Dois meses após o polêmico clássico entre Brasil e Argentina, que acabou suspenso após intervenção de agentes da Anvisa e da Polícia Federal, as seleções voltam a se encontrar nesta terça-feira, em partida que será disputada em San Juan, no interior do país vizinho.
Na visão da CBF, a tendência é que este seja o único duelo entre os rivais nestas Eliminatórias. Isso porque a entidade acredita que não haverá datas disponíveis para a remarcação do jogo suspenso antes da Copa do Mundo de 2022.
Tanto Brasil quanto Argentina já apresentaram suas defesas e aguardam julgamento da Fifa. A CBF acredita estar muito mais embasada em sua argumentação no caso e espera obter os três pontos da partida no tribunal.
A entidade apresentou documentos que, em teoria, comprovam que os argentinos sabiam que não poderiam utilizar os jogadores que atuam na Inglaterra, casos do goleiro Emiliano Martinez, os meias Emiliano Buendia e Giovani Lo Celso e o zagueiro Cristian Romero. Por decreto federal, os quatro precisariam cumprir quarentena de 15 dias ao entrar no Brasil.
O calendário prevê mais duas "janelas" de Eliminatórias no ano que vem, uma entre o fim de janeiro e o começo de fevereiro e outra em março. Uma alternativa seria encaixar o clássico suspenso em uma dessas datas, mas isso não é fácil, uma vez que os clubes europeus se opõem a liberar seus jogadores por tanto tempo.
Como o sorteio dos grupos da Copa de 2022 acontece em abril, não faria muito sentido disputar um jogo de Eliminatórias depois disso.
A situação das duas seleções no torneio classificatório para o Mundial também favorece uma decisão nos tribunais e não em campo. O Brasil já carimbou o passaporte para o Catar, enquanto a Argentina, segunda colocada, está próxima de também garantir a vaga. Desta forma, os três pontos daquela partida não fariam tanta diferença para ambos.
Porém, em entrevista no mês passado, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, se mostrou favorável à realização do duelo:
– É sempre bom decidir os jogos dentro de campo e não fora. Fornecer informações falsas não pode acontecer, nem uma partida ser interrompida daquela forma. É inaceitável e prejudica o futebol. É preciso aguardar para ver o que os órgãos disciplinares da Fifa vão decidir – declarou.
Chateação em dobro
O episódio em setembro fez o técnico Tite lamentar duplamente. Primeiro, porque ele gostaria de enfrentar a Argentina, maior rival do Brasil e considerada um seleção "de nível de Copa".
Segundo, por ter se decepcionado com a postura dos adversários. Ainda no gramado da Neo Química Arena, Tite ouviu do técnico argentino Lionel Scaloni e do craque Lionel Messi que eles não sabiam do veto aos quatro jogadores que atuam na Inglaterra. Porém, ao tomar conhecimento dos relatórios da Anvisa, o treinador teve a certeza de que tal alegação não era verdadeira.
– Vir e passar por cima de leis, burlar situações, isso não existe. Quero, sim, que o jogo possa acontecer. Talvez o tempo de execução... não posso julgar isso. Não tenho conhecimento suficiente para saber o que foi feito e a que tempo foi feito. Não posso julgar e não devo julgar. Mas de passar por cima leis... Ah, não. Um pouco de respeito à uma entidade, um país, um povo, um clube, uma seleção. Calma! Respeito, sim – declarou o treinador à época.
Mesmo com o Brasil já classificado para a Copa, Tite pretende usar força máxima na terça-feira em vez de aproveitar o jogo para observar jogadores. O técnico vê o clássico como um desafio importante, que pode dar "casca" à Seleção. Ele também quer usar a reta final das Eliminatórias para fazer ajustes e dar entrosamento à equipe.
Após folga na sexta-feira, o elenco canarinho se reapresenta neste sábado, em São Paulo, e treina no CT do Palmeiras. O grupo viaja na segunda-feira para San Juan.
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