De volta das férias, abreviadas por causa da crise que se instalou na Casa Civil do Palácio do Planalto, o ministro Onyx Lorenzoni foi chamado nesta sexta-feira à tarde pelo presidente Jair Bolsonaro para uma reunião ministerial no Palácio da Alvorada que discutiu a resposta brasileira ao coronavírus. Em meio a rumores de demissão ou realocação de Onyx para outra pasta, Bolsonaro disse ao GLOBO que o "convite responde muita coisa", sinalizando a permanência do ministro no governo.
"Ele esteve hoje, convocado por mim, para discutir a questão do coronavírus. Acho que [o] convite responde muita coisa", afirmou o presidente, por mensagem.
Em seguida, Bolsonaro compartilhou uma foto em que aparece ao lado do ministro da Educação, Abraham Weintraub, publicada também em suas redes sociais. Segundo o que ministros palacianos classificam como "boataria", Onyx substituiria Weintraub na pasta em uma "saída honrosa", como avaliam aliados do chefe da Casa Civil.
Quando chegou dos Estados Unidos ao aeroporto de Brasília, o ministro foi enfático ao dizer que "claro que não" considera entregar o cargo. Ele minimizou as baixas que seu ministério sofreu ao longo da semana, mas não chegou a discutir com o presidente a demissão do ex-secretário-executivo Vicente Santini e a retirada do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), transferido para o guarda-chuva de Paulo Guedes no Ministério da Economia. Onyx reafirmou ser um "soldado" de Bolsonaro e disse estar focado na mensagem que entregará ao Congresso na abertura do ano legislativo, na segunda-feira. Neste sábado, ele tem outro encontro marcado com o presidente, desta vez em uma conversa privada, para "entender as razões" do chefe.
Pela manhã, o ministro declarou que sua missão, junto com Bolsonaro, é servir o Brasil, mas destacou que qualquer decisão cabe ao presidente, inclusive a de transferí-lo de ministério, como tem sido aventado nos bastidores do governo. No Planalto, reuniu-se com os ministros Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo — uma "ótima conversa", segundo um dos participantes. Após o almoço, foi ao Alvorada para a reunião com Bolsonaro. Lá, não foi recebido separadamente pelo presidente, que só falou com ele na presença dos demais.
Questionado pelo GLOBO sobre a conversa que terá neste sábado com Onyx, Bolsonaro respondeu por mensagem que esteve com o ministro "já na tarde de hoje", mas não se alongou. Mais cedo, ele encerrou abruptamente uma entrevista na qual falava do coronavírus ao ser indagado se o chefe da Casa Civil continua no governo. O presidente estava acompanhado dos ministros Ramos, Luiz Henrique Mandetta (Saúde), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Fernando Azevedo (Defesa).
— Bem, já que deturpou a conversa, acabou a entrevista. Obrigado, pessoal - declarou, encerrando a interação de 12 minutos com os repórteres. — Ao pessoal que tá ouvindo aqui, a entrevista tratava exclusivamente da questão do coronavírus e quando começam outras perguntas, a gente sair fora porque o que nós queremos é solução para o Brasil, e não problema — complementou, olhando para a câmera que transmitia a cena ao vivo pelo Facebook.
O Globo
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