; Willian Arão (gol), Cuellar e Arrascaeta; Everton Ribeiro, Bruno Henrique e Gabigol. Técnico: Abel Braga.

Flamengo 1 x 0 Corinthians (jogo de volta)

• Flamengo: Diego Alves; Pará, Léo Duarte, Rodrigo Caio (gol) e Renê; Willian Arão, Piris da Motta e Diego; Everton Ribeiro, Bruno Henrique e Gabigol. Técnico: Marcello Sales.
• Corinthians: Cássio; Michel Macedo, Manoel, Henrique e Danilo Avelar; Ralf, Júnior Urso e Sornoza; Jadson, Clayson e Vagner Love. Técnico: Fábio Carille.

De lá para cá, muita coisa mudou. Mas alguns nomes permanecem nos elencos de Corinthians e Flamengo.

Diego Alves, Rodinei, Rodrigo Caio, Diego, Everton Ribeiro, Bruno Henrique Arrascaeta e Gabigol são os nomes rubro-negros.

Cássio, Fagner, Ramiro e Mateus Vital são os do Timão. Os dois últimos, porém, não estão sendo utilizados depois de retornarem de empréstimo em julho.

Pegando as escalações prováveis para essa terça, o Flamengo conta com quatro nomes daquele ano: Rodinei, Everton Ribeiro, Arrascaeta e Gabriel. Já o Corinthians apenas dois: Cássio e Fagner.

Escalação provável para a Libertadores

• Flamengo: Santos, Rodinei, David Luiz, Léo Pereira e Filipe Luís; Thiago Maia, João Gomes, Everton Ribeiro e Arrascaeta; Pedro e Gabriel.
• Corinthians: Cássio, Fagner, Gil, Balbuena e Fábio Santos; Du Queiroz, Cantillo e Maycon; Adson, Willian e Yuri Alberto.

Reformulação no Corinthians
O fim de 2017 trouxe ares de esperança de que o Corinthians poderia aumentar a sequência de títulos importantes que vinha tendo desde o começo da década. Foi campeão brasileiro em 2011, da Libertadores e Mundial em 2012, do Paulista e Recopa Sul-Americana em 2013 e do Brasileiro de 2015.

Mas depois do título de 2017, o torcedor corintiano foi vendo ícones daquela conquista deixarem o clube. Nomes como Balbuena, Guilherme Arana, Maycon, Jô e Rodriguinho foram vendidos para a temporada seguinte, e Pablo teve o fim de seu empréstimo.

A eliminação para o Flamengo em 2019 já era de um Corinthians neste contexto de reformulação do elenco corintiano. Os mata-matas, inclusive, se tornaram uma pedra no sapato do Timão.

Antes de Vítor Pereira chegar em um Corinthians mais forte, contratando nomes de peso como Willian e Renato Augusto, a atuação do clube no mercado da bola rendeu críticas. Vivendo uma realidade financeira diferente da do Flamengo, que vem investindo pesado desde então, o Corinthians contratou 42 jogadores entre 2018 e 2020.

Em 2021, a diretoria comandada por Duilio Monteiro Alves começou a atuar de forma diferente, contratando nomes já consagrados, de peso ou promessas, mas buscando jogadores sem contratos ou em situações específicas (como Maycon, que entrou na regra da Fifa para jogadores que atuam na Ucrânia e Rússia).

Entre a temporada passada e a atual já foram 20 reforços: Giuliano, Renato, Roger, Paulinho, Carlos Miguel, Willian, Paulinho, Bruno Melo, Robson Bambu, Ivan, Júnior Moraes, Maycon, Rafael Ramos, Yuri Alberto, Balbuena e Fausto Vera.

Depois de Carille em 2017, passaram pelo Timão: Osmar Loss, Jair Ventura, Tiago Nunes e Sylvinho. Foi em 2020, com Tiago Nunes, que o clube começou a falar sobre uma mudança de cultura no futebol corintiano. Não deu muito certo na época, mas agora, com Vítor Pereira, é possível dizer que o Corinthians mudou.

É um reflexo do processo de reestruturação do clube. O Corinthians vem trabalhando para controlar seu fluxo de caixa e administrar melhor suas pendências, como dividas antigas ou maiores como sua arena, para então refletir dentro de campo, seja com reforços, uma maior tranquilidade e/ou utilizando a base.

Um Flamengo em um novo patamar
A classificação para as quartas de final da Copa do Brasil de 2019 pode ser encarada como o último degrau de um Flamengo que, justamente a partir dali, alcançou o chamado outro patamar. Foi entre o 1 a 0 em Itaquera e o jogo de volta no Maracanã, já sob o comando do interino Marcelo Salles, que o clube decidiu pela demissão de Abel Braga e a contratação de Jorge Jesus, responsável por mudar os rumos e transformar um clube que deixou as piadas sobre "cheirinho" de lado para se tornar o maior campeão do Brasil no período.

Desde então, foram oito títulos conquistados: uma Libertadores, dois Brasileirões, duas Supercopas, uma Recopa e dois Cariocas - nem os rivais mais fortes nesses anos, Palmeiras e Atlético-MG, levantaram tantos troféus. Fruto do trabalho revolucionário do português, mas também de muito investimento. São quase 100 milhões de euros investidos para as chegadas de quase 30 jogadores dos mais badalados - alguns a custo zero.

Dos titulares naqueles dois jogos, apenas Everton Ribeiro e Gabriel estarão em campo na terça-feira na Neo Química Arena. Arrascaeta, hoje ídolo e referência técnica da equipe, ficou na reserva por opção de Abel Braga em um dos jogos, e o grupo tinha ainda Rodinei (titular atualmente), Diego (que será reserva), Diego Alves, Rodrigo Caio e Bruno Henrique (todos lesionados).

O Flamengo pós último encontro com o Corinthians inegavelmente se consolidou como uma das grandes forças do futebol sul-americano, por mais que tenha passado por turbulências no caminho. O mesmo Jorge Jesus que mudou o rumo da história até os dias atuais deixa saudade, e Dorival Júnior caminha para ser o treinador com maior aceitação, principalmente pelo nível de performance apresentado nos últimos dois meses.

Domènec Torrent, Rogério Ceni, Renato Gaúcho e, por último, Paulo Sousa tiveram dificuldades para fazer com que o badalado "melhor elenco do Brasil" apresentasse um futebol do nível esperado. Ainda assim, o Rubro-Negro também foi vice-campeão da Libertadores, do Brasileirão, da Supercopa e do Carioca nesses três anos, flertando sempre com a hegemonia tão sonhada pelo torcedor.

Se o Flamengo que deixou o Maracanã após a vitória por 1 a 0, com gol de Rodrigo Caio, há pouco mais de três anos, sonhava em transformar o ousado projeto que começou em 2013 com redução de dívidas e contas em dia vencedor. O Flamengo que reencontra o Corinthians para disputar um lugar entre os quatro melhores do continente pela terceira vez em três anos entra em campo com a convicção figurar no topo não é mais exceção, mas, sim, o seu lugar.

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