Operação do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF), deflagrada nesta terça-feira, tem como alvo principal o ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes , que esteve no comando do país vizinho entre agosto de 2013 a agosto do ano passado. Cartes é ligado a Dario Messer , conhecido como o "doleiro dos doleiros", preso em São Paulo em julho deste ano , após ficar 14 meses foragido como alvo da Operação Câmbio, Desligo. Eles são acusados de lavagem de dinheiro pela força-tarefa da Lava-Jato e organização criminosa. O nome de Cartes será incluído na Difusão Vermelha da Interpol.
De acordo com a investigação, cerca de US$ 20 milhões foram ocultados do esquema , sendo grande parte deles (mais de US$ 17 milhões) em um banco nas Bahamas. O restante foi distribuído no Paraguai entre doleiros, casas de câmbio, empresários, políticos e uma advogada.
Além do ex-presidente paraguaio, foram expedidos mandados de prisão contra outras 19 pessoas (17 de prisão preventiva, 3 mandados de prisão temporária) e outros 18 de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio, na ação denominada de Patron. A operação é um desdobramento da Operação Câmbio, Desligo , e acontece no Rio, em São Paulo, Búzios e em Ponta Porã (MS), na fronteira com o Paraguai. Entre os presos está a namorada de Messer, Myra de Oliveira Athayde. Ela foi presa seu apartamento, em Ipanema, zona sul do Rio.
O nome da operação se refere ao termo como Messer reverenciava Cartes, apontado pela investigação como responsável por mantê-lo escondido das autoridades paraguaias e brasileiras.
A ação desta terça-feira, que esbarra ainda em esquemas de tráfico de armas e de contrabando de cigarro ilegal, foi desencadeada a partir da prisão de Messer, em São Paulo.
Em maio do ano passado, agentes da Polícia Federal foram para as ruas para cumprir 53 mandados de prisões contra doleiros e operadores envolvidos em um esquema de lavagem de dinheiro que atingiu astronômica cifra de US$ 1,652 bilhão. A Operação "Câmbio, Desligo" foi a ação da Lava-Jato do Rio com o maior número de alvos.
Os negócios de Cartes e Messer são monitorados por diferentes agências americanas há duas décadas a partir de Assunção e de Ciudad del Este, na fronteira como Brasil. A sociedade com o ex-presidente paraguaio foi confirmada por um antigo parceiro brasileiro de Messer, Lucio Bolonha Funaro, responsável pela lavagem de dinheiro de corrupção do grupo político liderado pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-Rio).
Sócio oculto
Messer seria um sócio oculto de Cartes no Banco Amambay, atual Banco Basa, conforme indicou a Comissão Bicameral de Investigação do Congresso paraguaio, em relatório em abril do ano passado. Com sede em Assunção, o banco detém 3% do total de depósitos bancários declarados no Paraguai e nasceu da Casa de Câmbio Amambay, fundada pelo pai de Cartes, Ramón, que, em 1989, cedeu a Messer parte do controle.
Foi justamente nos anos 1990 que Messer ingressou nos negócios com dólares, graças a seu pai. Nessa época, Cartes era foragido da Justiça por evasão de divisas e foi acolhido no Rio por Mordko Messer, pai do "doleiro dos doleiros". A partir dai, estava selada a parceria de longo prazo em operações de câmbio. Além de atuar no mercado de câmbio, o ex-presidente tornou-se um milionário da área do tabaco e comandou até time de futebol. Entrou na política em 2008, pelo partido Colorado, e cinco anos depois alcançou a Presidência da República no Paraguai.
Cartes já declarou certa vez que Messer, que tem cidadania paraguaia, é seu “irmão de alma”. Enquanto governou o Paraguai, os negócios do doleiro prosperaram. Um levantamento de bens feito pelo governo paraguaio mostra que Messer construiu um patrimônio de quase US$ 100 milhões.
O Globo
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