O presidente Jair Bolsonaro editou nesta terça-feira (15) uma medida provisória para instituir o pagamento da 13ª parcela do programa Bolsa Família.
A assinatura aconteceu em uma cerimônia no Palácio do Planalto, da qual também participaram os ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Paulo Guedes (Economia) e Osmar Terra, além do presidente da Caixa, Pedro Guimarães.
De acordo com o Ministério da Cidadania, o pagamento da 13ª parcela do Bolsa Família deverá ser feito em dezembro e custará R$ 2,5 bilhões aos cofres públicos. Os recursos têm origem no incremento de R$ 2,58 bilhões feito ao orçamento do ministério em março.
Por se tratar de medida provisória, o ato do presidente já terá força de lei assim que publicado no "Diário Oficial da União". Para se tornar uma lei em definitivo, porém, a MP precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional, em até 120 dias.
Na prática, como a MP tem esse prazo de 120 dias, descontados os períodos de recesso, o pagamento deste ano poderá acontecer sem a análise do tema pelo Congresso. Nos anos seguintes porém, o 13º só poderá ser pago se for aprovado pela Câmara e pelo Senado.
Como a Medida Provisória tramita por 120 dias no Congresso Nacional, descontados os períodos de recesso, o pagamento neste ano deve ser feito durante a análise. Para que o 13º seja pago nos anos seguintes, a MP terá de ser aprovada na Câmara e no Senado, e sancionada como lei.
A proposta é uma das promessas de campanha de Bolsonaro e chegou a ser incluída nas metas de 100 dias do governo, mas na cerimônia de comemoração da data só houve um novo anúncio, sem a oficialização da medida.
Discurso
Durante a cerimônia desta terça-feira, Bolsonaro disse que decidiu editar a MP porque durante a campanha eleitoral do ano passado foram divulgadas "fake news" segundo as quais ele tinha a intenção de acabar com o programa.
"Houve uma tentativa bastante desesperada da oposição. Começou a pregar que nós acabaríamos com o programa Bolsa Família. [Edito a MP] para mostrar que não somos contra o programa e queremos ajudar os pobres mesmo sabendo que o bom programa social é o que mais gente sai do que entra", declarou o presidente.
Bolsa Família é para 'quem se acomoda'
Em fevereiro de 2011, o então deputado federal Jair Bolsonaro fez um discurso na Câmara dos Deputados no qual disse que o programa era uma forma de o governo "tirar dinheiro de quem produz e dá-lo a quem se acomoda".
"O Bolsa Família nada mais é do que um projeto para tirar dinheiro de quem produz e dá-lo a quem se acomoda, para que use seu título de eleitor e mantenha quem está no poder. Ou seja, quem está no poder, ao brigar por educação e pelo fim da miséria, deixará de ter votos de miseráveis. E nós devemos colocar, se não um ponto final, uma transição a projetos como o Bolsa Família", afirmou Bolsonaro à época.
Nesse mesmo discurso, Bolsonaro afirmou que, se no Brasil existisse voto facultativo, os eleitores "esclarecidos" não votariam, somente os beneficiários do Bolsa Família.
Segundo o jornal "O Globo, em 2010, Bolsonaro também afirmou que o programa tem "caráter eleitoreiro" do programa e estimula o "voto de cabresto".
"Se hoje em dia eu der R$ 10 para alguém e for acusado de que esses R$ 10 serviram para compra de voto, eu serei cassado. Agora, o governo federal (então comandado por Luiz Inácio Lula da Silva) dá para 12 milhões de famílias em torno de R$ 500 por mês, a título de Bolsa Família definitivo, e sai na frente com 30 milhões de votos. Realmente, disputar eleições num cenário desses é desanimador. É compra de votos mesmo. Que bom se o eleitor tivesse o mínimo de discernimento", afirmou Bolsonaro na ocasião.
O programa
De acordo com a Caixa Econômica Federal, o Bolsa Família atende atualmente a 13,9 milhões de famílias de baixa renda em todo o país.
São beneficiárias as famílias consideradas:
O benefício parte de R$ 89 mensais e pode receber parcelas adicionais de:
O valor total do Bolsa Família não pode ultrapassar os R$ 372 por família.
Segundo o ministro Osmar Terra, o programa chegou a beneficiar 17 milhões de famílias, mas, na opinião dele "o governo avança na área social quando, gradualmente, menos famílias dependerem de um programa como o Bolsa Família".
G1
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