O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta quinta-feira (23), no Palácio do Planalto, o presidente do Benin, Patrice Talon. Em declaração à imprensa após o encontro, Lula voltou a defender a união entre países africanos e sul-americanos, e disse que o Brasil enxerga o mundo com "lentes africanas".
A reunião com o presidente do Benin segue a estratégia de Lula de se reaproximar de países africanos, política externa que o presidente executou nos dois primeiros mandatos (2003-2010).
Talon está em visita oficial ao Brasil e foi ao Planalto acompanhado dos ministros de Negócios Estrangeiros, Olushegun Bakari; de Economia e Finanças, Romuald Wadagni; e de Agricultura, Pecuária e Pesca, Gaston Dossouhoui.
Após a reunião, os presidentes participaram de uma cerimônia de assinatura de acordos de cooperação, no Planalto. Em seguida, seguiram para o Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, onde fizeram uma declaração à imprensa e participaram de um almoço.
"Não temos a pretensão de falar por ninguém, mas somos parceiros naturais da África e também enxergamos o mundo por lentes africanas. Isso nos leva a incorporar a perspectiva do continente à nossa atuação global, como estamos fazendo na presidência do G20", disse Lula.
"O Brasil tem muito a aprender e contribuir nos debates sobre memória, restituição, reparação e reconstrução", continuou.
O presidente do Benin, Patrice Talon, afirmou que os dois países devem reforçar sua parceria e destacou que a África auxiliou no crescimento no mundo.
Talon afirmou que o país votará uma lei para conceder a nacionalidade beninense a todos os afrodescendentes que tenham interesse.
"Todos os brasileiros afrodescendentes são beninenses e isso deveria ser para eles motivo de orgulho. ... Portanto, de agora em diante, senhor presidente [Lula], o senhor será beninense também".
Apoio aos países africanos
Lula voltou a defender mudanças no mecanismos de dívidas e créditos que permitam aos países africanos mais investimentos.
O presidente voltou dizer que é necessário modificar a correlação de forças nas Nações Unidas (ONU) e disse discordar da ausência de países da América Latina e da África como membros permanentes do Conselho de Segurança.
Lula também convidou o Benin e demais países africanos a aderirem às ações que o Brasil lançará contra a fome e pela preservação de florestas. Os dois temas estão entre as prioridades do Brasil na presidência do G20, grupo que reúne países industrializados, mais União Europeia e União Africana.
Haiti
Lula reforçou o apoio do Brasil para a implementação de uma missão internacional no Haiti a fim de garantir a segurança do país. A medida foi aprovada pela ONU.
O presidente disse estar à disposição para dar apoio logístico à missão, com Quênia e Benin à frente.
O Haiti enfrenta uma grave crise política, econômica, social e de segurança, que se agravou nos últimos anos, desde que o então presidente, Jovenel Moise, foi morto a tiros em 2021, enquanto estava em sua casa, em Porto Príncipe.
"Com o Quênia e o Benin assumindo a dianteira na missão policial da ONU, reafirmamos nosso compromisso com a estabilidade e prosperidade haitianas e estamos à disposição para oferecer apoio logístico à operação", disse Lula.
"No momento em que as atenções se concentram na Ucrânia e em Gaza, não podemos deixar que o mundo se esqueça do Haiti, nem de outras tragédias humanitárias, como a do Sudão", acrescentou.
Escravidão
Talon se reuniu com Lula três meses após reabrir em Brasília a embaixada do Benin. O Brasil mantém uma embaixada no país africano na cidade de Cotonou.
Lula, em 2006, foi o primeiro presidente brasileiro a visitar o Benin. Os dois países mantêm relações diplomática desde 1961, após a nação africana, à época chamada de Daomé e colonizada por franceses, conquistar sua independência.
A relação dos países é mais antiga e remonta ao período colonial no Brasil. A República do Benin fica no território do antigo reino de Daomé, origem de um grande contingente de africanos que foram traficados e escravizadas.
Os costumes e a cultura das pessoas trazidas à força influenciaram a cultura, a culinária e a religião no Brasil. Em Salvador, por exemplo, a prefeitura mantém a Casa do Benin, espaço cultural que promove e exposições de artistas que se inspiram na arte de matriz africana.
g1 PB
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