Em reunião com prefeitos dos 62 municípios amazonenses nesta terça-feira (11/9), em Manaus, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o investimento de R$ 500 milhões para garantir a navegabilidade segura e o escoamento de insumos, para reduzir efeitos da forte estiagem que atinge a região. "A nossa principal agenda aqui no Amazonas é tratar da questão da seca e das queimadas, que levamos muito a sério. Muitas queimadas durante este período são propositais e ocorrem em propriedades privadas. Estamos enfrentando a maior seca dos últimos 40 anos", disse Lula.
"Esse fogo é criminoso. É gente que está tentando colocar fogo para destruir esse país", disse Lula, lembrando que 85% das propriedades afetadas no Pantanal são privadas, o que reforça a necessidade de uma resposta mais rigorosa às queimadas ilegais.
O evento ocorreu na sede da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e contou com uma comitiva de ministros de Estado. Para o Amazonas, foram destinados R$ 15 bilhões via Novo PAC, informou o presidente. "Até abril, foram aplicados R$ 4,2 bilhões. E não fui eu, Lula, quem decidiu as obras prioritárias para o estado. Foram o governador e os prefeitos."
“Eu não quero transformar a Amazônia num santuário da humanidade, eu quero preservar a Amazônia e, junto com a preservação, cuidar de melhorar a vida do povo que vive aqui. A gente tem é que valorizar aqueles que deixam a floresta em pé, pagando pra eles o benefício da coragem de preservar”
O anúncio trata dos editais para quatro obras de dragagens de manutenção nos rios Amazonas e Solimões. As obras integram as ações federais em resposta à pior seca enfrentada pela Amazônia em 45 anos. Serão quatro trechos de dragagem de manutenção e sinalização náutica no Amazonas. Os trechos contemplados incluem: Manaus-Itacoatiara e Coari-Codajás, além de trechos em Benjamin Constant-Tabatinga e Benjamin Constant-São Paulo de Olivença.
O orçamento empregado no combate a incêndios florestais passou de R$ 60 milhões em 2022 para R$ 89,4 milhões em 2023 e R$ 111,3 milhões em 2024. Dessa forma, há um incremento de 85,5%, na comparação com o último ano do governo de Jair Bolsonaro. O Brasil enfrenta a pior estiagem em 75 anos e, em 2024, 58% do território nacional foi afetado pela seca e em um terço do país o cenário é de seca severa.
Em nota nas redes sociais, a Secretaria de Comunicação da Presidência afirma que o Governo Federal está mobilizado para enfrentar as queimadas no país. "Além do combate às chamas, também existe o trabalho de investigação policial. Em 52 inquéritos, a Polícia Federal apura o cometimento de crimes ambientais e outros conexos, como lavagem de dinheiro, bem como possíveis ações dolosas e envolvimento de organizações criminosas", diz a Secom/PR
Ninguém será esquecido
Antes de se reunir com os prefeitos, Lula visitou comunidades ribeirinhas em Tefé. "Muita gente não compreende o esforço que fazemos para visitar uma comunidade com 19 famílias, no Amazonas. São os chamados invisíveis, aqueles que não vivem nas capitais. Vim aqui para mostrar que, neste país, ninguém será esquecido, independentemente da condição social."
Além disso, durante o evento, Lula, ao lado do ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, fez a entrega simbólica de purificadores de água para o governador do estado do Amazonas. A seca severa prejudica a logística do transporte de água para os municípios afetados pela estiagem, problema que será amenizado com a medida.
Os purificadores possuem tecnologia avançada, 100% brasileira, eficiente e de fácil manuseio. Os mesmos purificadores também foram usados para atender a população gaúcha atingida pelas enchentes no fim de abril.
Ainda como forma de prestar socorro às famílias afetadas pela seca extrema, o ministro Wellington Dias anunciou a antecipação do pagamento do Bolsa Família, para o próximo dia 17 de setembro. De acordo com o ministro, a Caixa Econômica Federal vai disponibilizar R$ 494 milhões a serem pagos a cerca de 656 mil famílias no estado do Amazonas.
Continuar a BR-319
Ainda nesta terça, Lula visitou as comunidades de São Sebastião do Curumitá e Campo Novo, no município de Tefé, e Manaquiri, em Manaus. Em visita à região, o presidente anunciou que vai definir uma política de atuação no estado do Amazonas e que quer fazer uma parceria com o estado para a retomada da construção da BR-319. "Nós queremos pactuar com o estado, nós vamos discutir a BR-319, uma estrada olhada pelo mundo. Porque nós temos consciência que quando o rio estava na metade, cheio, a rodovia não tinha a importância que tem quando o rio Madeira está vazio. E nós não podemos deixar suas capitais isoladas. Nós vamos fazer isso com a maior responsabilidade e queremos construir uma parceria de verdade", disse.
O presidente reforçou o empenho do Governo Federal contra o desmatamento e a grilagem de terra próximo à rodovia. "Nós queremos utilizar a Amazônia não como um santuário da humanidade, mas como patrimônio soberano desse país, e estudar a riqueza da biodiversidade para saber se a gente consegue fazer com que o povo indígena viva e ganhe dinheiro por conta da preservação", frisou.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, enfatizou a importância da política de desmatamento zero e a necessidade de trabalho constante para evitar que a temperatura da Terra aumente. "A cada ano é mais seca, mais chuva, muito rápido e depois a água vai embora e isso tende a se agravar. Portanto, essas comunidades são as maiores aliadas do combate à mudança do clima pelo estilo de vida que têm. As políticas de emergência são lideradas pelo ministro Waldez [Góes], mas o presidente está trabalhando também em políticas estruturantes para que a gente tenha um plano de emergência climática, para que a gente tenha mecanismos constantes de evitar que a floresta seja destruída", finalizou.
Agência Gov
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