O presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) disse que não falou a palavra "Holocausto" ao criticar a atuação de de Israel na guerra contra o Hamas. Lula atribuiu a polêmica envolvendo sua crítica a uma "interpretação" do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Em viagem à Etiópia, há 10 dias, Lula disse: "O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus".
A declaração de Lula foi mal recebida pelo governo de Israel, que afirmou que o presidente desrespeitou a memória de judeus mortos pelo nazismo ao comparar a guerra em Gaza com o Holocausto.
Nesta terça-feira (27), Lula foi questionado sobre sua declaração em entrevista ao programa "É Notícia", da Rede TV, publicada pelo portal UOL.
"Primeiro que não utilizei nem a palavra Holocausto. Holocausto foi interpretação do primeiro-ministro de Israel. Não foi minha", disse o presidente.
Lula também afirmou na entrevista que mantém sua opinião sobre a guerra em Gaza. O presidente voltou a criticar a morte de mulheres e crianças palestinas.
"Eu diria a mesma coisa. É exatamente o que está acontecendo na Faixa de Gaza. A gente não pode ser hipócrita de achar que uma morte é diferente da outra. Ou seja, você não tem na Faixa de Gaza uma guerra de um exército altamente preparado contra exército altamente preparado. Você tem na verdade uma guerra de um exército altamente preparado contra mulheres e crianças", disse Lula.
O presidente relatou que já esperava que o governo de Israel recebesse mal a sua declaração, em razão das posições políticas de Netanyahu. "Eu conheço o cidadão historicamente já há algum tempo, eu sei o que ele pensa ideologicamente", disse.
Em razão de suas declarações sobre o nazismo e a Faixa de Gaza, o governo de Israel declarou Lula persona non grata no país. O embaixador brasileiro em Tel-Aviv foi convocado de volta ao país em meio à crise.
Corredor humanitário
Na entrevista desta terça-feira, o presidente reforçou as críticas à atuação do exército israelense na Faixa de Gaza.
"Você não tem na Faixa de Gaza uma guerra de um exército altamente preparado contra exército altamente preparado. Você tem na verdade uma guerra de um exército altamente preparado contra mulheres e crianças", destacou o presidente.
O presidente afirmou que o Brasil foi o primeiro país a condenar o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023, mas que não pode "condenar o gesto terrorista do Hamas e ver o estado de Israel através do seu exército, do seu primeiro-ministro, fazendo com inocente da mesma barbaridade.
"O que nós estamos clamando? Para que pare os tiroteios, que pare, que permita que tenha a chegada de alimento, remédio, de médico, enfermeiro, para que a gente tenha um corredor humanitário e tratar das pessoas", disse.
g1
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