O Palácio do Planalto informou que o presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta quarta-feira (18) a lei do programa Médicos pelo Brasil, substituto do Mais Médicos, lançado no governo de Dilma Rousseff.
Criado por meio de medida provisória assinada por Bolsonaro em agosto e aprovado por Câmara e Senado, o programa prevê o envio de profissionais a locais de difícil acesso e alta vulnerabilidade.
O programa também pretende formar médicos em medicina da família e comunidade por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
A sanção da lei que cria o Médicos pelo Brasil não constava na primeira versão da agenda desta quarta-feira do presidente. A cerimônia foi realizada no gabinete de Bolsonaro sem acesso da imprensa.
Médicos pelo Brasil terá 18 mil vagas em todo o país, com foco na atenção primária à saúde.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, informou em entrevista após a sanção da nova lei que o Mais Médicos será encerrado de forma gradativa, conforme a entrada dos profissionais no novo programa. O ministro informou que o primeiro edital de seleção deverá ser lançado em fevereiro.
“Você lança o edital, dá o prazo de inscrição, faz-se a prova, aguarda-se a correção da prova, publica-se o resultado, aguarda-se eventuais contestações do resultado. A gente imagina que isso em um tempo hábil de quatro meses é o tempo que a gente acha que, tendo bastante celeridade, a gente consegue fazer”, disse.
Seleção
A lei sancionada autoriza a criação da Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (Adaps), que será responsável pela seleção e contratação dos profissionais no programa.
Conforme o ministério, os médicos serão selecionados por meio de processo seletivo eliminatório e classificatório para duas funções diferentes:
O governo selecionará para trabalhar como médico de família e comunidade profissionais com registro no Conselho Federal de Medicina (CRM).
Os aprovados irão para unidades de saúde pré-definidas pelo ministério, onde realizarão curso de especialização em Medicina de Família e Comunidade.
Por dois anos, os médicos receberão bolsa de R$ 12 mil líquidos, com gratificação de R$ 3 mil para locais remotos (rurais e intermediários) e de R$ 6 mil adicionais para áreas indígenas e localidades ribeirinhas e fluviais.
No caso da função de tutor médico, o governo selecionará especialistas em medicina de família e comunidade ou em clínica médica, desde que tenham registro no Conselho Regional de Medicina (CRM).
Nesse caso, os aprovados serão contratados via CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e ficarão responsáveis por atender à população nas unidades de saúde e pela supervisão dos profissionais que realizam o curso de especialização.
Conforme o Ministério da Saúde, a contratação via CLT terá quatro níveis salariais, com progressão a cada três anos de participação no programa, junto com gratificação por desempenho, que poderá variar entre 11% e 30% em relação ao salário.
O primeiro nível salarial poderá chegar até a R$ 21 mil. O aumento gradativo da carreira alcançará até R$ 31 mil, valor que considera o acréscimo de gratificação por desempenho e local de difícil provimento. Os valores contemplam gratificação de R$ 1 mil mensais para quem acumular o cargo de tutor.
Médicos cubanos
Mandetta explicou que o Mais Médicos será encerrado de forma gradativa, até que seja feita seleção, formação e distribuição dos profissionais do novo programa.
A intenção foi evitar uma “desassistência” de profissionais no país durante a transição dos programas, que poderá levar de um a dois anos, na estimativa do ministro.
Segundo o Ministério da Saúde, o governo permitirá o retorno dos médicos cubanos que atuaram no Mais Médicos pelo prazo de dois anos, desde que eles cumpram uma série de requisitos, entre os quais:
Mandetta ainda disse que cerca de 2 mil profissionais cubanos que ainda atuam no país. Ele terão terão dois anos para revalidar os diplomas.
“Cubanos são admitidos por dois anos, conforme foi a votação. Durante dois anos vão ter que fazer a revalidação dos seus diplomas. Conseguindo a revalidação, estão incorporados ao sistema convencional brasileiro. Não concluindo, estão desligados”, disse Mandetta.
Revalida
Mandetta informou na entrevista que o presidente Jair Bolsonaro vetou proposta aprovada pelo Congresso, junto com a MP do Médicos pelo Brasil, que permitia a realização, também por faculdades privadas, do exame de revalidação de diplomas para médicos formados no exterior, o Revalida.
“O presidente, auscultando a categoria médica e entendendo que deve ser dever do Estado ficar com as universidades públicas, decidiu pelo veto no capítulo que diz respeito à validação do diploma por faculdades particulares”, disse.
Mandetta explicou que, pela legislação, o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida) será realizado duas vezes ao ano por universidades públicas.
A proposta vetada por Bolsonaro previa a realização do exame por instituições de educação superior públicas e privadas com curso de Medicina com avaliação 4 e 5 no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes).
Presidente do Conselho Nacional de Medicina, Mauro Ribeiro participou da cerimônia de sanção da lei e agradeceu a Bolsonaro pelo veto na questão do exame de revalidação de diplomas.
Segundo ele, o índice de aprovação no Revalida é de 4%. Ribeiro disse que a categoria é favorável ao exame, mas que profissionais brasileiros e estrangeiros formados no exterior precisam demonstrar capacitação suficiente para trabalhar no país.
"Médicos brasileiros e estrangeiros, formados no exterior, são bem-vindos, mas eles têm que mostrar conhecimento suficiente para atender a população brasileira", afirmou.
G1
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.