O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (13), que a “mão invisível do mercado” agrava ainda mais a desigualdade no mundo do trabalho, disse que a igualdade salarial entre homens e mulheres ainda é uma utopia e defendeu o combate contra a pobreza. A fala foi feita durante discurso em agenda realizada na OIT (Organização Internacional do Trabalho), um braço da ONU (Organização das Nações Unidas).
“A mão invisível do mercado só agrava a desigualdade. O crescimento da produtividade não tem sido acompanhado do aumento de salários, gerando insatisfação e muita polarização. Não se pode discutir economia e finanças sem discutir emprego e renda. Precisamos de uma nova globalização, uma globalização de face humana. A justiça social e a luta contra as desigualdades são prioridades da presidência do Brasil do G20″, disse Lula.
“A desigualdade de gênero, de raça, de orientação sexual e de origem são agravantes deste cenário. Em todo mundo, as mulheres são um dos elos mais vulneráveis na cadeia do mundo do trabalho. A máxima “salário igual para trabalho igual” ainda é uma utopia. Mais de meio bilhão de mulheres em idade ativa estão fora da força de trabalho, devido à divisão desigual das responsabilidades familiares e dos cuidados”, completou.
Confira, abaixo, outros tópicos abordados por Lula:
Guerras
Em seu discurso, Lula criticou os conflitos ao redor do globo. “As guerras na Ucrânia e em Gaza e tantos outros conflitos esquecidos nos afastam desse ideal. Trabalhadores, que deveriam dedicar as suas vidas e famílias, são direcionados para a frente da batalha, de onde ninguém sabe se vai voltar e quem será o vencedor. Em 2023, o gasto com armamento subiu 7% em relação a 2022, chegando a uma soma de 2,4 trilhões de dólares”. Depois, afirmou que o mundo precisa de paz e de prosperidade. “Não de guerra”.
Inteligência artificial
Lula defendeu que a OIT, em conjunto com a ONU, faça um projeto de inteligência artificial. “E que seja do Sul-Global, para que a gente possa competir com os países mais ricos que, ao criar a inteligência artificial, tentam manipular o restante da humanidade”, relatou. O presidente aproveitou a ocasião para definir a medida. “Nada mais é do que a esperteza de umas empresas, que acumulam os dados de todos os seres humanos. E com a acumulação desses dados, sem pagar um único centavo para o povo, conseguem fazer o que estão fazendo hoje. É uma tarefa revolucionária”.
Taxação dos super-ricos
O presidente brasileiro voltou a defender a proposta de taxação dos super-ricos nos debates do G-20. “Nunca antes o mundo teve tantos bilionários. Estamos falando de 3 mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões em patrimônio. Isso representa a soma dos PIBs do Japão, da Alemanha, da Índia e do Reino Unido. É mais do que se estima ser necessário para os países em desenvolvimento lidarem com a mudança climática. A concentração de renda é tão absurda que alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais.”
Democracia
O petista fez críticas ao movimento de extrema-direita. “Não é coincidência que meu país foi investigado por violar normas desta Organização durante o governo de meu antecessor. O extremismo político ataca e silencia minorias, negligencia os mais vulneráveis e vende muita ilusão. A negação da política deixa um vácuo a ser preenchido por aventureiros que espalham a mentira e o ódio. A contestação da ordem vigente não pode ser privilégio da extrema-direita. A bandeira anti-hegemônica precisa ser recuperada pelos setores populares progressistas e democratas.”
As declarações foram dadas durante o Fórum Inaugural da Coalização para Justiça Social, realizado em Genebra, na Suíça. A Coalizão Global para a Justiça Social é copresidida por Lula e pelo diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Gilbert Houngbo. A participação trata do enfrentamento das desigualdades, da concretização de direitos trabalhistas e humanos, da expansão da capacidade e acesso aos meios produtivos e da promoção do trabalho decente.
Na Suíça, Lula vai participar ainda da cerimônia de lançamento do selo institucional 35 Anos da Obra “O Alquimista”, do escritor Paulo Coelho, e de um jantar oferecido pelo representante permanente do Brasil junto às Nações Unidas em Genebra, embaixador Tovar da Silva Nunes. Na sequência, o presidente brasileiro parte para Apúlia, na Itália, onde vai participar da Cúpula do G7, na Itália.
R7
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