O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira (20), durante audiência pública na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional, que a instituição está organizando um mutirão para os clientes renegociarem suas dívidas com os bancos antes do Natal e do Ano Novo.
Segundo ele, a intenção é que as instituições financeiras abram suas agências, além do horário normal de expediente, para renegociar as dívidas dos clientes. Com isso, eles poderão "limpar" o nome e realizar novas compras neste fim de ano.
"Vai estar atrelada à educação financeira", disse Campos Neto, explicando que, no mutirão, também serão concedidos cursos de como melhor administrar os recursos e evitar linhas bancárias "emergenciais", como cheque especial e cartão de crédito rotativo, com taxas de juros muito elevadas.
Ele afirmou que, para 2020, há outras ações de educação financeira sendo programadas pelo Banco Central.
"Queremos fazer [ações] junto com os 'bureaus' de crédito. Que quem faça o curso, acaba tendo uma classificação de crédito superior atrelado a ganhar pontos que gerem desconto em produtos financeiros. Porque quem tem mais educação financeira tem menos inadimplência", disse Campos Neto.
O presidente do BC voltou a observar que as linhas de crédito emergenciais (cheque especial e cartão de crédito rotativo) tiveram queda de juros nos últimos meses, mas em patamar bem inferior ao restante das linhas bancárias.
"Para 85% da massa de crédito, os juros vêm caindo. Nos produtos emergenciais caíram menos", declarou.
Ele disse novamente que o BC deve lançar, até o fim do ano, um plano para baixar os juros do cheque especial das pessoas físicas, atualmente acima de 300% ao ano.
"É um produto muito regressivo. Quem está pagando o custo está embaixo na pirâmide. É como se quem estivesse embaixo pagasse o luxo de quem está em cima. É um produto mais usado pela renda mais baixa e por quem tem menos educação financeira. Precisamos fazer uma reengenharia para diminuir regressividade", disse.
Para baixar o chamado "spread" bancário, que é a diferença entre a taxa de captação (quanto os bancos pagam pelos recursos) e o que cobram do tomador final do crédito, ele afirmou que é preciso organizar melhor as garantias dadas nas operações de crédito e, também, agilizar o processo de recuperação desses bens.
"Hoje, a recuperação de crédito é um processo judicial que leva muito tempo. Precisamos aperfeiçoar", afirmou.
Pagamentos instantâneos
Campos Neto também afirmou na Comissão Mista de Orçamento que o Banco Central quer implementar, até o fim de 2020, um sistema de pagamentos instantâneo que funcionará sete dias por semana, 24 horas por dia.
A ideia é permitir as transações a qualquer momento e torná-las mais baratas. Atualmente, os clientes têm de utilizar os DOCs e TEDs e pagar os custos envolvidos.
"Os pagamentos instantâneos devem estar funcionando no fim do ano que vem. O dinheiro vai sair de uma conta para outra, independente de quem seja, empresa ou pessoa física, 24 horas por dia, sete dias por semana. Diminui a demanda por dinheiro em espécie", declarou.
O chamado "ecossistema" de pagamentos instantâneos brasileiro será formado pelo arranjo aberto instituído pelo BC, pelos prestadores de serviços de pagamento participantes do arranjo e pelo Sistema Pagamentos Instantâneos (SPI).
O BC será o desenvolvedor, o operador e o gestor da base de dados única e centralizada do "ecossistema".
Essa base de dados armazenará as informações das chaves ou apelidos que servem para identificar as contas transacionais dos usuários recebedores de maneira intuitiva e simplificada, permitindo que o usuário pagador utilize informações que ele já possui sobre o usuário recebedor para iniciar o pagamento.
G1
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