O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca nesta quarta-feira (28) em Georgetown, capital da Guiana, onde participa como convidado do encerramento da 46ª Cúpula de Chefes de Governo da Comunidade do Caribe (Caricom). Depois, ele segue para São Vicente e Granadinas, na abertura da 8ª Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que será realizada na capital, Kingstown.
Nas agendas, o petista vai se reunir com autoridades, como outros chefes de Estado, e a viagem integra a retomada da valorização de relações com a região. A primeira agenda será na Guiana, para a cúpula da Caricom, um dos organismos de integração regional mais antigos do mundo.
"São 15 países-membros e são muito importantes, porque são coordenados, votam em conjunto em candidaturas e resoluções e representam 7% dos assentos da ONU e 40% da OEA", explica a embaixadora Gisela Padovan, que atua como secretária de América Latina do Itamaraty.
Na cúpula, a participação de Lula pode mostrar como as metas e preocupações dos países da região estão alinhadas com os temas escolhidos pelo Brasil à frente do G20, grupo que reúne as principais economias do mundo, além da retomada da importância brasileira como líder regional.
"O tema da segurança alimentar é muito importante para o Caribe, que importa a maior parte dos alimentos que consome, cerca de 80%. Tem a questão também da mudança climática. É uma região muito suscetível aos efeitos do clima. É um momento oportuno para falar sobre esses temas, e o presidente Lula foi convidado a falar sobre eles", destaca o embaixador Elio Cardoso, diretor do Departamento de México, América Central e Caribe do Itamaraty.
Essequibo e relação comercial
Ainda em Georgetown, Lula vai se reunir com o presidente da Guiana, Irfaan Ali. Um dos temas da reunião será a crise entre Guiana e Venezuela pelo território de Essequibo, disputado pelos dois países.
A relação comercial também será outra pauta do encontro. Após a descoberta recente de grandes jazidas de petróleo e gás, a economia guianense registrou crescimento recorde, de quase 400% entre 2021 e 2023 (de US$ 8 bilhões para mais de US$ 40 bilhões).
Depois, nesta quinta (29), Lula viaja para Kingstown, capital de São Vicente e Granadina, onde vai participar da abertura da cúpula da Celac.
"Essa reunião acontece em um contexto de revitalização do órgão, que após a saída do Brasil ficou paralisada por um tempo. Teremos nessa cúpula a oportunidade de fazer uma avaliação sobre os progressos que estão sendo alcançados e saber como será ampliada a cooperação daqui para frente", destacou a diretora de Integração Regional do Itamaraty, Daniela Benjamin.
A Celac foi formalmente estabelecida em 2010 e integra todos os 33 países da região latino-americana e caribenha. O organismo se dedica à promoção do diálogo político, da concertação e da cooperação regional em um conjunto amplo de temas, entre os quais segurança alimentar e energética, saúde, inclusão social, desenvolvimento sustentável, transformação digital e infraestrutura para a integração.
O governo brasileiro anunciou no ano passado o retorno como membro da Celac, após três anos de afastamento. Segundo o Itamaraty, a medida é um passo indispensável para a recomposição do patrimônio diplomático e para a plena reinserção do país ao convívio internacional.
Lula vai se reunir com outros chefes de Estado e autoridades às margens da Celac, a exemplo do encontro, de forma trilateral, com Guiana e Suriname. "As reuniões constituirão oportunidade para aprofundar o diálogo entre os países, com ênfase nas áreas de energia e integração da infraestrutura física e digital", diz o Palácio do Planalto.
O presidente brasileiro vai se encontrar também, de forma bilateral, com a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley.
O Itamaraty ainda finaliza a agenda de Lula, mas uma das reuniões será com a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley. Há chances também de um encontro entre o petista e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
R7
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